30.1.15

Memorabilia: Revistas / Magazines / Fanzines (21) - Ritual - Nº 11 - Maio/Junho de 1990


Ritual
Nº 11
Maio / Junho de 1990
Revista Bimestral - Liége - Bélgica (em Francês)

Ver enquadramento deste post, aqui.



Em primeiro lugar, queremos agradecer-vos pelas vossas respostas. Elas chegaram em número suficiente para nos permitir elaborar as listas abaixo, listas que podemos imaginar serem representativas dos gostos do conjunto de todos os nossos leitores.
O prometido é devido e uma trintena de ente vós (sorteados) receberão, daqui a alguns dias, um álbum, para vos recompensar pelo vosso esforço, se é que o houve.

Os Melhores Momentos Musicais de 1989

Grupos ou Artistas do Ano
1. Pixies
2. Cure
3. And Also The Trees
4. Swans
5. Stone Roses
6. Jesus & Mary Chain
7. Einstürzende Neubauten
8. Happy Mondays
    Xymox
10. Wedding Present
11. House of Love
     Ian Mc Culloch
     Nitzer Ebb
14. Dominic Sonic
15. Lenny Kravitz
     New Model Army
     Siglo XX
Sem surpresas notáveis, à excepção do quarto lugar dos Swans e da ausência dos Young Gods, New Order, My Bloody Valentine. À excepção de Sonic, os franceses fazem parte de uma categoria/lisa à parte desta. Com efeito, passámos Trisomie, la Mano, Noir Désir... ? Bom lugar de House of Love que se coloca em décimo primeiro lugar sem ter qualquer trabalho saído em 1989.

Álbuns do Ano
1. Doolittle - Pixies
2. Disintegration - The Cure
3. Farewell To The Shades - And Also The Trees
4. Automatic - Jesus & Mary Chain
5. The Stone Roses - The Stone Roses
6. The Burning World - Swans
7. Bizarro - Wedding Present
    Haus Der Luege - Einstürzende Neubauten
9. Showtime - Nitzer Ebb
10. Candleland - Ian Mc Culloch
11. Blow - Red Lorry Yellow Lorry
12. Borderline - Asylum Party
     Blood And Thunder - Neon Judgment
     Here Today, Tomorrow Next Week - Sugarcubes
15. L'Herbe Rouge - Young Gods

Singles / Maxis Do Ano
1. Can't Be Sure - Sundays
2. Lovesong - The Cure
3. Works - Trisomie 21
4. Just Like Heaven - Dinosaur JR
    Sowing The Seeds Of Love - Tears For Fears
6. Revolution - Spacemen 3
    My Lady D'Arbanville - And Also The Trees
    I Wanna Be Adored - Stone Roses
9. Pure - The Lightning Seeds
10. Barging Into The Presence Of God - Pale Saints
      Aux Sombres Héros De L'Amer - Noir Désir

Os esquecidos: Mc Culloch, New Order, Front 242, Pixies... Lugar aos Novos: Sundays, Dinosaur JR, Stone Roses, Lightning Seeds, Pale Saints. Só os Cure e And Also The Trees salvam a honra do convento.

Melhores Grupos em Palco
1. The Cure
2. Xymox
3. Litfiba
    Front 242
5. The Nits
6. Young Gods
    Wedding Present
    Noir Désir
9. My Bloody Valentine
10. Jesus & Mary Chain
11. Nick Cave
     Mano Negra
13. The Cult
     Dead Can Dance
15. Wim Mertens

Xymox?... Ah, bom. Tirar o chapéu a Litfiba, um inacreditável terceiro lugar. Décima terceira posição para os DCD.

Descobertas Do Ano
1. Collection d'Arnell-Andréa
2. The Stone Roses
3. Lenny Kravitz
4. The Sundays
5. Pixies
    Dominic Sonic
7. Young Gods
8. The Field Mice
9. Pale Saints
10. Mary Goes Round
     Lush

Collection DAA faz jus à artilharia grossa da bretanha. Os Pixies e os Young Gods são ainda esperanças? Nono lugar para os Field Mice sob a base de 2 singles, obrigado Inrock.

Grupos Belgas do Ano
1. Front 242
2. Poésie Noire
3 Arno
   Siglo XX
5. Neon Judgement
6. Casual Sanity
7. Billy & The Ep's
8. Wim Mertens
    The Paranoiacs
10. La Muerte
     Sttellla
     A Split Second
13. Minimal Compact
     Noise Gate
15. The Arch
     Parade Ground

Arno e Parade Ground mantêm-se sem ter nada editado em 1989. Lugar póstumo para os Minimal Compact. A Body está sempre lá. Parcela rock com os Paranoiacs e La Muerte. Bom lugar para Billy & The EP's

Grupos Franceses do Ano
1. Trisomie 21
2. Little Nemo
    Noir Désir
4. Asylum Party
5. Bérurier Noir
6. Les Thugs
    Mano Negra
8. Les Négresses Vertes
9. The Grief
10. Collection d'Arnell-Andréa
     Dominic Sonic
     Etienne Daho
13. Parkinson Square
     Neva
15. Les Innocents
     Jean-Louis Murat

Encontramos um pouco de tudo, desde artistas acessíveis (Négresses Vertes, Daho, Murat) que se misturam com grupos menos abordáveis (Neva, The Grief). A Touching Pop está muito ausente. Onde está Daniel Darc?

Os Melhores Momentos Musicais Da Década

Grupos ou Artistas dos Anos Oitenta
1. The Cure
2. Joy Division
3. Jesus & Mary Chain
4. The Smiths
5. Echo & The Bunnymen
6. Dead Can Dance
7. Bauhaus
8. Cocteau Twins
9. And Also The Trees
   U2
11. Sisters of Mercy
12. Sonic Youth
13. Xymox
14. Pixies
15. New Order
16. Nick Cave
     Front 242
18. Siouxsie & The Banshees
19. Einstürzende Neubauten
     Trisomie 21
21. The Mission
22. Wedding Present
      REM
24. Elvis Costello
25. Minimal Compact

Os Cure são, sem dúvida, o melhor grupo da década. Os New Order não são unânimes, ao contrário dos Joy Division que em dois anos e três álbuns se colocaram na segunda posição, culto, disseram culto? Os "Góticos" são definitivamente esquecidos (Sisters em décimo primeiro, Mission na posição 21) A parte Front, a EBM e a electrónica não são mais a receita.

Álbuns dos Anos Oitenta
1. Closer - Joy Division
2. Psychocandy - Jesus & Mary Chain
3. Faith - The Cure
4. Pornography - The Cure
5. The Queen Is Dead - The Smiths
    Medusa - Xymox
7. Heaven Up Here - Echo & The Bunnymen
8. 17 Seconds - The Cure
    Garlands - Cocteau Twins
10. First, Last And Always - Sisters of Mercy
11. Treasure - Cocteau Twins
     Doolittle - Pixies
13. 1979-1983 - Bauhaus
14. Floodland - Sisters of Mercy
15. The Smiths - The Smiths
     Ocean Rain - Echo & The Bunnymen
     Within The Realm Of A Dying Sun - Dead Can Dance
18. Hatful of Hollow - The Smiths
19. War - U2
20. The Joshua Tree - U2
     Hyena - Siouxsie & The Banshees
     Official Version - Front 242
23. London Calling - The Clash
     Tocsin - X-Mal Deutschland
25. EVD - Sonic Youth
     Fireside Favourite - Fad Gadget
     From The Lion's Mouth - The Sound

Seria impossível traçar um panorama mais completo da década. A salientar, ainda assim, as várias entradas dos Cure (ainda eles) e dos Smiths, e o excelente segundo lugar de Psychocandy.

Singles / Maxis dos Anos Oitenta
1. Love Wil Tear Us Apart - Joy Division
2. Temple of Love - Sisters of Mercy
3. Blue Monday - New Order
4. Hand In Glove - Smiths
5. Charlotte Sometimes - The Cure
6. She's In Parties - Bauhaus
    Killing Moon - Echo & The Bunnymen
    Lullabies - Cocteau Twins
9. Collapsing New People - Fad Gadget
10. Flower - Sonic Youth
     Yu Gung - Einstürzende Neubauten
12. Heaven - Psychedelic Furs
13. Incubus Sucubus II - X-Mal Deutschland

Nenhum single recente conseguiu entrar nesta categoria, já se esqueceram de Christine, Monkey's Gone To Heaven, Birthday, Mercy Seat... Ausência incompreensível de This Charming Man, dos The Smiths.

Melhores Grupos Ao Vivo
1. The Cure
2. Dead Can Dance
3. U2
4. Front 242
5. And Also The Trees
6. Xymox
7. Simple Minds
8. Siouxsie & The Banshees
9. The Cramps
    Happy Mondays
11. The Mission
      Jesus & The Mary Chain
13. Joy Division
      UT
15. Echo & The Bunnymen
     In The Nursery

E ainda e mais uma vez os The Cure que reinam verdadeiramente em toda a década. Por que não os New Order, Sugarcubes, Nick Cave... Ah sim, uma questão, quem viu os Joy Division em concerto?







27.1.15

Memorabilia: Revistas / Magazines / Fanzines (20) - Op - Nº 16 - Verão de 2005


Revista op (visões da matéria)
#16: Verão de 2005 : ano 5, 2005: 2€
60 páginas


Ver o enquadramento desta revista neste post


LCD Soundsystem
"LCD Soundsystem"
DFA / EMI, 2005




A estreia dos LCD Soundsystem em álbum foi certamente uma das mais aguardadas dos últimos anos. Como se a redefinição das novas linguagens do mais urbano rock dependesse de James Murphy e companhia... É certo que quase três anos de singles certeiros como "Losing My Edge / Beat Connection", "Give It Up", "Yeah" e "Movement", além de inúmeras excelentes remisturas como DFA, hoje autênticos hinos das mais atrevidas culturas citadinas, justificam que o álbum fosse esperado com um interesse reforçado. O que não se justifica é que ele venha a ser desvalorizado pela sua comparação com os primeiros trabalhos avulso ou pelo facto de a música da banda não ser hoje apenas do domínio de um colégio de iluminados sempre trendy, mas de um público mais alargado, capaz de esgotar salas de espectáculos. A estreia dos LCD Soundsystem em álbum (como os discos de gente como os !!! ou Tussle, entre outros) salda-se num excelenete disco, daueles que têm a capacidade de persistir e que - tal como os trabalhos de referências (e suas fontes directas de inspiração) que se estendem dos Liquid Liquid aos Gang Of Four, dos The Fall aos New Order ou dos Clash aos Talking Heads - se irá afirmar como um marco essencial num dos mais dinâmicos períodos de regeneração do rock da última década. James Murphy não hesita em confessar a sua paixão pelo disco - e sempre que um músico do rock o faz, os resultados são aliciantes (lembrem-se de John Lydon... ou dos P.I.L.).
Pedro Tenreiro






Memorabilia: Revistas / Magazines / Fanzines (19) - Op - Nº 15 - Inverno de 2004


Revista op (visões da matéria)
#15: Inverno de 2004 : ano 4, 2004: 2€
60 páginas


Ver o enquadramento desta revista neste post


O regresso dos balanços pessoais do século XX dá-se agora com as listagens de mais dois elementos da equipa da Op, Mário Lopes e Nuno Galopim

