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4 from
ASMUS
TIETCHENS
Musik Aus Der Grauzone (Auricle AMC 024) CAS.
Musik An Der Grenze (Auricle AMC 025) CAS.
Geboren, Um Zu Dienen (Discos E.G. EG.003) LP.
Zwingburgen Des Hedonismus (Multimood MRC 003) MLP.
Asmus Tietchens deve ser um dos mais inovadores e interessantes compositores/músicos na área da música electrónica experimental e tudo à volta. Se quisermos ter pontos de referência então eu acho que Conrad Schnitzler terá de ser mencionado, assim como, suponho, Peter Frohmader e Boyd Rice. Contudo, estas referências não devem ser tomadas literalmente pois a música de Asmus tem realmente um carácter que é muito só seu. Passagens de post-industrialismo alternam com atmosferas suaves e peças de um abstraccionismo gelado, apesar de trabalhos mais rítmicos e até melódicos (de um certo tipo) ocorram aqui e acolá.
As suas publicações têm sido muito prolíficas (cerca de quinze álbuns até à presente data), mas ainda assim a sua música é relativamente pouco conhecida. Esta obscuridade pode ser possivelmente devida aos seus álbuns serem editados principalmente em pequenas editora independentes, apesar de eu ter a certeza que a maioria de vocês conhecem os seus trabalhos editados na Sky e na Egg. Tlvez seja apenas porque as pessoas sejam um pouco hesitantes e dar-lhe um pouquinho da sua atenção e audição? Há toda uma riqueza de música interessante e intrigante à espera daqueles que têm ainda não lhe prestam a devida a atenção e podem fazê-lo através de algum dos álbuns que analisamos neste artigo.
Os quatro novos álbuns (bem, dois são reedições) listados acima foram todos editados nos dois últimos meses e assim podemos concluir que no presente a sua música está numa onda mais meditativa e sombria. A música contida nestes álbuns está entre a mais interessante que Asmus alguma vez fez e cada um dos discos tem muito em que nos podemos basear para os recomendar vivamente.
As duas reedições da Auricle são bem-vindas, é bom ver de novo acessíveis estes discos há muito esgotados. Ambos pareceram originalmente sob a bandeira da YHR, a etiqueta de Neumusik de David Elliot e reaparecer agora nas suas capas originais.
MUSIC AUS DER GRAUZONE (originalmente editada como YHR 019 em 1981) tem oito faixas de peças meditativas sendo ambientais obscuros. Muitas não ficariam deslocadas se utilizadas num qualquer filme surrealista. De facto, as paisagens frias, holocáusticas e desvastadas invocam-nos frequentemente na nossa mente as cenas desérticas de "Eraserhead". Uma ou duas são mais abstractas no seu carácter apeasr de na sua globalidade a aura sinistra seja mantida ao longo de todo o álbum. Não vou destacar qualquer faixa em particular porque todas são extremamente boas. A real "Música Post-Atómica"? Um álbum altamente recomendado.
MUSIK AN DER GRENZE (originalmente editado como YHR 024 em 1983) possui inclinações mais rítmicas e ligeiramente mais acessível que MUSIK AUS DER GRAUZONE. Tem duas longas faixas de cada lado. KONSTRUCT 2 é muito ao estilo de Schnitzler, rígido e clínico e apesar disso contendo um tudo nada de ar desenvolto. ELEKTRAUMA é muito rítmico e densamente estruturado com uma base de sequenciador (?) insistente utilizado com grandes resultados. O lado 2 ostenta o maravilhoso "Austria est in orbis ultimo" (Austria será o último lugar na Terra - predito por Nostradamus) aqui disfarçado sob o igualmente "pitoresco" título de KULMUSIK FUR EIN ALTES LANDLE. Esta é uma peça magnificamente hipnótica com a predição eternamente entoada numa voz que carrega a desgraça em si contra um fundo de uma música do tipo órgão de funeral quase sem som, bateria abafada, percussão de um tilintar esparso, efeitos corais etéreos e uivos. Material de arrepiar a espinha que não pode deixar de ter um efeito permanente em qualquer ouvinte. Ele tem uma devastadora e compulsiva beleza estranha associada. Este excelente álbum é rodeado com beleza pelo som de certo modo espacial da peça TITANIC que é o mais próximo do tipo de música cósmica que eu jamais ouvi Asmus produzir. Reminescente, por vezes, dos primeiros Tangerine Dream, a música por vezes flutua gentilmente e doutras atinge uma alta velocidade no seu voo através do Cosmos.
