23.2.09

Klaus Schulze - Entrevista e Artigo


Entrevista e Artigo (KLAUS SCHULZE)

publicado na Revista/Fanzine Espanhola

Syntorama - Nº11 de Março/Abril/Maio de 1987



Freebies:

Discografia com Richard Wahnfried:


Time Actor



Tonwelle



Megatone



Miditation




Trancelation




Trance Appeal



Drums 'n' Blass (The Gancha Dub)



Syntorama: Como foi o teu início?

Klaus Schulze: Fiz o meu primeiro trabalho "experimental" com um trio chamado PSY FREE, muito selvagem, uma espécie de free jazz (embora não soubéssemos nada disso). Isso era o que se fazia em 1969 nos clubes underground de Berlim. Edgar Froese ouviu-nos e pediu-me para tocar bateria (o que ue era nessa altura). Por um ano e um disco fui membro dos TANGERINE DREAM.

S: Que significa para ti a vanguarda?

KS: A marca vanguarda não significa nada para mim. Somente sou cauteloso quando a oiço. Essa etiqueta mostra ignorância da gente que não entende alguma música ou alguns "artistas" e podem cobrir-se atrás dela para esconder a escassez de ideias.

S: Que pensas acerca dos sintetizadores?

KS: Sinceramente me encantam. Todavia recordo que quando comecei não havia um desses instrumentos que estivesse disponível especialmente para mim. Não tinha dinheiro, como muitos artistas quando começam. Era jovem e a minha cabeça estava cheia de ideias. Todos esses anos tive de lutar contra a ignorância no que concerna aos sintetizadores. Esta luta por um novo instrumento, esta constante interpretação dos meus sintetizadores levaram-nos a um pedestal aonde eles não pertencem. Um sintetizador ou um estúdio de música são simples meios para a música. Hoje um sintetizador é algo tão normal como uma guitarra eléctrica.

S: Porque deixaste os Tangerine Dream?

KS: Queria ir mais além na música electrónica. Usava já estranhas maquetas durante os concertos de T.DREAM. Edgar queria uma bateria "normal". Conny Schnitzler tinha também ideias estranhas . Ele seguiu.

S: Como compões os teus temas?

KS: Nos primeiros tempos, maioritariamente de forma improvisada. Pouco a pouco aprendi a formar a minha música, isto é a "compôr". Porém, não escrevo peças sobre o papel, toco-as sobre K7 e toco na minha cabeça. Porque na maioria do tempo faço música, tenho muitas K7s cheias de ideias de música. Sucede que gravo um lado de um LP numa noite, mas isso significa normalmente muitos meses de trabalho duro.

S: Que pensas acerca de outras músicas?

KS: Raramente escutava outra música que não fosse a minha própria. Isso mudou um pouco comecei produzir para a minha etiqueta (IC). Hoje ouço de tudo, mas todavia não tenho sensibilidade para o jazz. Aborreço-me com gente como Jan Hammer ou Hancock e o que eles fazem com os sintetizadores Quando era jovem gostava de grupos como os "VENTURES" e os "SPUTNICKS"

S: De que forma trabalhas em estúdio?

KS: Eu estou muito contente comigo mesmo. Se trabalho não posso estar com ninguém ao meu redor. Não creio que alguém seja capaz de fazer o meu tipo de música sem a mudar. Sentar-me no misturador é parte do meu trabalho. Sempre faço o que quero sem compromissos. Essa é possivelmente a razão porque sou respeitado, e por outro lado a razão para nã ter nenhum hit.

S: Qual a tua opinião sobre a música ao vivo?

KS: Diverte-me. Tive a oportunidade de dar concertos ou fazer digressões desde 1973. Ao lado dos T.DREAM fui o único neste campo da música que tocava ao vivo. Nos primeiros tempos éramos 2 pessoas, uma pequena Ford Transit, um show de luz de 8 lâmpadas de 100W, e viajávamos através de França, a maioria das vezes na primavera, tocávamos aqui e ali, concertos maiores ou menores, organizados por fans. Hoje somos 7 ou mais, usamos um camião de 11 toneladas, e só a organização leva meio ano e amaior parte do tempo. Os concertos que mais prefiro são os da Polónia de Junho de 1983. Essa é a razão porque fiz um disco ao vivo desses concertos.