Mário Lopes
[100 discos - Fragmentos de uma discoteca caseira (semana 1 de 10/05)]
13th Floor Elevators - "The Psychedelic Sounds Of..." [International Artists, 1966]
Al Green - "Let's Stay Together" [The Right Stuff, 1972]
Alexander Skip Spence - "Oar" [Columbia, 1969]
António Variações - "Anjo Da Guarda" [Polygram, 1982]
The Beach Boys - "Pet Sounds" [Capitol, 1966]
The Beatles - "Revolver" [EMI, 1966]
The Beatles - "Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band" [EMI, 1967]
The Beatles - "White Album" [EMI, 1968]
Beck - "Odelay" [GeFFen, 1996]
Belle & Sebastian - "If You're Feeling Sinister" [Jeepster, 1996]
Black Sabbath - "Paranoid" [Warner, 1971]
Bob Dylan - "Bringing It All Back Home" [Columbia, 1965]
Bob Dylan - "Highway 61 Revisited" [Columbia]
Bob Dylan - "Blonde On Blonde" [Columbia, 1966]
Booker T & The MC'S - "Green Onions" [Stax, 1962]
Buffalo Springfield - "Again" [Atco, 1967]
The Byrds - "Younger Than Yesterday" [Columbia, 1967]
The Byrds - "The Notorious Byrd Brothers" [Columbia, 1968]
Caetano Veloso - "Caetano Veloso" [Philips, 1968]
Can - "Ege Bamyasi" [United Artists, 1972]
Captain Beefheart - "Safe As Milk" [Buddha, 1967]
The Clash - "London Calling" [Epic, 1979]
Clinic - "Internal Wrangler" [Domino, 2000]
Country Joe & The Fish - "Electric Music For The Mind And Body" [Vanguard, 1967]
The Creation - "Our Music Is Red & Purple Flashes" [Diablo, 1998]
Creedence Clearwater Revival - "Green River" [Fantasy, 1969]
Curtis Mayfield - "Curtis" [Curton, 1970]
David Bowie - "Low" [Virgin, 1977]
De La Soul - "3 Feet High And Rising" [Tommy Boy, 1989]
The Delta 72 - "The Soul Of A New Machine" [Touch & Go, 1997]
Fairport Convention - "Liege & Leaf" [A&M, 1969]
Fleetwood Mac - "Then Play On" [Reprise, 1969]
Frank Zappa - "We're Only In It For The Money" [Rykodisc, 1969]
The Fugs - "The Fugs Second Album" [ESP, 1966]
Gang Of Four - "Entertainment" [EMI, 1979]
Gorky's Zygotic Myncy - "Introducing" [Polygram, 1996]
Grateful Dead - "Aoxomoxoa" [Warner, 1969]
Iggy & The Stooges - "Raw Power" [Columbia, 1973]
The Impressions - "The Young Mods Forgotten Story" [Cutom, 1969]
The Incredible String Band - "Wee Tam & The Big Huge" [Elektra, 1968]
Isaac Hayes - "Hot Buttered Soul" [Stax, 1969]
Jacques Brel - "Olympia 64" [Polydor, 1964]
James Brown - "Sex Machine" [Polydor, 1970]
Jefferson Airplane - "After Bathing At Baxter's" [RCA, 1968]
The Jesus & Mary Chain - "Psychocandy" [Warner, 1985]
Jimi Hendrix - "Axis: Bold As Love" [MCA, 1967]
John Coltrane - "A Love Supreme" [Impulse, 1964]
John Lee Hooker - "Jack O'Diamonds: 1949 Recordings" [Eagle, 2004]
John Martyn - "Solid Air" [Island, 1973]
Joy Division - "Unknown Pleasures" [Factory, 1979]
The Kinks - "The Village Green Preservation Society" [Reprise, 1968]
The LA's - "The LA's" [Go! Discs, 1990]
Led Zeppelin - "II" [Atlantic, 1969]
Lee Hazlewood - "Trouble Is A Lonesome Town" [Mercury, 1963]
Love - "Forever Changes" [Elektra, 1967]
Lou Reed - "Transformer" [RCA, 1972]
The Make Up - "Save Yourself" [K Records, 1999]
Marvin Gaye - "In The Groove" [Motown, 1968]
Marvin Gaye - "What's Going On" [Motown, 1971]
MC5 - "Kick Out The Jams" [Elektra, 1968]
Michael Jackson - "Off The Wall" [Epic, 1979]
Os Mutantes - "Os Mutantes" [Polydor, 1968]
Neil Young - "After The Goldrush2 [Reprise, 1970]
Nick Drake - "Five Leaves Left" [Hannibal, 1969]
Nirvana - "In Utero" [GeFFen, 1993]
Olivia Tremor Control - "Dusk At Cubist Castle" [Flydaddy, 1996]
Orange Juice - "You Can't Hide Your Love Forever" [Polydor, 1982]
Otis Reding - "Otis Blue" [Atco, 1966]
Pink Floyd - "The Piper At The Gates Of Dawn" [Harvest, 1967]
Primal Scream - "Screamadelica" [Sire, 1991]
Prince - "Sign 'O' Times" [Paysley Park, 1987]
Public Enemy - "It Takes A Nation Of Millions To Hold Us Back" [DeF Jam, 1988]
Robert Johnson - "The Complete Recordings" [Columbia, 1990]
The Rolling Stones - "Aftermath" [ABCKO, 1966]
The Rolling Stones - "Exile On Main Street" [Virgin, 1972]
Sam Cooke - "Ain't That Good News" [RCA, 1964]
Scott Walker - "Scott Two" [Fontana, 1968]
Serge Gainsbourg - "Initials BB" [Polygram, 1968]
Sly & The Family Stone - "Stand!" [Epic, 1979]
Sly & The Family Stone - "There's A Riot Goin' On" [Epic, 1972]
The Smiths - "The Smiths" [Sire, 1984]
The Soft Boys - "Underwater Moonlight" [Rykodisc, 1980]
The Soft Machine - "The Soft Machine Vol. 1" [MCA, 1968]
The Sonics - "Introducing The Sonics" [Jerden, 1966]
Spiritualized - "Ladies And Gentlemen We Are Floating In Space" [Arista, 1997]
Stevie Wonder - "Intervisions" [Motown, 1973]
The Stone Roses - "The Stone Roses" [Silverstone, 1989]
Syd Barrett - "The Madcap Laughs" [Harvest, 1970]
T. Rex - "Electric Warrior" [Reprise, 1971]
Talking Heads - "77" [Sire, 1977]
Television - "Marquee Moon" [Elektra, 1977]
Temptations - "Psychedelic Shack" [Motown, 1970]
Tomorrow - "Tomorrow" [Decca, 1968]
Van Morrison - "Astral Weeks" [Warner, 1968]
V/A - "Nuggets: Original Artyfacts From The First Psychedelic Era 1965-1968" [Rhino, 1998]
The Velvet Underground - "The Velvet Underground & Nico" [Verve, 1967]
The Velvet Underground - "White Light / White Heat" [Verve, 1967]
The White Stripes - "De Stijl" [Sympathy For The Record Industry, 2000]
The Who - "Live At Leeds" [MCA, 1970]
Wilson Pickett - "The Exciting Wilson Picket" [Atlantic, 1966]

Nuno Galopim
[Stop Making Sense - Ou uma possível lista pessoal, definida a gosto, a 5 de Outubro de 2005. A 6, seria certamente diferente. E por aí adiante...]
Beach Boys - "Pet Sounds" [Capitol, 1966]
The Beatles - "Magical Mistery Tour" [EMI, 1967]
Love - "Forever Changes" [Elektra, 1967]
Jacques Brel - "Ces Gens Lá" [Barclay, 1967]
The Rolling Stones - "Their Satanic Majestie's Request" [ABCKO, 1967]
Pink Floyd - "The Piper At The Gates Of Dawn" [Harvest, 1967]
Doors - "Strange Days" [Elektra, 1968]
Nick Drake - "Five Leaves Left" [Island, 1969]
Scott Walker - "Scott 3" [Fontana, 1969]
Amália Rodrigues - "Com Que Voz" [Columbia, 1970]
José Mário Branco - "Mudam-se Os Tempos Mudam-se As Vontades" [Guilda Da Música, 1971]
Serge Gainsbourg - "L'Histoire De Melody Nelson" [Philips, 1971]
T-Rex - "Electric Warrior" [A&M, 1971]
Walter Carlos - "Clockwork Orange" [CBS, 1972]
Roxy Music - "Roxy Music" [EG, 1972]
Lou Reed - "Berlin" [RCA, 1973]
Sparks - "Kimono In My House" [Island, 1974]
Brian Eno - "Another Green World" [EG Records, 1975]
Patti Smith - "Horses" [Arista, 1975]
Abba - "Arrival" [Polydor, 1976]
David Bowie - "Low" [RCA, 1977]
Kraftwerk - "The Man Machine" [EMI, 1978]
Sérgio Godinho - "Pano Cru" [Orfeu, 1978]
Tom Waits - "Blue Valentine" [Elektra, 1978]
Adam And The Ants - "Dirk Wears White Sox" [CBS, 1979]
The B-52's" - "The B-52's" [Island, 1979]
Marianne Faithful - "Broken English" [Island, 1979]
Buggles - "The Age Of Plastic" [Island, 1980]
Joy Division - "Closer" [Factory, 1980]
Lene Lovich - "Flex" [Stiff, 1980]
Visage - "Visage" [Polydor, 1980]
Ultravox - "Vienna" [Chrysalis, 1980]
Duran Duran - "Duran Duran" [EMI, 1981]
Teardrop Explodes - "Wilder" [Island, 1981]
The Human League - "Dare" [Virgin, 1981]
Japan - "Tin Drum" [Virgin, 1981]
Heróis Do Mar - "Heróis Do Mar" [Philips, 1981]
Bauhaus - "Mask" [Beggars Banquet, 1981]
Soft Cell - "Non-Stop Electric Cabaret" [Some Bizarre, 1981]
The Sound - "From The Lion's Mouth" [Korova, 1981]
Heaven 17 - "Penthouse And Pavement" [Virgin, 1981]
Klaus Nomi - "Klaus Nomi" [RCA, 1981]
Street Kids - "Trauma" [Vadeca, 1982]
Laurie Anderson - "Big Science" [Warner Records, 1982]
Yazoo - "Upstairs At Eric's" [Mute, 1982]
Associates - "Sulk" [Elektra, 1982]
António Variações - "Anjo Da Guard" [Valentim De Carvalho, 1983]
New Order - "Power, Corruption And Lies" [Factory, 1983]
Tlaking Heads - "Stop Making Sense" [EMI, 1983]
Tears For Fears - "The Hurting" [Mercury, 1983]
Bronski Beat - "The Age Of Consent" [London, 1984]
Echo & The Bunnymen - "Ocean Rain" [Korova, 1984]
The Art Of Noise - "Who's Afraid Of The Art Of Noise?" [ZTT, 1984]
Prefab Sprout - "Steve McQueen" [Kitchenware, 1985]
The Jesus & Mary Chain - "Psychocandy" [Blanco Y Negro]
GNR - "Os Homens Não Se Querem Bonitos" [EMI, 1985]
Scritti Politti - "Cupid + Psyche '85" [Virgin, 1985]
Prince - "Around The World In A Day" [Paisley Park, 1985]
Love And Rockets - "Seventh Dream Of Teenage Heaven" [Beggars Banquet, 1985]
Philip Glass - "Songs From Liquid Days" [CBS, 1986]
This Mortal Coil - "Filigree And Shadow" [4AD, 1986]
The Smiths - "Strangeways Here We Come" [Rough Trade, 1987]
David Sylvian - "Secrets Of The Beehive" [Virgin, 1987]
Front 242 - "Front By Front" [Les Editions Confidentielles, 1988]
Sétima Legião - "Mar D'Outubro" [EMI, 1988]
Dead Can Dance - "The Serpent's Egg" [4AD, 1988]
Momus - "Don't Stop The Night" [Creation, 1989]
The Stone Roses - "The Stone Roses" [Silvertone, 1989]
De La Soul - "3 Feet High And Rising" [Tommy Boy, 1989]
Pixies - "Doolittle" [4AD, 1989]
Depeche Mode - "Violator" [Mute, 1990]
Dee-Lite - "World Clique" [Elektra, 1990]
Pet Shop Boys - "Behaviour" [Parlophone, 1990]
The KLF - "The White Room" [KLF Communications, 1990]
Dream Warriors - "And Now The Legacy Begins" [4th And Broadway, 1990]
Ryuichi Sakamoto - "Beauty" [Virgin, 1990]
Massive Attack - "Blue Lines" [Circa, 1991]
Bill Pritchard - "Jolie" [PIAS, 1991]
The Legendary Pink Dots - "The Maria Dimension" [PIAS, 1991]
Primal Scream - "Screamadelica" [Creation, 1991]
The Disposable Heroes Of Hiphoprisy - "Hipocrisy Is The Greatest Luxury" [4th And Broadway, 1992]
Björk - "Debut" [One Little Indian, 1993]
Leslie Winer - "Witch" [Transglobal Records, 1993]
Pizzicato Five - "Made In USA" [Matador, 1994]
David Bowie - "Outside" [BMG, 1995]
Pop Dell' Arte - "Sex Symbol" [Polygram, 1995]
Portishead - "Dummy" [Go! Discs, 1994]
Três Tristes Tigres - "Guia Espiritual" [EMI, 1996]
David Byrne - "Feelings" [Luaka Bop, 1997]
Yann Tiersen - "Le Phare" [Labels, 1997]
Mafalda Arnauth - "Mafalda Arnauth" [EMI, 1998]
Air - "Moon Safari" [Virgin, 1998]
Divine Comedy - "Fin De Siècle" [Setanta, 1998]
Beck - "Mutations" [Geffen, 1998]
Madonna - "Ray Of Light" [Warner, 1998]
Amon Tobin - "Permutations" [Ninja Tune, 1998]
Mercury Rev - Deserter's Songs" [V2, 1998]
Blur - "13" [Food, 1999]
Magnetic Fields - "69 Love Songs" [Circus Music, 2000]
Radiohead - "Kid A" [Parlophone, 2000]






Memorabilia: Revistas / Magazines / Fanzines (18) - Op - Nº 14 - Outono de 2004


Revista op (visões da matéria)
#14: Outono de 2004 : ano 4, 2004: 2€
60 páginas


Ver o enquadramento desta revista neste post


A série "séc XX: 100 anos / 100 discos" continua, por agora com as listas de um dos nossos jazz experts, Ivo Martins, e de um dos grandes divulgadores musicais portugueses, o DJ e radialista Rui Vargas.