Saltamos três anos (é 1986 para aqueles que não estão a contar!) para chegarmos a GEBOREN, UM ZU DIENEN, editada pela etiqueta espanhola Discos Esplendor Geométrico. Este é um álbum de música totalmente descomprometida que exige muito do ouvinte. É composto por nove faixas que vão do 1/2 minuto aos 9 1/2 minutos. A música é dura, poderosa, alta, implacável e percorrendo uma mistura de baterias, percussão, cortes, electrónica, colagens e toda uma infinidade de sons de origem inindentificável. ZU VIELE DICKE KINDER (7'30") aparece de embate nos altifalantes transportando imagens de uma locomotiva benzida pelo inferno, troando através da noite. LANGER ANLAUF (6'17") soa como um concerto para (por?) trabalhadores de uma fundição, uma mistura densa de percussão metálica e electrónica trovejante. GLIM (6'48") é esta palavra repetida à exaustão numa voz muito assustadora contra um fundo de sons de sintetizador demoníacos e chilreados electrónico malevolentes (uma outra versão desta faixa aparece como SYSIPHOS GLIIM em MUSIK AUS DER GRAUZONE - ED.). ZWEITES MASCHINENTRAINING (9'32") é uma peça com um ritmo pesado com um motivo de bateria latejante do tipo ferro a vapor, sintetizadores a produzirem um estranho gorgolejo e electrónica dissonante. O estilo das outras faixas mais pequenas está algures entre o daquelas quatro faixas mais longas mencionadas e a impressão geral dada pelo álbum é uma das duas entre a beleza e a fealdade das máquinas e do industrialismo, dependendo do ponto de vista de cada um. A pequena faixa final DEUTSCHES KINDERLIED com o seu humor malicioso é uma pérola de sagacidade sardónica. Para ser honesto, eu não gostei deste álbum quando o ouvi pela primeira vez, mas ele acabou por vencer-me. A pequena fotografia na capa também é muito bonita.
O mini LP ZWINGBURGEN DES HEDONISMUS foi editado este ano numa edição limitada a 500 cópias e mostra-nos mais uma nova faceta da música de Asmus. Consiste apenas no tema-título, de 21 minutos e é quase música clássica moderna na forma e na estrutura. O piano é o instrumento omnipresente, com coros, e alguns efeitos "orquestrais". A peça consiste essencialmente em pequenas mudanças de motivos repetidos (quase variações) e possui uma riqueza surpreendente de coloração e tonalidade dada a natureza simplista a instrumentação e do material usado. A atmosfera geral é sombria com uns pequenos nacos de dificuldade e tensão aqui e ali. Faz-me lembrar muitas vezes Bartok mas isso será, com certeza, apenas o meu sentimento pessoal. Há também um piscar de olho na direcção de Robert Haigh / Sema. Esta é uma peça altamente prazenteira, não tendo eu a certeza se tal como a conexão com o hedonismo é de per si, mas é certamente muito agradável de ouvir.!
(MUSIK AUS DER GRAUZONE, MUSIK AN DER GRENZE e ZWINGBURGEN DES HEDONISMUS estão disponíveis a patir da Audion; GEBOREN, UM ZU DEINEN está disponível a partir dos Discos Esplendor Geométrico - ED.)
Audio #5, July 1987 - from PAGE 13 & 14 AUDION SCRAPBOOK Page 11