S: Porquê RICHARD WAHNFRIED?

KS: Estou casado e tenho 2 filhos. O maior chama-se Richard. Nasceu quando fundei a IC, e gravei debaixo do pseudónimo de Richard Wahnfried em modo livre de sessão de grupo com alternância de membros. Todos os lucros dessas gravações vão para os outros músicos e para o meu filho Richard.



S: Que se passou com a INNOVATIVE COMMUNICATIONS?

KS: Em 1974 tive a ideia de uma editora própria (de música electrónica), porém não tinha dinheiro nem conhecimentos. Em 1978 tentei de novo. Primeiro com o dinheiro e a pressão da WEA (Warner Brothers). As vendas foram boas, porém não osuficiente para o "irmão maior". Eles queimaram-nos. Por esses tempos tínhamos algumas produções terminadas e contratos com artistas. Outras grandes companhias recusaram as nossas ofertas, pelo que tivémos de prosseguir como independentes ... e tivémos um milhão de vendas com o nosso LP "IDEAL". Infelizmente não era de música electrónica. IC foi a mais, eu segui uma longa digressão a solo. À volta do Verão de 1983, a política da IC havia mudado drasticamente a música M.O.R. Vendi a IC e voltei ao meu estúdio. Juntamente com Rainer Bloss formei uma nova editora: INTEAM. É estritamente para a música electrónica que amo e prefiro.

S: O que é a INTEAM?

KS: INTEAM produz música electrónica e tenta pô-la em discos. Os discos que prefiro devem ser os do selo INTEAM, outras produções tentaremos que saia por outras labels. Ao meu lado e de Rainer Bloss temos uma equipa de três pessoas desde os dias da IC: Claus Cordes, que faz video, capas e publicidade. Michael Garvens que faza contabilidade e coordenação, e Klaus D. Mueller, que está no negócio de Berlim com ideias e promoção.

S: Que pensas acerca das novas técnicas?

KS: Quando comecei não tinha sintetizadores. Usava um velho orgão e um aparelho de eco barato, feed-back, e tapes e a minha fantasia. O primeiro sintetizador tive-o por muito tempo, foi um EMS. Poer esse EMS percebi a lógica de todos os sintetizadores que se seguiram. Tive que aprender de novo somente quando chegaram os digitais e o computador. Essa é outra história.

S: Estás interessado nos ritmos feitos com instrumentos acústicos?

KS: Isso é importante. Cada músico devia tocar bateria. Obteria assim um sentimento pelo ritmo, mesmo quando normalmente toque teclados, sax ou qalquer outra coisa. Eu percebi isso quando trabalhava com Michael Shrieve. Ele não conseguia manejar os sequenciadores, porém podia falar da maneira como eu tocava os sequenciadores: tentava caminhar com esse ritmo. Eu não podia. Portanto com a ajuda de Michael eu mudei o sequenciador até que podia caminhar com o seu ritmo, até que o meu corpo se sentisse bem com ele. O ritmo é importante, mesmo quando não é audível.

S: Estás de acordo com as modas?