Rui Vargas
[Free pop]
4 Hero - "Two Pages" [Talkin' Loud, 1998]
808 State - "Pacific State" [ZTT, 1989]*
A Guy Called Gerald - "Voodoo Ray [Warlock, 1988]*
Air - "Moon Safari" [Virgin, 1998]
Aretha Franklin - "I Say A Little Prayer" [Atlantic, 1969]
Augustus Pablo - "King Tubby Meets Rockers Uptown" [Yard, 1975]
Aztec Mystic - "Knights Of The Jaguar" [Underground Resistance, 1999]
Basement Jaxx - "Remedy" [XL, 1999]
Basic Channel - "Basic Channel" [Basic Channel, 1996]
Beach Boys - "Pet Sounds" [Capitol, 1966]
Beck - "Odelay" [GeFFen, 1996]
Billie Holiday - "Quintessential Billie Holiday" [Columbia, 1936]
Bjork - "Debut" [Elektra, 1993]
Bob Marley - "Legend" [TuFF Gong, 1984]
Brian Eno & David Byrne - "My Life In The Bush Of Ghosts" [Sire, 1981]
Caetano Veloso - "Estrangeiro [Elektra, 1989]
Curtis Mayfield - "Superfly" [Curtow, 1972]
Daft Punk - "Homework [Virgin, 1997]
David Bowie - "Scary Monsters" [Virgin, 1980]
De La Soul - "3 Feet High And Rising" [Tommy Boy, 1989]
Dee-Lite - "World Clique" [Elektra, 1990]
Depeche Mode - "Violator" [Sire, 1990]
Dinosaur L - "Go Bang!" [Sleeping Bag, 1982]*
DJ Shadow - "Entroducing" [Mo'Wax, 1996]
Donna Summer - "I Feel Love [Patrick Cowley Mix]" [Casablanca, 1982]
Echo & The Bunnymen - "Heaven Up Here" [Sire, 1981]
Elvis Presley - "In The Ghetto" [RCA, 1969]*
ESG - "A South Bronx Story" [Soul Jazz, 2000]
Grace Jones - "Nightclubbing" [Island, 1981]
Grandmaster Flash & The Furious Five - "The Message" [Sugarhill, 1982]
Happy Mondays - "Pills n' Thrills & Bellyaches" [Factory, 1990]
Herbert - "Around The House" - [Phonography, 1998]
Inner City - "Paradise" [10 Records, 1989]
James Brown - "(Get Up I Feel Like Being A) Sex Machine" [King, 1970]*
Jeff Buckley - "Grace" [Columbia, 1994]
Jill Scott - "Who Is Jill Scott? Words And Sound Vol.1" [Hidden Beach, 2000]
Joy Division - "Atmosphere" [Factory, 1980]*
Kraftwerk - "The Man-Machine" [Capitol, 1978]
Kruder & Dorfmeister - "K & D Sessions" [K7, 1998]
Leftfield - "Leftism" [Columbia, 1995]
Lil Louis - "From The Mind Of Lil'Louis" [Epic, 1989]
Linton Kwesi Johnson - "Making History" [Mango, 1984]
Madonna - "Immaculate Collection" [Sire, 1990]
Manu Dibango - "Soul Makossa" [Unidisc, 1978]*
Manuel Göttsching - "E2-E4" [Racket, 1984]
Marvin Gaye - "What's Going On" [Motown, 1971]
Massive Attack - "Blue Lines" [Virgin, 1991]
Michael Jackson - "Thriller" [Epic, 1982]
Miles Davis - "Kind Of Blue" [Columbia, 1959]
Missy Misdeneanour Elliot - "Supa Dupa Fly" [Elektra, 1997]
Moodymann - "A Silent Introduction" [Planet E, 1997]
Mr. Fingers - "Can U Feel It" [Trax, 1986]*
My Bloody Valentine - "Soon [Andrew Weatherall Remix]" [Creation, 1990]*
New Order - "Blue Monday" [Factory, 1983]*
Nina Simone - "Anthology" [RCA, 2003]
Nirvana - "Nevermind" [GeFFen, 1991]
Nuyorican Soul - "Nervous Track" [Nervous Records, 1993]*
Outkast - "Stankonia" [La Face, 2000]
Pascal Rogé - "Satie - 3 Gymnopédies, 6 Gnossienes, etc." [Decca, 1984]*
Phuture - "Acid Tracks" [Trax, 1987]*
Pop Dell' Arte - "Free Pop" [Ama Romanta, 1987]
Portishead - "Dummy" [Go! Discs, 1994]
Primal Scream - "Screamadelica" [Sire, 1991]
Prince - "Sign 'o' The Times" [Paisley Park, 1987]
Propaganda - "A Secret Wish" [Island, 1985]
Public Enemy - "It Takes A Nation Of Millions To Hold Us Back" [Def Jam, 1988]
Radiohead - "OK Computer" [Capitol, 1997]
Red Hot Chilli Peppers - "Bloodsugarsex magic" [Warner, 1991]
R.E.M. - "Automatic For The People" [Warner, 1992]
Rhythm Is Rhythm - "Strings Of Life" [Transwat, 1987]*
Robert Omens - "I'll Be Your Friend" [Perfecto, 1991]*
Robert Wyatt - "Shipbuilding" [Rough Trade, 1982]*
Roni Size / Reprazent - "New Forms" [Talkin' Loud, 1997]
Run DMC - "Raising Hell" [Profile, 1986]
Sabres Of Paradise - "Smokebelch II" [Sabres Of Paradise, 1993]
Screamin' Jay Hawkins - "I Put A Spell On You" [Okeh, 1956]*
Serge Gainsbourg - "Bonnie & Clyde" [Philips, 1968]*
Smiths - "How Soon Is Now?" [Rough Trade, 1985]*
Soft Cell - "Non-Stop Erotic Cabaret" [Sire, 1981]
Sonic Youth - "Evol" [GeFFen, 1986]
Soul II Soul - "Club Classics vol. I" [10 Records, 1989]
Stereo MC's - "Connected" [Gee Street, 1992]
Stevie Wonder - "Innervisions" [Motown, 1973]
Stone Roses - "Fools Gold" [Silvertone, 1989]*
Sugarhill Gang - "Rappers Delight" [Philips, 1979]*
Suicide - "Suicide" [Red Star, 1977]
Talking Heads - "Remain In Light" [Sire, 1980]
Temptations - "Papa Was A Rolling Stone" [Tamla Motown, 1972]*
Ten City - "That's The Way Love Is [Steve Silk Hurley Remix)" [Atlantic, 1989]
The B-52's - "The B-52's" [Warner, 1979]
The Clash - "Sandinista!" [Epic, 1980]
The Cure - "Faith" [Fiction, 1981]
The KLF - "Chill Out" [Wax Trax!, 1990]
The Orb - "Adventures Beyond The Ultraworld" [Island, 1991]
The Specials - "Ghost Town" [2 Tone / Chrysalis, 1981]*
The Verve - "Urban Hymns" [Virgin, 1997]
Tom Waits - "Swordfishtrombones" [Island, 1983]
Underworld - "Dubno basswithmyheadman" [Junior's Boys Own, 1993]
Velvet Underground - "Velvet Underground And Nico" [Verve, 1967]
Young Marble Giants - "Colossal Youth" [Rough Trade, 1980]
* singles

Ivo Martins
[Os 100 discos que mais ouvi nos últimos 30 anos]
Alan Rawsthorne - "Concerto For 10 Instruments; Sonatina Fro Flute, Oboe And Piano; Quintet For Clarinet, Horn, Violin, Cello And Piano; Suite For Flute, Viola And Harp; Quintet For Oboe, Clarinet, Horn, Bassoon And Piano" [ASV Digital, 1999]
Albert Ayler / Don Cherry / John Tchicai / Roswell Rudd / Gary Peacock / Sonny Murray - "New York Eye And Ear Control" [Base Records, 1966]
Alexander Knaifel - "Svete Tikhiy" [ECM, 2002]
Alexander Von Schlipencah Trio - "Pakistan Pomade" [Atavistic, reed., 2002]
Anne Sofie Von Otter / Bengt Forsberg - "Rendez-Vous With Korngold" [Deutsche Grammophon, 1994]
Anne Sofie Von Otter / Wiener Philarmoniker / Claudio Abado - "Alban Berg - Seven Early Songs, Wine, Three Pieces For Orchestra" [Deutsche Grammophon, 1995]
Anthony Davis - 2Undine" [Gramavision, 1987]
António Carlos Jobim / Elis Regina - "Elis & Tom" [Verve, 1974]
Archie Shepp - "Life At The Donaueschinngen Music Festival" [MPS, 1967]
Archie Shepp - "Mama Rose" [Enja, 1982]
Art Ensemble Of Chicago - "Fanfare For The Warriors" [Atlantic, 1974]
Art Ensemble Of Chicago - "Nice Guys" [ECM, 1979]
Art Pepper - "Straight Life" [Galaxy, 1979]
Arvo Part - "Tabula Rasa" [ECM, 1984]
Bill Evans - "You Must Believe In Spring" [Warner, 1981]
Bill Frissell - "Lookout For Hope" [ECM, 1988]
Chet Baker - 2Summertime" [Artists House, 1980]
Chet Baker - "The Touch Of Your Lips" [SteepleChase, 1979]
Chick Corea - "Inner Space" [Atlantic, 1974]
Chris Chalfant - "All In Good Time" [C. ChalFant Music, 1997]
Clusone Trio - "I Am An Indian" [Gramavision, 1994]
Codona - "Codona" [ECM, 1979]
David Holland 4tet - "Conference Of The Birds" [ECM, 1973]
David Distrakh / Czech Philarmonic Orchestra / Jiri Tomasek / Prague Radio Symphony Orchestra - "Shostakovich - Violin Concerts, Nº 1 Op. 77, Nº 2 Op. 129" [Le Chant Du Monde, 1994]
Dexter Gordon - "Go" [Blue Note, 1979]
Don Cherry / Dewey Redman / Charlie Haden / Eddie Blackwell - "Old And New Dreams" [Black Saint, 1977]
Don Cherry / Dewey Redman / Charlie Haden / Ed Blackwell - "Old And New Dreams" [Playing, ECM, 1981]
Edward Vesala - "Ode To The Death Of Jazz" [ECM, 1990]
Eric Dolphy - "Berlin Concerts, Vols. 1 & 2" [Enja, 1961]
Eric Dolphy - "Out To Lunch" [Blue Note, 1964]
Gavin Bryars - "Jesus Blood Never Failed Me Yet" [Point Music, 1993]
Gavin Bryars - "The Sinking Of The Titanic" [Point Music, 1994]
Gil Evans & The Monday Night Orchestra - "Live At Sweet Basil, Vols. 1 & 2 [Electric Bird, 1984]
Glenn Gould - "Bach - Goldberg Variations" [Sony, 1981]
Greg Bendian's Interzone - "Requiem For Jack Kirby" [Atavistic, 2001]
Hagen Quartet - 2Shostakovich - Streichquartette Nºs 4 - 11 - 14, String Quartets" [Deutsche Grammophon, 1995]
Hal Wilner - "Weird Nightmare, Meditations On Mingus" [CBS, 1992]
Heiner Goebbels / Heiner Muller - "Der Mann Im Fahrsthul" [ECM, 1988]
Herbert Von Karajan - "Webern - Passacaglia; Schöenberg - Variations op. 31; Berg - 3 Pieces From 'Lyric Suite', 3 Pieces For Orchestra op. 6" [Deutsche Grammophon, reed. 1999]
Italian Instable Oschestra - "Previsione Del Tempo" [IM print, 2002]
Jaco Pastorius - "Jaco" [Epic, 1976]
Jaco Pastorius - "Word Of Mouth" [Warner, 1981]
Jim Hall - "Commitment" [AM, 1976]
Jimi Hendrix - "Are You Experienced?" [Polydor, 1967]
Jimmy Giuffre - "Free Fall" [CBS, 1963]
Jimmy Giufre - 2Western Suite" [Atlantic, 1958]
Joe Henderson - "Black Miracle" [Milestones, 1975]
Joe Henderson - "In 'n Out" [Blue Note, 1964]
John Coltrane - "Blue Train" [Blue Note, 1957]
John Coltrane - "My Favorite Things" [Atlantic, 1960]
John Zorn - "Cobra" [Hat Now Series, 1991]
John Zorn - "The Big Gundown" [Nonesuch, 19890]
John Zorn / George Lewis / Bill Frisell - "News For Lulu" [Hat Jazz Series, 1990]
Jon Jang - "Two Flowers On A Stem" [Soul Note, 1996]
Julius Hemphill Big Band - "Julius Hemphill Big Band" [Elektra, 1988]
Jürg Solothrunmann - "A Deeper Season Than Reason, [Alive] According To E. E. Cummings" [Unit Records, s/d]
Keith Jarrett - "Ruta + Daitya" [ECM, 1973]
Kenny Wheeler - "Music For Large & Small Ensembles" [ECM, 1990]
Kim Bak Dinitzen - "Britten - Complete Works For Cello" [Kontra Punkt, 1992]
Leon Fleisher / Joseph Silverstein / Jaine Laredo / Yo-Yo Na - "Korngold - Suite For 2 Violins, Cello & Piano Left Hand, Op. 23; Franz Schmidt - Quintet In G Major For 2 Violins, Viola, Cello & Piano Left Hand" [Sony, 1998]
Lee Konitz Nonet - "Yes, Yes, Nonet" [SteepleChase, 1979]
Lester Bowie - "The Great Pretender" [ECM, 1981]
Mahavishnu Orchestra - "Birds Of Fire" [CBS, 1973]
Marc Johnson's Bass Desires - "Second Sight" [ECM, 1987]
Marianne Posseur / Ensemble Musique Oblique - "Schöenberg - Pierrot Lunaire" [Harmonia Mundi, 1992]
Max Roach Double Quartet - "Bright Moments" [Soul Note, 1987]
Michael Brecker - "Michael Becker" [Impulse, 1987]
Miles Davis - "Bitches Brew" [CBS, 1970]
Miles Davis - "In A Silent Way" [CBS, 1969]
Miles Davis - "Kind Of Blue" [CBS, 1959]
Mitsuko Uchida / Pierre Boulez / Cleveland Orchestra - "Arnold Schöenberg - Piano Concert, Three Piano Pieces, Six Little Piano Pieces; Anton Webern - Variations, Op. 27; Alban Berg - Piano Sonata, op.1" [Philips, 2001]
Muhal Richard Abrams - "One Line, Two Views" [New World Records, 1995]
NRG Ensemble - "Calling All Mothers" [Uinnah Records, 1994]
Ornette Coleman - "Body Meta" [Artist House, 1976]
Ornette Coleman - "Dancing In Your Heads" [A&M Records, 1975]
Ornette Coleman - "In All Languages" [Caravan Of Dreams, 1987]
Pat Metheny - "Song X" [GeFFen, 1986]
Paul Bley Trio - "Closer" [Base Record, 1966]
Peter Erskine - "Transition" [Passport, 1986]
Philip Glass - "Hydrogen Jukebox" [Electra, 1993]
Red Garland - "Crossings" [Galaxy Records, 1978]
Simon H. Fell - "Composition nº 30, Compilation III For Improvisers, Big Band And Chamber Ensemble" [Bruce's Fingers, 1998]
Sonny Fortune - "Awakening" [AM, 1975]
Sonny Rollins And The Contemporary Leaders - "Sonny Rollins And The Contemporary Leaders" [Contemporary Records, 1959]
Sonny Sharrock Band - "Asked The Ages" [Axiom, 1991]
Sun Ra - "The Magic City" [Impulse, 1973]
Thad Jones / Mel Lewis & Manuel De Sica And Jazz Orchestra - "Thad Jones / Mel Lewis & Manuel de Sica And Jazz Orchestra" [Pausa, 1973]
Thelonious Monk - "Brilliance" [Milestone, 1975]
The Instant Composers Pool - "30 Years" [edição limitada de autor, Livro/CD, 1997]
The Now Orchestra - "Wowow" [Spool, 1997]
Tom Waits - "One From The Heart" [CBS, 1982]
Tony Scott - "African Bird Come Back! Mother Africa - To The Spirit Of Charlie Parker" [Soul Note, 1984]
Uri Caine - "Toys" [JMT, 1995]
Valentin Silvestrov - "Symphony Nº 5, Postludium" [Sony, 1996]
Vandermark 5 - "Target Or Flag" [Atavistic, 1998]
Wayne Horvitz / Butch Morris / Robert Previte - "Todos Santos" [Sound Aspects, 1988]
Wayne Horvitz - "This New Generation" [Elektra Music, 1987]
Weather Report - "Tale Spin" [CBS, 1975]
Yasuaki Shinizu & Saxophonettes - "Bach - Cello Suites 1, 2 & 3" [Victor Entertainment Inc., 1996]
Zoot Sims - "Hawthorne House" [Pablo, 1976]