KS: Na minha carreira vi modas musicais ir e vir. Uma moda musical é curta, e tenho sorte de nunca ter feito música da moda. Quando a minha música alguma vez foi sensação para alguém por causa da novidade superficial da inovação que pressupunham os sintetizadores e sequenciadores, eu senti-me muito responsável. Todas essas questões técnicas! Hoje esses instrumentos são normais, e todas os combos de discoteca os têm, até as mais pequenas. (No bar de um hotel em Hamburgo ouvi uma vez o habitual pianista. Tinha ao seu redor três sintetizadores, a melhor máquina-bateria desses tempos.) Nos anos 70 tinha que explicar o que era um sintetizador, tinha de lutar contra todos os preconceitos exixtentes sobre este aparelho. Em cada texto de promoção, em cada entrevista tinha que explicar: O que é um sintetizador?. Hoje os grupos jovens em moda em Inglaterra podem usá-lo, construí-lo e seguir adiante com eles. Tocam outra música, são comerciais. Eles devem tudo aos KRAFTWERK (energia eléctrica) e sabem-no, espero. Porém está na própria natureza das modas que tenham de sucumbir. Voltam as guitarras e os temas dos 60... até à sguinte moda. Eu estou todavia vivo e activo.

S: Estás muito interessado em comercializar os teus produtos?

KS: O comércio não é bom nem amu. O comércio é necessário. Sem comércio a música seria somente superior. Não há que misturar a música com os jogos olímpicos. Ou com desportos de alto rendimento. O comércio é necessário para a multidão. A multidão torna possível que toda a sociedade viva em e com a música, essa música actualmente pode ser produzida. A música comercial precisa de diferentes talentos que bem ou mal contam.

S: Qual é o teu melhor disco?

KS: Por princípio é sempre o último disco, de outra maneira não o teria feito. Desde as minhas gravações mais antigas isso era e é uma constante.

S: Tu fizeste muitas gravções. Estás contente com o trabalho que realizaste?

KS: Muitos anos de trabalho intensivo sobre a música fioram indispensáveis para descobrir um som adequado nos sintetizadores. O uso adequado dos efeitos especiais, as características de um som em locais e espaços. Este saber como que se converteu numa segunda natureza minha. No entanto ainda tenho que aprender algo de novo no dia a dia. Eu realmente acredito na intuição do génio artístico, mas devo dizer que a maioria do êxito vem do trabalho duro. Como eu uma vez escrevi sobre uma questão, não há truques, só o conhecimento adquirido e experimentação sobre a própria intenção, a tentativa das próprias ideias e falta de respeito às convenções sempre que necessário.

S: Que pensa dos críticos?

KS: Têm preferência pela música da moda, tentam criar modas. A maioria são jovens, e assim têm que provar que estão em cima do acontecimento. Alguns deles se sentem como músicos frustrados, e alguns são simplesmente invejosos. Falta-lhes experiência e conhecimento. Em Janeiro criam 20 discos do ano, no ano seguinte o mesmo. Alguns tornam-se melhores assim que mudam de trabalho. Fico contente sempre que escrevem o meu nome correctamente, desde que não escrevam sobre concertos que não tiveram lugar. Alguns sabem escrever e têm expressão.

S: Porque não deste concertos na America?

KS: Não vejo nenhuma oportunidade, no futuro próximo, de dar concertos no Canadá, Estados Unidos ou qualquer outro sítio desse continente. O mesmo sucede com o Japão. Não tenho uma grande distribuidora que me apoie e o transporte marítimo é muito car, e o negócio musical na America, ... melhor é ficar em casa e vivo.

S: Fazes video?

KS: Quando tinha a IC tinha um estúdio de vídeo. Fizémos vídeos de todos os nossos artistas, excepto de mim.

S: Que pensas acerca dos computadores?

KS: Os computadores digitais modernos são excelentes e flexíveis ferramentas. Um chip para mim não é algo de sagrado, sim uma comodidade. O medo sobre os computadores desaparece se trabalharmos com eles com carinho. Uso a tecnologia unicamente para o meu ideal musical. As ferramentas técnicas têm de funcionar como eu quero. Isto pressupõe muito esforço.

Alguns podem dizer que temem os computadores, porém o que eles temem é o trbalho que pressupõem. Perdem a paciência. Outros brincam com os computadores como se fossem jogos de crianças. Às vezes encontram o que pensam ser único... Isto tem a ver também com os modernos sintetizadores e com os antigos, assim como com cada instrumento ou com cada ferramenta em cada profissão. Imagino...

S: Que instrumentos utilizas agora?

KS: Em geral é todo o sampling e equipamento MIDI e muito, muito pequeno.

S: Que novos projectos tens para a INTEAM?

KS: Não haverá novas edições na INTEAM.

S: Que novos projectos e previsão de concertos tens?

KS: A minha próxima digressão será no Outono de 1987 mas ainda não há cidades.

S: Que novos projectos tens?

KS: Fiz um longo trabalho junto a ANDREAS GROSSSER. A gravação dura mais de 50 minutos, mas de momento não sei em que companhia será editdo, nem sequer se alguma vez será editado. Também há um ballet americano de Nova York que está utilizando "SPIELGLOCKEN" do "AUDENTITY" para a sua representação. Estarão em Amsterdão em 2 de Fevereiro e então comentaremos novos projectos com o ballet e qiçá haja um trabalho específico para eles.



NOTA: A tradução da presente entrevista foi realizada por ROSI, a quem agradecemos a sua colaboração



Todos os discos de Klaus Schulze podem-se conseguir através da LOTUS RECORDS, escrevendo para a seguinte morada: (Nota: Escrevi em 1997 e ninguém respondeu)

LOTUS RECORDS 14-20 BRUNSWICK STREET HANLEY STOKE-ON-TRENT STAFFS, ST1 1DR ENGLAND



CRÍTICAS



The Dresden Perfomance - Nº 19 da Syntorama




Último trabalho de Klaus Schulze gravado parcialmente ao vivo. É uma das suas melhores obras dos últimos tempos com temas que ultrapassam os 40 minuts, voltando às suas ideias primitivas de largos desempenhos instrumentais. Electrónicos, rítmicos e cósmicos.



ARTIGO



Neste momento falar de Klaus Schulze no fanzine era obrigatório, ainda que através de outros números hajamos seguido pontualmente os seus últimos discos. Poucos músicos haverá, dentro da cena da música electrónica, que não reconheçam haver sido influenciados em maior ou menor medida por este músico, que ao longo dos seus muitos anos de experiência soube criar um movimento em torno da "Escola de Berlim", dentro da qual se agrupariam a maioria dos músicos electrónicos de antes e de agora.

Em 1969 começou a tocar bateria com um grupo denominado PSY FRE, na cena de Berlim, até que em 1970 entrou para os TANGERINE DREAM, com quem gravou um LP "ELECTRONIC MEDITATION", juntamente com FROESE e SCHNITZLER. No fim deste disco, SCHULZE abandonaria o grupo para começar a sua prolífica carreira a solo.

"IRRLICHT" foi o seu primeiro LP, com o sugestivo subtítulo: "SINFONIA CUADROFÒNICA PARA ORQUESTRA E MÁQUINAS ELÉCTRICAS". SCHULZE deixou de tocar bateria, segundo ele devido à limitação do instrumento, e começa a investigar com aparatos electrónicos (ecos, cassettes e feedbacks). Este primeiro disco é realmente corrosivo, sobretudo o tema que ocupa o 2º lado "EXIL SILS MARIA" e constitui um verdadeiro avanço musical para o que então se fazia. Juntamente com SCHULZE colabora a orquestra, composta por vozes, cellos, saxs, oboe, flautas e contrabaixo.

Por esta época (1971) fundou os ASH RA TEMPLE, com quem tocou bateria no seu primeiro LP. "CYBORG", gravado em 1973, ao mesmo tempo que os TANGERINE DREAM fazem "ZEIT", ambos os Lps são comparáveis em estilo, completamente estático e minimal. Quatro faixas, uma por lado, neste LP duplo, que te faz levar a imaginação para partes insuspeitadas, o que te pode aborrecer se realmente não entrares nas suas esferas de sons etéreos. SCHULZE faz-se acompanhar também de orquestra e utiliza pela 1ª vez o sintetizador, um EMS SYNTHI A (VCS 3), continua com um 4 pistas (um velho TELEFUNKEN).