A Grande Ilusão

Before And After Brian Eno

Em 1995, a Microsoft lança para o mercado o seu primeiro sistema operativo da era multimédia, numa séria tentativa de morder verdadeiramente os calcanhares aos concorrentes Macintosh.
Brian Eno é, simbolicamente, o escolhido para sintetizar num breve instante wave a saudação do Windows 95 aos seus utentes - um par de segundos tão rico quanto desnecessário. Em 1978, em pleno auge do no wave, Eno compila "No New York", um disco demonstrativo e referenciável para entendermos parte da energia fugaz do movimento pré/pós-pumk nova-iorquino. James Chance, DNA, Mars e Teenage Jesus and the Jerks formaram os seleccionados por Eno para legar um ponto de partida ao movimento ou, quando muito, para apenas ficarmos com o instante possível de algo demasiado intenso para se prolongar no tempo. Hoje, quase 30 anos depois, recupera-se a música, mas também a suprema arte de estar no sítio certo na altura certa. Eno possuía essa qualidade quase ubíqua de se posicionar na linha da frente com a sua música e com a dos outros. Era assim em 1978, foi em 1995 e em mais uma boa mão cheia de oportunidades - Eno no momento oportuno, executando as suas estratégias oblíquas dentro da música contemporânea, movimentando e criando novas peças de um jogo demasiado grandioso para compreendermos em todo o seu fulgor.
Para uma história superficial da música, Eno representa paradoxalmente a figura menos óbvia de todas: a de esteta fundador da música ambiental moderna, o autor de "Music For Airports". Eis agora o melhor modo de retocarmos alguns pontos soltos e voltar a colocar Eno no panorama da pop - música pop para a qual contribuiu decisivamente nos dois primeiros álbuns dos Roxy Music. Depois, fruto de conflitos internos, Brian Eno decidiu desligar-se do grupo e construir sozinho e pausadamente a sua cartilha de canções. Apesar do longo caminho percorrido entre estes quatro discos que agora encontraram uma reedição cuidada (apenas remexendo o que era importante: o som), todos os álbuns fazem parte de um trajecto apenas, uma contínua busca feita de ideias fixas e resolutas convicções.
"Here Comes The Warm Jets" é a primeira declaração de princípios e a apresentação do Brian Eno pós-amizade de Bryan Ferry. Fúria eléctrica, velocidade de ponta, espasmos e convulsões ainda com trejeitos de glam recalcado. Humor corrosivo e surreal de quem quer chamar a atenção ("Baby's On Fire"); a manipulação como arte final ("Driving Me Backwards"); Eno anunciando Flying Lizards ("Dead Finks Don't Talk"). Está simultaneamente com um pé no seu passado e outro no futuro; e é talvez por isso mesmo que será apenas no segundo passo que a obra-prima nasce, no final de 1974 - "Taking Tiger Mountain (By Strategy)". E daqui até à consumação final, com "Another Green World" (1975) e "Before And After Science" (1977), foi um grande pequeno passo. Mais conquistas, mais cenários plausíveis, mais gritos e mais silêncios e sobretudo muitas canções que ainda hoje fazem todo o sentido serem apelidados como clássicas. As estranhas emulsões de produções e as incontáveis horas de estúdio projectaram Eno para o futuro e não há quase nada nos dois últimos discos que nos agarre às décadas que já passaram - tal como a sua música de ambientes, de filmes, de aeroportos, tal como a sua conceptualização do quarto mundo com Jon Hassell. Mesmo nos momentos esforçados, houve sempre um sopro de agitada criatividade.
Com estes quatro discos, Eno legou ao mundo quatro pedras fundamentais e incontornáveis para a vanguarda da pop que são, simultaneamente, contínuas fases de maturação e evolução da canção enquanto forma acabada, do estúdio como ferramenta principal de trabalho, de exemplos definitivos sobre a colaboração e o aproveitamento das artes de outros músicos. Todas estas peças juntas demonstram a modernidade, a vanguarda dentro dos limites, a rebeldia controlada, a necessidade suprema de romper com dogmas e criar novas actualizações. A eterna reciclagem estética deste novo século obriga-nos a uma constante confusão temporal; as obras ganham réplicas e venerações, o presente ganha uma duplicidade de referências que nos destrói a ordem natural das coisas. Talvez se percam para sempre estes pontos fixos de referência, mas, em contrapartida, a fruição encarrega-nos da nova legitimidade temporal. É assim o papel das obras-primas: eternamente influenciadoras e construtivas. 30 anos depois da sua verdadeira contribuição histórica, Brian Eno volta a ser contemporâneo e moderno, demonstrando uma qualidade que, afinal, para muitas gerações, nunca esteve em dúvida.

Nota: Já com edição internacional, mas ainda sem confirmação e data marcadas para o mercado português, também alguns dos álbuns ambientais de Brian Eno vêem agora a luz do dia, devidamente recuperados, remasterizados e reembalados. Hipótese, portanto, de reavaliar outras ondas de choque e consequentes revoluções. "Discreet Music" (1975), "Ambient 1: Music For Airports" (1978), "Ambient 2: The Plateaux Of Mirror" (1980) e "Ambient 4: On Land" (1982) reformularam conceitos para uma nova música ambiental, assente no silêncio e numa ideia alrgada de espaço e tempo, como uma nova música contemporânea erudita. Recuperando as lições da vanguarda americana - dos drones de Pauline Oliveros ao repetitivismo de Reich -, Brian Eno conseguiu elaborar delicadas paisagens sonoras que flutuam em imponderabilidade perfeita entre a brisa ligeira da genial indiferença e o subtil engodo da atraente intelectualidade. Algo tão simples e complexo, tão aparentemente invisível, foi mais um dos golpes criativos de Eno que duraraiam uma eternidade. E fica a faltar "Fourth World, vol. 1 - Possible Musics", outra das suas milagrosas invenções de modernidade, agora na companhia de outro ilustre: Jon Hassell.

BRIAN ENO
"Here Comes The Warm Jets"
"Taking Tiger Mountain (By Strategy)"
"Another Green World"
"Before And After Science"
todos Virgin / EMI-VC, reed. 2004

Pedro Santos




24.1.15

Memorabilia: Revistas / Magazines / Fanzines (17) - Op - Nº 12 - 2003


Revista op (visões da matéria)
#12: Come rain or come shine: ano 3, 2003: 2€
60 páginas


Ver o enquadramento desta revista neste post


sec XX: 100 anos / 100 discos
O programador, divulgador e teórico Rui Neves e o nosso colaborador Adolfo Luxúria Canibal, são mais dois nomes fundamentais da música em Portugal que compõem, em exclusivo para estas páginas, a lista dos seus 100 discos do séc. XX