1973 foi um dos anos mais prolíficos na carreira de SCHULZE. Por um lado, realiza uma digressão com ASH ARA TEMPLE, outra com TANGERINE DREAM, e toca a solo em alguns concertos. Colabora com ASH RA TEMPLE no seu LP "JOIN INN" e em inumeráveis Lps dos COSMIC JOKERS (formação variável que agrupava vários músicos electrónicos de Berlim) e finalmente grava o seu LP "PICTURE MUSIC", uma autêntica maravilha de música electrónica.

"TOTEM" no lado 1 e "MENTAL DOOR" no lado 2, são duas verdadeiras maravilhas da música flutuante e atmosférica, às vezes rítmica, às vezes pausada. Juntamente com o seu VCS 3 e o orgão FARFISA, SCHULZE incorpora dois novos sintetizadores: o ARP 2600 e o ODYSEE, também da ARP.

Em 1974 realiza uma digressão por França e Holanda, junto a MICHAEL HONIG (teclados), participa na fundação do DELTA-ACCUSTIC STUDIO de BERLIM, e continua gravando com os amigos dos COSMIC JOKERS (MANUEL GOTTSCHING, HARMUT ENKE, DIETER DIERKS, JORGEN DOLLASE e KLAUS D: MULLER, entre outros) e grava o seu fantástico "BLACKDANCE2 já com contrato para a VIRGIN RECORDS. "WAYS OF CHANGES" tema rítmico onde SCHULZE utiliza a percussão, junto com outros instrumentos, guitrra e obviamente sintetizadores. "SOME VELVET PHASING" completamente stereo, fecha o primeiro lado. "VOICES OF SYN" ocupa todo o segundo lado, começa com a voz baixa de ERNST WALTER SIEMON executando uma colagem de VERDI, para dar lugar a SCHULZE, magistral com os sintetizadores.

"TIMEWIND" é o seu primeiro disco editado no nosso país (Espanha) e graças a ele, muitos de nós que procurávamos algo de novo dentro da música, pudémos apreciar que havia um movimento mais além das fronteiras do rock. "TIMEWIND" é genial, completamente estático e atmosférico, sensual e etéreo. Uma hora de música que no nosso país, desgraçadamente em muitos casos, terminou nos caixotes dos saldos.

Na contracapa há um bonito diagrama visual que indica a utilização dos sintetizadores. Junto aos que já possuía SCHULZE incorpora o ELKA-STRING. O disco é dedicado a RICHARD WAGNER de quem é grande admirador.Nessa época colabora com a recém formada dbanda do JAPÃO, FAR EAST FAMILY BAND, a quem ajuda a gravar os seus primeiros Lps "NIPPONJIN" e "PARALLEL W:", nesta banda se encontrava KITARO.1976 foi um ano muito prolífico para SCHULZE. Deu 27 concertos na Europa (Londres, França, Bélgica, Holanda e Alemanha), gravou junto com STOMU YAMASHTA "GO" e "GO LIVE" e gravou 2 Lps "MOONDAWN" e "BODY LOVE I". "MOONDAWN foi gravado em Janeiro de 76 e publicado simultaneamente em Espanha. É acompanhado na sua totalidade por HARALD GROSSKOPF na bateria, sendo este proveniente dos WALLENSTEIN. Indubitavelmente a inclusão de percussão dá um toque rítmico de que SCHULZE não se pode desprender, não esqueçamos que começou também como baterista. Por outro lado, segue aumentando a sua já grande dotação de sintetizadores e sequenciadores.

"MIRAGE" é segundo o meu critério pessoal, o melhor disco de SCHULZE. Uma verdadeira obra de arte de princípio ao fim, um disco que, penso, todos os aficionados da música electrónica deveriam escutar. Supõe uma introspecção da música de SCHULZE, donde as ideias simplesmente fluiem deixando voar a imaginação até ao infinito, até ao infinito do cosmos.