Rui Neves
Air - "Air Time"
Albert Ayler - "Spiritual Unity"
Alexander Von Schlippenbach - "Smoke"
Anthony Braxton - "For Alto"
Archie Shepp - "New York Contemporary Five"
Art Ensemble Of Chicago - "Urban Bushmen"
Arthur Blythe - "Lenox Avenue Breakdown"
The Beatles - "Revolver"
Bill Dixon Orchestra - "Intents And Purposes"
Bobby Previte - "Empty Suites"
Carla Bley - "Dinner Music"
Captain Beefheart & His Magic Band - "Trout Mask Replica"
Cecil Taylor - "Winged Serpent (Sliding Quadrants)"
Charles Mingus - "Mingus Ah Um"
Charles Mingus - "The Black Saint And The Sinner Lady"
Chick Corea - "The Song Of Singing"
The Cream - "Disraeli Gears"
Count Basie - "The Original American Decca Recordings"
Dave Holland - "Conference Of The Birds"
David S. Ware - "Godspellized"
Derek Bailey - "Domestic & Public Pieces"
Derek Bailey / Pat Metheny / Greg Bendian / Paul Wertico - "The Sign Of Four"
Don Cherry Quintet - "Togetherness"
Don Cherry / Nana Vasconcelos / Colin Walcott - "Codona"
Don Ellis - "Electric Bath"
Dollar Brand - "African Piano"
Duke Ellington - "Black, Brown And Beige"
Earl Hines - "Earl Hines Collection: Piano Solos 1928-1940"
Edward Vesala - "Ode To The Death Of Jazz"
Eric Dolphy - "Outo To Lunch"
Evan Parker - "Monoceros"
Evan Parker Electro.Acoustic Ensemble - "Toward The Margins"
Frank Zappa - "Hot Rats"
George Russell - "Ezz-thetics"
Giorgio Gaslini - "Nuovi Sentimenti"
Gil Evans - "Out Of The Cool"
Globe Unity Orchestra - "20th Anniversary"
Grateful Dead - "Aoxomoxoa"
Hal Russell - "The Finnish / Swiss Tour"
Herbie Hanckock - "Maiden Voyage"
Horace Tapscott - "The Dark Tree"
Jan Garbarek - "Afric Pepperbird"
James Blood ulmer - "Odissey"
Jerry Granelli - "A Song I Thought I Heard Buddy Sing"
Jethro Tull - "This Was"
Jim Hall - "Textures"
Jimi Hendrix Experience - "Electric Ladyland"
Jimmy Giuffre - "1961"
Jimmy Giuffre - "Free Fall"
John Carter - "Castles of Ghana"
John Coltrane - "Ascension"
John Coltrane - "Interstellar Space"
John MacLaughling - "Extrapolation"
John Surman - Where Fortune Smiles"
John Surman / Barre Phillips / Stu Martin - "The Trio"
John Zorn - "Naked City"
John Zorn - "The Big Gundown"
Julius Hemphill - "Dogon AD"
Karlheinz Stockhausen - "Hymnen"
Karlheinz Stockhausen - "Stimmung"
Keith Jarrettt - "Facing You"
Led Zeppelin - "Led Zeppelin"
Lenny Tristano - "The Complete Lenny Tristano"
London Jazz Composers Orchestra - "Ode"
Louis Armstrong - "Hot Fives & Sevens"
Luciano Berio - "Sequenzas"
Luigi Nono - "Prometeu"
Marion Brown - "Sweet Earth Flying"
Max Rocah - "We Insist! Freedom Now Suite"
Mike Westbrook- "Metropolis"
Michel Portal - "Dejarme Solo!"
Michael Waisvisz - "Stradivarius"
Miles Davis - "Bitches Brew"
Miles Davis - "Jack Johnson"
Muhal Richard Abrams - "One Line, Two Views"
The Nice - "The Thoughts Of Emerlist Davjack"
Ornette Coleman - "Crisis"
Ornette Coleman Double Quartet - "Free Jazz"
Pat Metheny / Ornette Coleman - "Song X"
Paul Bley - "Open To Love"
Pete Brown And His Battered Ornaments - "A Meal You Can Shake Hands With In The Dark"
Peter Brötzmann - "Machine Gun"
Philip Glass - "Einstein On The Beach"
Pierre Boulez - "Réponds"
Pink Floyd - "A Saucerful Of Secrets"
Ralph Towner - "Solstice"
The Rolling Stones - "Aftermath"
Sonny Sharrock - "Guitar"
Soft Machine - "Third"
Steve Reich - "Drumming"
Sun Ra - "The Magic City"
Terry Riley - "In C"
Thelonius Monk - "Brilliant Corners"
Tomasz Stanko - "Litania"
Tony Oxley - "The Baptized Traveller"
Wayne Shorter - "Speak No Evil"
Weather Report - "I Sing The Body Electric"
World Saxophone Quartet - "Dances And Ballads"
Young Marble Giants - "Colossal Youth"

Adolfo Luxúria Canibal
100 discos para os primeiros 25 anos de pop/rock
Elvis Presley - "Elvis Presley" (1956)
The Animals - "The Animals" (1964)
Bob Dylan - "Highway 61 Revisited" (1965)
The Byrds - "Mr. Tambourine Man" (1965)
The Pretty Things - "The Pretty Things" (1965)
The 13th Floor Elevators - "The 13th Floor Elevators" (1966)
The Beach Boys - "Pet Sounds" (1966)
The Beatles - "Revolver" (1966)
Bob Dylan - "Blonde On Blonde" (1966)
The Rolling Stones - "Aftermath" (1966)
The Who - "My Generation" (1966)
The Beatles - "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band" (1967)
The Doors - "The Doors" (1967)
The Jimi Hendrix Experience - "Are You Experienced?" (1967)
The Jimi Hendrix Experience - "Axis: Bold As Love" (1967)
Jefferson Airplane - "After Bathing At Baxters" (1967)
Love - "Forever Changes" (1967)
Nico - "Chelsea Girl" (1967)
Pink Floyd - "The Piper At The Gates Of Dawn" (1967)
Tim Buckley - "Goodbye And Hello" (1967)
The Velvet Underground - "The Velvet Underground & Nico" (1967)
The Beatles - "The Beatles" (1968)
Big Brother & The Holding Company - "Cheap Thrills" (1968)
The Jimi Hendrix Experience - "Electric Ladyland" (1968)
The Kinks - "Are The Village Green Preservation Society" (1968)
Leonard Cohen - "The Songs Of Leonard Cohen" (1968)
The Mothers Of Invention - "We're Only In It For The Money" (1968)
The Rolling Stones - "Beggar's Banquet" (1968)
Van Morrison - "Astral Weeks" (1968)
The Velvet Underground - "White Light / White Heat" (1968)
Captain Beefheart & His Magic Band - "Trout Mask Replica" (1969)
The Grateful Dead - "Live Dead" (1969)
King Crimson - "In The Court Of The Crimson King" (1969)
Led Zeppelin - "II" (1969)
The Mothers Of Invention - "Uncle Meat" (1969)
Nico - "The Marble Index" (1969)
Quicksilver Messenger Service - "Happy Trails" (1969)
The Stooges - "The Stooges" (1969)
Jimi Hendrix - "Band Of Gypsys" (1970)
MC5 - "Back In The USA" (1970)
Neil Young - "After The Goldrush" (1970)
Nick Drake - "Five Leaves Left" (1970)
Spirit - "Twelve Dreams Of Dr Sardonicus" (1970)
The Stooges - "Fun House" (1970)
Syd Barrett - "The Madcap Laughs" (1970)
The Velvet Underground - "Loaded" (1970)
Can - "Tago Mago" (1971)
The Doors - "LA Woman" (1971)
Led Zeppelin - "IV" (1971)
Leonard Cohen - "Songs Of Love & Hate" (1971)
Marvin Gaye - "What's Going On" (1971)
The Rolling Stones - "Sticky Fingers" (1971)
T Rex - "Electric Warrior" (1971)
The Who - "Who's Next" (1971)
Big Star - "#1 Record" (1972)
Captain Beefheart & His Magic Band - "The Spotlight Kid" (1972)
David Bowie - "The Rise And Fall Of Ziggy Stardust And The Spiders From Mars" (1972)
Kevin Coyne - "Marjory Razor Blade" (1972)
Lou Reed - "Transformer" (1972)
Neil Young - "Harvest" (1972)
The Rolling Stones - "Exile On Main Street" (1972)
Roxy Music - "Roxy Music" (1972)
Iggy & The Stooges - "Raw Power" (1973)
John Cale - "Paris 1919" (1973)
Lou Reed - "Berlin" (1973)
The New York Dolls - "The New York Dolls" (1973)
John Cale - "Fear" (1974)
King Crimson - "Red" (1974)
Robert Wyatt - "Rock Bottom" (1974)
Patti Smith - "Horses" (1975)
The Residents - "The Third Reich 'n' Roll" (1975)
The Modern Lovers - "The Modern Lovers" (1976)
The Ramones - "The Ramones" (1976)
Brian Eno - "Before And After Science" (1977)
The Clash - "The Clash" (1977)
David Bowie - "Heroes" (1977)
Iggy Pop - "The Idiot" (1977)
Kraftwerk - "Trans Europe Express" (1977)
The Saints - "(I'm) Stranded" (1977)
The Sex Pistols - "Never Mind The Bollocks" (1977)
David Bowie - "Low" (1977)
Television - "Marquee Moon" (1977)
Wire - "Pink Flag" (1977)
Blondie - "Parallel Lines" (1978)
The Buzzcocks - "Another Music I A Different Kitchen" (1978)
Elvis Costello - "This Year's Model" (1978)
Kraftwerk - "The Man Machine" (1978)
Magazine - "Real Life" (1978)
Pere Ubu - "The Modern Dance" (1978)
Siouxsie & The Banshees - "The Scream" (1978)
The Stranglers - "Black & White" (1978)
Suicide - "Suicide" (1978)
Tom Waits - "Blue Valentine" (1978)
The Clash - "London Calling" (1979)
Joy Division - " Unknown Pleasures" (1979)
Marianne Faithfull - "Broken English" (1979)
Neil Young & Crazy Horse - "Rust Never Sleeps" (1979)
Public Image Ltd - "Second Edition" (1979)
Joy Division - "Closer" (1980)




16.1.15

Memorabilia: Revistas / Magazines / Fanzines (16) - Op - Nº 9 - Outono de 2002


Revista op (visões da matéria)
#9: Raindrops keep falin' on my head: ano 2, 2002: 2€
60 páginas


Ver o enquadramento desta revista neste post


The Raincoats
"The Kitchen Tapes"
Roir / Megamúsica, 2002




As Raincoats da portuguesa Ana da Silva foram um dos mais emblemáticos grupos da ressaca pós-punk londrina e figuras de proa da idade de ouro da histórica Rough Trade. "Odishape" e "Moving" são álbuns essenciais e documentos indispensáveis dum tempo em que o do-it-yourself e a livre iniciativa nos deixaram os seus mais artísticos e marcantes momentos e legados como o dos Young Marble Giants, David Thomas e, claro, os seus Pere Ubu, Eyeless In Gaza, Five Or Six, Rip Rig And Panic, Scritti Politti (de "Songs To Remember") ou The Felt (de "Crambling The Anticeptic Beauty"), entre muitos outros. "The Kitchen Tapes" consiste na gravação de um concerto histórico na sala nova iorquina em finais de 1982 e que originalmente apenas fora editado em cassete no ano seguinte. Pela primeira vez em CD, "The Kitchen Tapes" é um disco essencial para todos os apaixonados da banda, feito de repertório dos seus primeiros dois excelentes álbuns de originais, agora com a alma acrescida dos grandes momentos "live", com uma dinâmica e uma orgânica absolutamente desarmantes. Obrigatório.
Pedro Tenreiro

sec.XX: 100 anos/100 discos
Ricardo Saló, radialista e divulgador musical de excepção, e os Major Eléctrico, o colectivo dos portugueses com um perfil mais singular, são os nossos convidados neste que é o último capítulo da série "séc XX: 100 anos/100 discos" em 2002.

Ricardo Saló
(Um quarto pop com vista)
Miles Davis - "The Birth Of Cool"
Ella Fitzgerald - "The Cole Porter Songbook"
Miles Davis - "Kind Of Blue"
Charlie Mingus - "Ah Um"
Oliver Nelson - "The Blues And The Abstract Truth"
John Coltrane - "Giant Steps"
John Coltrane - "Live At Birdland"
Eric Dolphy - "Out To Lunch"
Sonny Rollins - "Alfie"
Dionne Warwick - 2The Original Soul Of Dionne Warwick"
Phil Spector - "Back To Mono"
Beach Boys - " Pet Sounds"
Jimi Hendrix Experience - "Are You Experienced?"
Captain Beefheart And His Magic Band - "Trout Mask Replica"
Dr. John - "Gris Gris"
The Band - "Music From The Big Pink"
Miles Davis - "In A Silent Way"
Sly And The Family Stone - "There's A Riot Going On"
Bobby Hutcherson - "San Francisco"
Alice Coltrane - "Plaah The El Daoud"
Marvin Gaye - "What's Going On"
Archie Shepp - "Attica Blues"
David Holland Qaurtet - "Conference Of The Birds"
Can - "Tago Mago"
Captain Beefheart And His Magic Band - "Clear Spot"
Roxy Music - "For Your Pleasure"
Funkadelic - "America Eats Its Young"
James Brown - "The Payback"
Milton Nascimento - "Milagre dos Peixes"
Edie Harris - "I Need Some Money"
Parliament - "Mothership Connection"
Gil Scott-Heron And Brian Jackson - "The First Minute Of A New Day"
Curtis Mayfield - "There's No Place Like America Today"
Brian Eno - "Another Green World"
Burning Spear - "Marcus Gravey"
Harold Budd - "The Pavilion Of Dreams"
Dr. Buzzard's Original Savannah Band - "Dr. Buzzard's Original Savannah Band"
Kraftwerk - "Trans Europe Express"
Steely Dan - "Aja"
Pere Ubu - "Dub Housing"
Burning Spear - "Social Living"
Chic - "Risqué"
Public Image Limited - "Second Edition"
Holger Czukay - "Movies"
The B-52's - "The B-52's"
Suicide - "Suicide"
The Feelies - "Crazy Rhythms"
Young Marble Giants - "Colossal Youth"
Linton Kwesi Johnson" - "Bass Culture"
Fela Kuti & Afrika 70 - "Coffin For Head Of State"
Curtis Mayfield - "Something To Believe In"
Flying Lizards - "Flying Lizards"
Grace Jones - "Nightclubbing"
Tom Tom Club - "Tom Tom Club"
A Certain Ratio - "Sextet"
Rip Rig + Panic - "God"
Laurie Anderson - "Big Science"
Marvin Gaye - "Midnight Love"
King Sunny Adé And His African Beats - "Juju Music"
Tom Waits - "Swordfishtrombones"
Arvo Part - "Tabula Rasa"
Blue Nile - "A Walk Across The Rooftops"
Special A.K.A. - "In The Studio"
Sade - "Diamond Life"
Violent Femmes - "Hallowed Ground"
Ray Lema - "Medecine"
Prince And The Revolution - "Parade"
Anita Baker - "Rapture"
Sonic Youth - "Evol"
Steve Reich - "Sextet / Six Marimbas"
Lee Scratch Perry & Dub Syndicate - "Time Boom x De Devil Dead"
Salif Keita - "Soro"
Eric B. & Rakim - "Paid In Full"
Public Enemy - "It Takes A Nation Of Millions To Hold Us Back"
Sun Ra - "Out There A Minute"
Ambitious Lovers - "Greed"
Wire - "A Bell Is A Cup Until It Is Struck"
De La Soul - "3 Feet High And Rising"
Soul II Soul - "Club Classics Vol. 1"
Massive Attack - "Blue Lines"
A Tribe Called Quest - "The Low End Theory"
Material - "The Third Power"
The Disposables Heroes Of Hiphoprisy" - Hypocrisy Is The Greatest Luxury"
Youssou N'Dour - "Eyes Open"
United Future Organization - "United Future Organization"
Jon Hassell And Bluescreen - "Dressing For Pleasure"
Sandals - "Rite To Silence"
MC 900 Ft. Jesus - "Welcome To My Dream"
V/A - "Headz: A Soundtrack Of Experimental Hip Hop Jams"
St Germain - "Boulevard"
Cool Breeze - "Assimilation"
Nightmares On Wax - "Smokers Delight"
Karma - "Pad Sounds"
Sylk 130 - "When The Funk Hits The Fan"
Rockers Hi Fi - "Overproof"
Waiwan - "Distraction"
Crazy Penis - "A Nice Hot Bath With Crazy Penis"
The Cinematic Orchestra - "Motion"
Tosca - "Suzuki"
Chari Chari - "Spring To Summer"


Major Eléctrico
(Outros 100)
Atom Heart - "Bass"
Atom Heart - "Silver Sound"
Autechre - "Incunabula"
Autechre - "Tri-repetae"
Basement Jaxx - Rooty"
Bauhaus - "The Sky's Gone Out"
Biota - "Tumble"
Bourbonese Qualk - "Unpop"
Bow Wow Wow - "Orinal Recordings"
Brujeria - "Matando Güeros"
Buggles - "The Age Of Plastic"
Cabaret Voltaire - "Micro-phonies"
Carl Stone - "Mom's"
Chicks On Speed - "Will Save Us All"
Clan Of Xymox - "Clan Of Xymox"
Clock DVA - "Buried Dreams"
Coil - "Horse Rotorvator"
Coil - "Love's Secret Domain"
Dat Politics - "Plugs Plus"
Datacide - "Ondas"
David Sylvian & Holger Czukay - 2Flux & Mutability"
Detroit Grand Pubhas - "Funk All Y'All"
ESG - "Step Off"
Farmers Manual - "Exploders_We"
Frank Bretschneider - "Curve"
Front 242 - "Official Version"
Front Line Assembly - "Corrosion"
Future Sound Of London - "Isdn"
General Magic - "Franz"
Genf - "Import / Export"
Hafler Trio "Fuck"
Heaven 17 - "Penthouse And Pavement"
Holger Hiller - "Oben Im Eck"
Hula - "Cut From Inside"
Hula - "Voice"
Human League - "Dare"
In The Nursery - "Twins"
John Moran - "The Manson Family"
John Wall - "Gravity"
Jon Hassell - "City: Works Of Fiction"
Kraftwerk - "Die Mensch-Maschine"
Lassigue Bendthaus - "Matter"
Liars - "Theyy Threw Us In A Trench And Stuck A Monument On Top"
Love & Rockets - "Seventh Dream Of Teenage Heaven"
Love Inc - "Life's A Gas"
Low Res - "Blue Ramen"
Luomo - "Vocalcity"
MC 900 Ft. Jesus - "One Step Ahead Of The Spider"
Missing Brazilians - "Warzone"
Monolake - "Interstate"
Morgan Geist Presents Environ - "Into A Separate Space"
Mouse On Mars - "Autoditacker"
Muslimgauze - "Zul'm"
New Order - "Movement"
Nocturnal Emissions - "Invocation Of The Beast Gods"
Nuno Canavarro - "Plux Quba"
O Yuki Conjugate - "Into Dark Water"
Orchester 33 1/3 - "Orchester 33 1/3"
Oval - "94 Diskont"
Panasonic - "Vakio"
Paul Schütze - "Deus Ex Machina"
Paul Schütze - "Site Anubis"
Perennial Divide - "Purge"
Playgroup - "Playgroup"
Pluramon - "Render Bandits"
Pole - "2"
Prefuse 73 - "Vocal Studies + Uprock Narratives"
Princess Tinymeat - "Her Story"
Radian - "Tg11"
Recoil - "1+2"
Ryoji Ikeda - "+/-"
Scratch Pet Land - "Solo Soli iiiii"
Shinjuku Thief - "The Scribbler"
Shriekback - "Oil And Gold"
Skinny Puppy - "Cleanse, Fold & Manipulate"
SND - "Makesnd Cassette"
Sonic Youth - "Evol"
Squarepusher - "Feed Me Weird Things"
Steve Reich - "Music For 18 Musicians"
Stewart Walker - "Stabiles"
Stump - "A Fierce Pancake"
Super_Collider - "Head On"
Talk Talk - "Laughing Stock"
Tear Garden - "Tired Eyes Slowly Burning"
Terre Thaemlitz - "Interstices"
Terre Thaemlitz - "Love For Sale"
Test Department - "The Unacceptable Face Of Freedom"
To Rococo Rot - "Veiculo"
Tone Rec - "Pholcus"
Tones On Tail - "Pop"
Tortoise - "Millions Now Living Will Never Die"
Two Lone Swordsmen - "The Fifth Mission"
Ultra Red - "Second Nature"
Vladislav Delay - "Multila"
Wabi Sabi - "Wabi Sabi"
Wagon Christ - "Throbbing Pouch"
Wolfgang Press - "Standing Up Straight"
XTC - "Explode Together - The Dub Experiments 1978-80"
Young Marble Giants - "Colossal Youth"
Zoviet France - "Shouting At The Ground"




11.1.15

Memorabilia: Revistas / Magazines / Fanzines (15) - Op - Nº 4 - Outono de 2001


Revista op (visões da matéria)
#4: autumn leaves: ano 1, 2001: distribuição gratuita
60 páginas


Ver o enquadramento desta revista neste post



 Einstürzende Neubauten"1991 - 2001": Strategies Against Architecture III"
Rough Trade / Zona Música, 2001
Einstürzende Neubauten
"Berlin Babylon (Original Soundtrack)"
Reihe EGO / Zona Música, 2001
 



Estrategas de uma arquitectura sonora ímpar, não é de estranhar que os berlineneses Einstürzende Neubauten tenham pautado a sua carreira pelo delinear de estratégias próprias contra a arquitectura musical reinante. Foi, aliás, sobe este propósito que a obra do colectivo multi-cultural sempre se orientou, como têm vindo a revelar os espontâneos capítulos auto-biográficos de "Strategies Against Architecture", retratos da prolífera arte de Bargeld, Hacke, Unruh, Einheit e companheiros, que agora atingem o volume terceiro. No primeiro capítulo, três anos chegaram para revelar os E.N.; no segundo volume, já foram seis os anos compilados; pois este terceiro sumário parte do trabalho de uma década para redescobrir 28 momentos imprescindíveis de uma forma peculiar de entender a música como arte e sonorizar a dicotomia destruição/criação. Se ao fim dos primeiros e já documentados anos a destruição parecia consumada, esta nova década aqui relembrada vem confirmar os Einstürzende Neubauten como construtores de uma nova musicalidade, alterando saudavelmente a máxima para "nada se destrói, tudo se transforma". Não deixa, entretanto, de se revestir de curiosidade a coincidência (ou talvez não) da edição da banda sonora do documentário "Berlin Babylon", sobre a nova arquitectura da cidade de Berlim do pós-guerra Fria. Entendeu o realizador Hubertus Siegert encomendar aos arquitectos-músicos a melodia da nova Babilónia berlinense, permitindo aos E.N. um raro e irreverente modelo da música para vr. Não terá sido por mero acaso que o tema desta BSO escolhido para figurar em "Strategies Against Architecture III" tenha sido "Architektur Ist Geiselnahme", apesar de aqui se navegar por entre Beethoven e Walter Benjamin. Lançados os dados, resultam dois álbuns que se completam inesperadamente num único molde: o da mestria subtil e melódica com que os Einstürzende Neubauten dominam o Ruído e o Silêncio, estados aparentemente criados para diversão destes geniais revolucionários.
Ricardo Sérgio.







10.1.15

Memorabilia: Revistas / Magazines / Fanzines (14) - Op - Nº 1 - Primavera de 2001


Revista op (visões da matéria)
#1: a sagração da primavera: ano 1, 2001: distribuição gratuita
60 páginas


A revista Op publicou-se nos anos iniciais do novo milénio e era uma revista em papel brilhante, sobretudo com artigos de fundo sobre música (mais sobre novas tendências - electrónica, house, tecno e suas origens - funk, etc.), contendo também muitas ilustrações e artigos e fotos relacionadas com a moda. No entanto, nas suas últimas páginas era comum a inserção de cerca de uma vintena ou mais recensões sobre os novos discos que iam saindo. Ficam aqui os primeiros exemplos.




Mouse On Mars
"Instrumentals"
Sonig / Ananana, 2000
As verdadeiras noites marcianas começam aqui. E têm como banda sonora as faixas sónicas propostas pela dupla Andi Toma e Jan St. Werner (a.k.a. Mouse On Mars), que concebeu e construiu esta série de "Instrumentals" entre 1995 e 1997. Nascidos para ilustrar colectâneas e lados B, os sete episódios deste soberbo exercício de estilo primam sobretudo pela elegância electrónica e mecânica e menos pela sustentação melódica das "canções". Mas isso não torna este "Instrumentals" menos audível, menos dançável, menos agradável. Pelo contrário, apenas celebra o primado da música sobre as máquinas. E que música delas sai...
Ricardo Sérgio

Pan Sonic
"Aaltopiiri"
Blast First / Zona Música, 2001
Como um sistema semiótico, a música do duo Pan Sonic promove a ordenação do caos como via para a compreensão do mundo. E fá-lo através de uma codificação exclusiva (agora mais perto da musique concrete de Pierre Henry do que do cruzamento crepuscular de techno minimal com Suicide de álbuns anteriores) que asocia estética e matemática, sustentados por uma semia que é a linguagem da electrónica pela electrónica. O som nunca foi mais (im)puro.
Bruno Bènard-Guedes





6.1.15

Memorabilia: Revistas / Magazines / Fanzines (13) - Mondo Bizarre - Nº 17 - Novembro de 2003


Mondo Bizarre
Nº17
Novembro de 2003 (80 páginas)
Revista Trimestral - Portugal

Prosseguindo com a divulgação da Mondo Bizarre...

A apresentação deste fanzine / magazine / revista já foi feito neste post.

Desta vez ficamos com uma entrevista aos Loosers.

Este número é muito rico e, entre outras coisas (se quiserem ter acesso a alguma(s) dela(s), é só apitar por email), contava também com:
. Johnny Cash 1932 -2003 (artigo + discografia seleccionada)
. X-Wife - Electrónica de Garagem (entrevista)
. Matmos - Micrografias Sónicas (entrevista)
. Animal Collective - Ou Neve, Tanto Faz... (entrevista)
. The Silver Mt. Zion Memorial Orchestra & Tra-La-La Band With Choir - Este É O Punk Rock Deles (entrevista)
. Stealing Orchestra - Uma Orqeustra Na Twilight Zone (entrevista)
. Crammed Discs - Para Acabar De Vez Com Os Anos 80 (artigo)



LOOSERS

Números, Cigarros e Disco

Primeiro foi o passa palavra. Depois, um pequeno sururu. Em seguida, o nome Loosers transbordou para fora do limitado círculo de eleitos que acompanha as vanguardas e as últimas sensações. Depois um punhado de concertos electrizantes, os Loosers, trio sediado em Lisboa, edita "6 Songs EP", disco que se revela um falso EP. Tiago Miranda (Voz, sintetizadores) e Rui Dâmaso (baixo) levantam a ponta do véu.

. O vosso nome intrigou-me e tenho uma teoria acerca dele. Como sabem, os computadores não abarcam a derrota pois são feitos de 0 e 1. Não existem sinais negativos. Enquanto que o ser humano tem essa capacidade. Era essa a vossa ideia ao escolherem o nome?
TM - Sabes que este "Loosers" não é o loser comum da falha. É o intermédio entre um e outro. É mais oo desleixe e o relaxe. Mas nunca foi nada pensado, filosófico. Sabes foi tipo... havia propostas... mas como qualquer nome de banda quando as pessoas se reúnem para escolher, cada um trouxe um nome e depois saiu...
RD - Andamos imenso tempo a brincar com isso... com nomes...
TM - Tipo... Blazers, Lazers, Loosers... e ficou.
. Lançaram o "6 Songs EP" com 6 canções e três de bónus. Porquê a denominação EP e não álbum?
TM - A ideia desde o princípio era gravar um EP e pouco mais que isso. Mas depois batalhamos um pouco, mas sempre nos chateamos por não registarmos as coisas. Mesmo gravando os ensaios havia sempre temas que ficavam de fora e de que nós gostávamos muito e tínhamos pena de não editar. E esses três temas são o exemplo disso, entre muitos outros. Entre várias que ficaram gravadas de ensaios, uma foi mesmo retirada de um ensaio, sem grande captação, através de uma câmara de vídeo. E como esse temos outros, temos ensaios completos. Temos álbuns inteiros feitos aí e não nos desagrada por inteiro o tipo de som.
RD - Foram retalhos que nós quisemos aproveitar. O som da sala de ensaio...
TM - Não é uma afirmação tipo "estávamo-nos a cagar para o estúdio". Mas queremos mesmo dar isso ao público. Pois isso faz parte do espírito. De como as coisas surgem para nós. Em termos de gravação e criação. Porque nos ajuda a fazer coisas. Pois ouvimos e vemos o que gostamos ou não.
. Como é que surgiram realmente os Loosers? Algumas pessoas sabem que o Tiago é DJ na Discoteca Lux, que faz (fazia?) parte dos Pop Dell'Arte. Mas em relação ao resto da banda existe um desconhecimento quase total para o público em geral.
TM - Esse trabalho que temos extra-banda acho que tem muita relevância. É tão importante eu ser DJ, como o Rui trabalhar no Teatro Nacional ou o outro elemento não ter emprego.
RD - Nós já tocamos há muito tempo juntos, fosse em outros projectos, mas sempre tivemos afinidades uns com os outros. Mas Loosers é recente, apareceu de repente.
TM - Mas querias saber como surgiu?
. Sim. Como aparecem os Loosers.
TM - Eu não sou de Lisboa, vim para cá há 10 anos e para aí na segunda ou terceira noite conheci-os, e no dia seguinte fomos tocar juntos. E desde aí fomos tocando juntos, sempre a partilhar esta vontade de fazer coisas.
RD - Loosers veio na sequência de umas alterações que houve na banda, na formação. Um vocalista que tínhamos foi-se embora... e nós queríamos sempre continuar. E às tantas surgiu isto. E isto surge numa certa descontracção, este som... quase sem rótulos.
. Pelo que dá para perceber a vivência nocturna influenciou a vossa postura e até a ligação entre os elementos. Como foi chegar ao ponto de terem alguns temas e...
RD - Não houve um trabalho para atingir. Numa altura decidimos mudar. Tomámos uma decisão e mudámos. Eu passei a tocar baixo, o Tiago a tocar guitarra e a cantar. Como se fosse começar do princípio. E a partir daí as cosias começaram a surgir. E a tocar com um amplificador de guitarra ainda, o Tiago com um piano de brincar e as coisas começaram a surgir.
. Como chegaram ao "6 Songs EP"? Sentiram a necessidade de pôr as coisas em disco?
TM - É um pouco como te disse. Íamos gravando as coisas e tínhamos dado muitos concertos. Mas o convite surgiu porque trabalhávamos ali todos e as coisas surgiram por proximidade. E por interesse das pessoas. E nós aceitámos. Porque queríamos fazer isso. Era uma nova etapa, uma nova experiência.
RD - Conseguimos orientar as coisas que era preciso. Fomos gravar a um estúdio, com muitos favores de muita gente, mas lá conseguimos gravar e depois editar e está feito.
. Os Loosers têm um som que facilmente é associado a uma "moda". Acho que vocês p´roprios não fogem a isto. Como gerem isto? Estas ligações? Estes rótulos?
TM - O principal é que eu acho que isto não vai durar muito tempo no sentido em que não quero ser um dinossauro com esta banda. Não me preocupo se estou na moda ou deixo de estar. Faço aquilo que me apetece, o que sentimos vontade. Aquilo que também acontece é que existe uma abertura do público para aceitar outro tipo de coisas e vê-las como canções. As coisas estão a ser aceites de outras formas. Se é moda ou não, não sei. Mas espero que isto possa avançar e não estagnar na fórmula. E daqui paratir-se para outro ponto qualquer.
RD - Mas quando as pessoas nos vêem acho que se baralham um bocado. Quando tocamos ao vivo variamos um bocado e acho que os rótulos se dissolvem.
TM - Não me chateia nada ser rotulado com isto ou com aquilo. Acho que as pessoas precisam disso para te conhecer e identificar. É porreiro quando andam com uma t-shirt dos Nirvana, acho salutar. Todos precisam de se identificar. Mas também não temos procurado aquele som de baixo do disco de 2003. Espero que as pessoas se divirtam a ouvir as coisas e que principalmente as sintam, seja moda ou deixe de ser.
. As pessoas realmente precisam de uma identificação. Como um elo de ligação entre os vários gostos de cada pessoa. Quando falei em moda também gostava de falar em relação ao Tiago como DJ do Lux, que vai servindo como pistas para uma relação entre a banda... Tu sentes o peso da responsabilidade?
TM - Sinto isso a outros níveis que me preocupam mais do que este. Assusta-me esta cidade ser muito pequena e toda a gente saber quem tu és, quem é a tua namorada. Isso acontece em tudo. Mas acho que não tem de haver uma ligação muito directa a isso porque eu posso pôr música, posso ser pintor, ser escritor... não digo que posso ser um fascista e um comunista ao mesmo tempo... se calhar até posso... Mas acho que somos livres de fazer uma data de coisas mas sem que haja uma ligação tão profunda entre umas e outras. Neste caso há que é a música, claro. Mas não deixam de ser coisas distintas, pois aquilo que sinto a fazer uma é diferente daquilo que sinto a fazer a outra. E as duas são boas e gosto de as fazer, mas chateia-me um bocado só no sentido em que... sei que há-de chegar a hora e quando as pessoas fizerem essa pergunta hão-de dizer "é a banda do Rui Dâmaso" e as pessoas hão-de saber... ou espero... espero que isso aconteça.
. Uma das vossas características é a presença em palco. A vossa energia e alegria... É isso que sentem?
RD - É!
TM - Eu acho que sim, que tem sido, porque é verdade que gostamos tanto de o fazer ali, como em salas de ensaios. Gostamos de partilhar essas coisas.
RD - É mesmo o som. Ele transmite-nos imenso. Nós tocamos mesmo muito alto e com os amplificadores altos e a bateria. E mesmo nos ensaios. Aquilo tem muita potência, e o pessoal vibra com isso, provoca algum arrepio...
TM - Mas é um bocado relativo, [há bandas] que tocam muito alto e não dizem absolutamente nada...
RD - Não estou só a falar do volume... O volume conta mas até chegar ao arrepio. Não sei o que quer dizer mas eu sinto-o.
TM - No palco isso passa para nós, mais do que passa o público. Siceramente quando estou a tocar ainda não senti o público assim a vibrar. Mas eu sinto quando olho para os outros elementos e se calhar isso sai para fora.
Gonçalo Castro.





4.1.15

Memorabilia: Revistas / Magazines / Fanzines (12) - Mondo Bizarre - Nº 14 - Fevereiro de 2003


Mondo Bizarre
Nº14
Fevereiro de 2003 (80 páginas)
Revista Trimestral - Portugal

Prosseguindo com a divulgação da Mondo Bizarre...

A apresentação deste fanzine / magazine / revista já foi feito neste post.

Desta vez ficamos com um pequeno artigo sobre os Wire e a lista dos melhores álbuns de 2002 para a Mondo Bizarre.



Wire

A Arte De Comunicar

Se um dia a crítica musical se esquecer da idade dos artistas, os Wire serão lembrados como impulsionadores da tendência. Por enquanto, são uma das raras excepções à decadên que as longas carreiras costumam conhecer. E até parece fácil...




Poucos são os artistas que reistem durante décadas às modas e aos movimentos que ajudaram a fundar. Exemplos como os de David Bowie ou Rolling Stones são o vértice de um exíguo icebergue sujeito à voraz erosão dos tempos. No caso do autor de "Ziggy Stardust", o propalado efeito-camaleão valeu-lhe sucesso em quase todas as suas investidas, do glam-rock à electrónica. Os Rolling Stones, por seu turno, souberam - desde o fim dos anos setenta - fazer sempre a mesma música sem que os fãs virassem as costas. Fora das franjas da visibilidade, outros artistas conseguiram o mesmo. Os Residents, valendo-se da incógnita em torno da identidade dos seus elementos e da intervenção multimédia; Peter Hammill, pela intensa actividade discográfica, impoluta e pessoalíssima; os Sparks e os XTC, pela manutenção da palavra e do acorde pop.
Da fornada punk que, em poucos meses, ofereceu à música moderna nomes como Stranglers, Buzzcocks, Joy Division e Clash, os Wire são um dos exemplos mais próximos da sobrevivência atrás mencionada. Entre 1977 e 1979 lançaram três álbuns que a história da música recente se habituou a considerar "o estado da arte" do punk britânico: "Pink Flag", "Chairs Missing" e "154". Enquanto os Buzzcocks ou os Undertones davam à luz prodigiosos documentos de um punk adocicado pelo lúdico travo da pop, os Wire pegavam na básica estrutura punk e introduziam-lhe elementos de tensão sónica capazes de transformar o mais breve e incisivo modelo punk num desafiante manifesto artístico passível de abordagens para-musicais. Temas como "French Film Blurred", "Reuters" ou "I Am The Fly" misturam uma estreiteza de meios com a tensão e a frieza próprias de uma banda-sonora de um presente em mutação. Só nos últimos anos da década de oitenta os Wire voltariam oas discos, destacando-se o elogiado "A Bell Is A Cup... Until Ir Is Struck", onde o tempero pop dá braços a ritmos dançáveis.
É sensivelmente dez anos depois dos últimos vetígios editoriais que surgem dois EPs reveladores dos Wire em topo de forma. "EP01" e "EP02" congregam alguns dos melhores comprimidos punk-electro-industrial da temporada, distintos da concorrência mais jovem pela intensidade de um boredom e no future próximo do de 77 mas visto, novamente, com os olhos do presente. Os Wire não apelam, pois, ao revivalismo e ao rememoriar de glórias antigas - actualizam-se em "In The Art Of Stopping" e "Germ Ship" com guitarras tensas, banhadas por uma electrónica nem sempre discreta que confere uma aspereza industrial a camadas de guitarras de hipnose e nervosismo que têm em "Trash-Treasure" o seu momento pop mais descontraído. Mais do que provas inequívocas de resistência, passa por aqui a eterna juventude da música que interessa.
Luís Guerra



2002 - Os Melhores Do Ano
1. Queens Of The Stone Age - "Songs For The Deaf"
2. Sonic Youth - "Murray Street"
3. ... And You Will Know Us By The Trail Of Dead - "Source, Tags And Codes"
4. Black Heart Procession - "Amore Del Tropico"
5. Radio 4 - "Gotham" (*)
6. The Datsuns - "The Datsuns"
7. Beck - "Sea Change"
8. Múm - "Finally We Are No One"
9. Josh Rouse - "Under Cold Blue Stars"
10. The Streets - "Original Pirate Material"
11. Lambchop - "Is A Woman"
12. Mudhoney - "Since We Become Translucent"
13. Mooney Suzuki - "Electric Sweat"
14. Primal Scream - "Evil Heat" (*)
15. Trans AM - "TA" (*)
16. Godspeed You! Black Emperor - "Yanqui U.X.O." (*)
17. DJ Shadow - "The Private Press" (*)
18. Wilco - "Yankee Hotel Foxtrot"
19. Notwist - "Neon Golden" (*)
20. Liars - "They Threw Us All In A Trench And Stuck A Monument On Top" (*)
21. Clinic - "Walking With Thee" (*)
22. Beth Gibbons & Rustin Ma - "Out Of Season"
23. Interpol - "Turn On The Bright Lights" (*)
24. Flaming Lips - "Yoshimi Battles The Pink Robots"
25. Sigur Rós - "()" (*)
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2.1.15

Memorabilia: Revistas / Magazines / Fanzines (11) - Mondo Bizarre - Nº 15 - Maio de 2003


Mondo Bizarre
Nº15
Maio de 2003 (80 páginas)
Revista Trimestral - Portugal

Prosseguindo com a divulgação da Mondo Bizarre...

A apresentação deste fanzine / magazine / revista já foi feito neste post.

Desta vez ficamos com uma entrevista aos Black Dice (Hisham Bharoocha - baterista)


 Black Dice

A Nova Música do Rock

Dizer que os Black Dice são a nova coqueluche da imprensa musical é com certeza um exagero. Afinal esta não sabe o que fazer com o quarteto de Brooklyn, especialmente depois de "Beaches And Canyons", o seu mais recente trabalho. As palavras trocadas com Hisham Bharoocha, o baterista do grupo, não fazem jus à música. Entreabrem-nos apenas os ouvidos.



Surgidos dessa entidade sem boca e olhos que dá pelo nome de rock underground, os Black Dice passaram cerca de seis anos a tocar em garagens e pequenos clubes entre Rhode Island e Nova Iorque, integrados num circuito inexistente segundo os critérios das capas das revistas e do jornalismo autista. Oriundos do mesmo metier artístico que os Talking Heads, com uma postura estética semelhante aos Sonic Youth, por volta de "Confusion Is Sex", e assumindo referências musicais vindas do legado do rock japonês foram, lentamente, progredindo na perseguição de um universo sonoro próprio. Até chegarem ao fabuloso salto estilístico que é "Beaches And Canyons", disco que além de assombrar esta entevista volta a reunir a arte ao rock. Com uma certa utopia pelo meio. E sem clichés.

. Os Black Dice têm raízes em Providence, Rhode Island... quer recordar o momento em que se iniciaram na aventura da música?
- Eu, o Bjorn Copeland e o Sebastian Blank (o nosso antigo baixista), ingressámos, na mesma altura, na Rhode Island School Of Design. Pasado algum tempo começámos, na companhia do Eric (o irmão mais novo do Bjorn), a dar os nossos primeiros concertos. Nessa época, ele ainda estudava no liceu. Por isso tinha que apanhar um comboio no Maine para, aos fins-de-semana, nos poder acompanhar nos ensaios. Entretanto a cena musical em Providence era extremamente barulhenta e agressiva e acabou por nos influenciar bastante.
. Sei que chegou a fazer parte dos Lightning Bolt. Como podemos traçar a evolução dos Black Dice desde esses tempos até hoje?
- Quando começámos éramos, essencialmente, uma banda de noise-punk que apostava num tipo de perfomance extremamente física: os três no palco a confrontarem a audiência durante todo o concerto, que durava à volta de 15 minutos. Às vezes, no meio da confusão, ficávamos feridos... atiravam-nos todo o tipo de objectos e, pelo meio, o Eric ainda partia algumas janelas e máquinas fotográficas. O ambiente era por vezes um pouco assustador. Quanto aos Lightning Bolt estive com eles durante o seu primeiro ano e meio e era responsável pelos efeitos vocais e percussão extra.
. Algumas das novas bandas do underground americano citam nomes de grupos japoneses e os Black Dice não parecem ser uma excepção. Sei que viveu alguns anos no Japão. Como explica este curioso intercâmbio musical?
- Em Providence, não há ninguém que [eu] conheça que não tenha sido, de uma maneira ou de outra, influenciado pelo noise japonês. Mas é verdade que em Tóquio passei uma boa parte da minha adolescência a ver concertos dos Boredoms e dos seus projectos laterais. Tive, inclusive, a oportunidade de assistir a espectáculos do Merzbow e de grupos da Alchemy (editora de noise e no wave japonês), intercalados por actuações de bandas de rock mais convencional. Quanto aos EUA e ao Japão penso que ambos os países têm um interesse mútuo em novas sonoridades e acabam por se influenciar de uma forma quase interdependente.
. Os vosso dois primeiros discos parecem muito mais contagiados pela estrutura do rock do que o recente "Beaches And Canyons". São mais directos ou mesmo brutos. Porquê?
- Na altura em que gravámos esses dois discos os nossos meios não eram os melhores, daí, talvez, a sonoridade mais rude. O que também acontecia é que as nossas ideias ainda se encontravam algo dispersas e pouco «polidas». Mas esse era o nosso modus-operandis enquanto criadores não-músicos. Nesse sentido estou certo que em ambos está presente a nossa formação enquanto artistas.
. Podemos falar de "Cold Hands", o vosso segundo álbum, como um trabalho exploratório?
- Sem dúvida. Esse foi definitivamente o nosso trabalhomais exploratório. Queríamos perceber o que desejávamos ouvir na nossa música. O que daí resultou foi uma experimentação com a ideia de composição e com o processo de criação. Provavelmente nesse período ouvíamos, ao mesmo tempo, muita música pop e sons menos acessíveis o que nos fez avançar de forma mais descomplexada. Na verdade desejávamos colocar o ouvinte num estado quase hipnótico. Os temas de "Cold Hands" foram sempre tocados com o volume no máximo. Aliás esse foi um período em que levávamos o som ao extremo. A maioria do público ausentava-se dos nossos concertos com as mãos nos ouvidos e normalmente, fora de Nova Iorque, esvaziávamos a sala em poucos minutos.
. Como conseguem articular o uso de instrumentos e outros meios (pedais de distorção, manipulação de cassetes) com as prestações ao vivo? E que consequências essa abordagem tem na perfomance?
- Encontramos sempre dificuldades técnicas mas felizmente a maioria do público não dá por elas. O Aaron cosyumava manipular cassetes ao vivo mas deixou de o fazer devido ao stress e a problemas técnicos. Agora usamos tecnologia que permite trocar sinais sonoros e que manipulamos no momento. Digamos que fazemos uso de uma certa química e não raras vezes as coisas acontrecem de forma inesperada, o que tem aspectos positivos e negativos.
. O que trouxe o Aaron Warren (o novo membro) aos Black Dice?
- O Aaron fez com que os Black Dice se tornassem aquilo que nós desejávamos. Tornámo-nos mais libertos para experimentar com a composição utilizando instrumentos não tradicionais. Temos crescido juntos no seio da banda e, até hoje, temos vindo a influenciar os gostos musicais uns dos outros. Escrevemos tudo juntos. Vivemos no interior de uma verdadeira democracia.
. A música de "Beaches And Canyons" tem o condão de evocar imediatamente imagens mentais. Como se estivéssemos a ver um filme dentro de nós...
- De facto temos o hábito de pensar a nossa música de um modo muito visual. Chegamos a reflectir sobre ela visualmente quando estamos a compor os temas. Se desejamos que determinado som nos remeta para uma qualquer linha desenhada é nisso que pensamos enquanto tocamos. O mesmo acontece quando imaginamos, por exemplo, o oceano e nos lembramos das sensaçoes que ele nos provoca. São nelas que pensamos quando criamos o tema em causa. Julgo que o título do disco descreve bem esta dimensão visual. Tem algo de linear - do mesmo modo que a maioria dos filmes -, e nós estávamos muito interessados nesta ideia de progressão quando o gravámos. Na verdade o ambiente e o dia-a-dia condiciona até, até certo ponto, a nossa sonoridade. Pelo que não me custa dizer que encontramos as nossas vidas na nossa música.
. Em "Beaches And Canyons" também encontramos a melodia, algo que estava praticamente ausente dos álbuns anteriores. Porque surgiu agora?
- Pode parecer um pouco estranho, mas queríamos fazer um disco que pudéssemos ouvir idefinidamente e a qualquer momento. Julgo mesmo que este disco pode ser ouvido sob diferentes estados de espírito. Pode estimular ora emoções negativas, ora emoções positivas e isso agrada-me bastante. Cada audição constitui uma aventura e, ao mesmo tempo, descreve os lugares onde estivemos quando o fazíamos. Na altura estávamos extremamente entusiasmados com o nosso próprio futuro e "Beaches And Canyons" acabou por representar um optimista passo em frente.
. Está consciente que assim que a música dos Black Dice é ouvida por outros, como que passa a pertencer-lhes? E fica, também, a fazer parte do imaginário de pessoas que não conhece?
- Todos nós temos as nossas memórias sobre a música que um dia ouvimos. Quando alguém escuta as nossas canções pela primeira vez, elas passam a integrar o seu mundo e isso interessa-me bastante. Adoro saber que tipo de situações o que fazemos pode evocar na mente dos ouvintes. É algo fascinente penasr que, neste momento, diferentes indivíduos podem estar a associar os temas de "Beaches And Canyons" a momentos, lembranças ou episódios das suas vidas. Nesse sentido a música que fazemos será, para sempre, delas.
. Os nomes de artistas como Dan Graham, Raymond Pettibon, Gary Panter, Mike Kelly ou Richard Kern - todos eles ligados à música - são-lhe de algum modo familiares?
- Sim... Estudei fotografia, vídeo e artes gráficas e todos esses artistas acabaram por me influenciar. Mas não sigo com muita atenção o presente da arte contemporânea. Limito-me a trabalhar de forma solitéria. É claro que aprecio as obras desses autores, e gosto de pensar sobre aquilo que nos prpõem. Alguns dos aspectos dos seus universos podem até ser comparados com o meu próprio trabalho. Neste sentido, interessa-me descobrir como é que num mundo onde o excesso de informação é de tal forma intenso e as formas artísticas estão de tal forma contaminadas, conseguimos filtrar aquilo que nos interessa para utilizar naquilo que queremos fazer.
. A propósito de aartes plásticas, que tipo de ligações têm com os artistas Richard Philips e Peter Coffin?
- Ambos apreciam aquilo que fazemos sob o ponto de vista artístico. Não ouvem música do mesmo modo que nós. Ou seja não lhes interessa o lado mundano, mas antes uma perspectiva conceptual.
. Sei que tocaram na Andrew Kreps Gallery. Como surgiu essa oportunidade?
- Foi através do próprio Peter Coffin, que aí organizou uma exposição. Montou uma estufa improvisada, onde diferentes tipos de músicos iam tocar como se estivessem a comunicar com as plantas. A nossa primeira experiência num espaço artístico foi, contudo, na galeria Friedick Petzel por ocasião da inauguração de uma mostra chamada "América". Foi um dos nossos espectáculos mais longos e barulhentos. Chegou mesmo a ser brutal. Nesse dia milhares de pessoas passaram diante de nós e algumas tiveram mesmo que parar... isto foi uns dias antes do 11 de Setembro. O nosso som mudou a partir desse dia para aquilo que hoje se pode ouvir em "Beaches And Canyons".
. Tendo em conta a vossa experiência, como é nos Estados Unidos a actual relação entre o mundo das artes plásticas e a música?
- Neste momento julgo que é uma relação muito boa. Ambos os meios parecem interessados em partilhar ideias e em influenciarem-se mutuamente de uma forma orgânica. É refrescante sentir isso. Fazemos parte de um movimento que encoraja a exoperimentação e incita a uma exploração dos limites criativos de cada um.
. Apesar da melodia existente em "Beaches And Canyons" ainda encontramos aí alguma agressividade. Qual será o próximo passo dos Black Dice?
- Tal como nós mesmos, vai ter que esperar para ver. Não temos nenhuma ideia pré-concebida do som que desejamos num futuro próximo. Tudo depende do modo como a nossa vida vai estar nessa altura. De onde vamos estar...
. Como têm reagido ao súbito interesse nos Black Dice por parte de alguma imprensa?
- Tem sido extremamente excitante. Passámos a estar em contacto com inúmeras pessoas e diferentes obras, e espero que iso venha a ser positivo para o nosso público. Posso dizer que me sinto abençoado por poder revelar aquilo que os Black Dice são a atantas pessoas.
. Sei que gravaram um CD a meias com os Wolf Eyes. Para além deste projecto o que mais podemos esperar a curto prazo dos Black Dice?
- Por acaso ainda não sabemos quando é que esse CD vai estar disponível. Somos bons amigos e as nossas ideias de alguma forma compatibilizam-se facilmente. Os Wolf Eyes são como que a nossa banda irmã ou se quiser uma versão mais masculina dos Black Dice. Para além desse trabalho está para breve - algures no Verão -, o lançamento de um doze polegadas pela DFA. O lado A contém uma nova canção, chamada "Cone Toaster" enquanto o lado B é uma remistura de "Endless Happiness", da autoria de Yamatsuka Eye, dos Boredoms. Este disco vai fazer em pedaços as vossas colunas.
José Marmeleira








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