Entre 1976 e 1977 grava 2 Lps: "BODY LOVE I" e "BODY LOVE II", este denominado também "MOOGETIQUE". É a banda sonora da película com o mesmo nome dirigida por LASSE BRAUN. É evidente que a sua música vai na perfeição para dotar o filme da nata que cola ao pastel, e os que viram o filme dizem que realça até limites insuspeitados o resultado final da película. Em "BODY LOVE II" é acompanhado de HARALD GROSSKOPF na bateria.

E chegamos a uma das obras cume de SCHULZE "X". Um duplo LP dedicado a magnificar a sua obra com temas cujo nome diz tudo: "FRIERICH NIETZSCHE", "GEORGE TRAKL", "LUDWIG II. VON BAYERN", "FRANK HERBERT", "FRIEDEMANN BACH" e "HEINRICH VON KLEIST". Sem dúvida do melhor.

"DUNE" foi publicado em 1979. A inclusão do vocalista ARTHUR BROWN, que canta no tema título que ocupa todo o lado 1 e WOLFGANG TIEPOLD que toca cello, dá um toque mais diversificado à música de SCHULZE, mas sempre dentro dos altos parâmetros a ue nos tem habituado. Nsse mesmo ano funda a sua própria editora INNOVATIVE COMMUNICATION, que editou discos de R. SCHRODER, P'COCK, LORRY, POPOL VUH, KLAUS KRUGER, CLARA MONDSHINE, MICKIE DUWE, BAFFO BANFI, etc... e RICHARD WAHNFRIED. Dentro deste pseudónimo esconde-se a ideia de SCHULZE de tocar com uma banda a música que toda ela decide. O seu primeiro LP como RICHARD WAHNFRIED é "TIME ACTOR" e junto a ele tocam ARTHUR BROWN, HARMONY BROWN (vozes), VINCENT CRANE, SCHULZE (teclados), MIKE SHRIEVE (percussão) e W.TIEPOLD (cello). É uma experiência entre a vanguarda e o musak..

Em 1980 participa na "ARS ELECTRONICA" de Linz (Austria), com um show que alucina todo o público. Uma autêntica montagem. E dos seus inumeráveis concertos grava um duplo LP denominado simplesmente "LIVE". Dois lados a o solo, uma junto a H.GROSSKOPF (bateria) e outra com ARTHUR BROWN (vozes), quatro maravilhosos lados de música electrónica. Gravado dos seus concertos de AMSTERDAM, BERLIN e PARIS.

A continuação vem com "DIG IT" através do qual SCHULZE se introduz no mundo dos computadores, interpretando toda a sua música com o G.D.S. COMPUTER. Recebe a ajuda do grupo IDEAL para o lOOPING de bateria em "WEIRD CARAVAN" o seu tema mais rítmíco. Aparece um novo personagenm em cena, MIKE SHRIEVE, que se encarregará de tocar percussão em "TRANCEFER", junto a W.TIEPOLD que toca cello. Um LP dedicado por inteiro à música electrónica rítmica, sacando todas as possibilidades do G.D.S. COMPUTER. SCHULZE vai aperfeiçoando o seu estúdio que conta já com 24 pistas.

Também é lançado o 2º LP de RICHARD WAHNFRIED, "TONWELLE" con: MICHAEL GARVENS (voz), MANUEL GOTTSCHING (guitarra), SCHULZE (teclas), MIKE SHRIEVE (percussão) e KARL WAHNFRIED (guitarra).

"AUDENTITY" supõe a busca da própria identidade de SCHULZE através dos sons e da música. Esta é outra das suas obras primas, um duplo LP que é dedicado à glorificação dos sintetizadores e das novas técnicas musicais. A que mais gosto é "CELLISTICA" para elogio pessoal de W.TIEPOLD, "OPHEYLISSEM", o mesmo para SHRIEVE e atenção porque aparece um novo homem em cena, RAINER BLOSS, um homem que revolucionou as ideias de SCHULZE quase por completo e que me deixou um grande amargo de boca. "AUDENTITY" publicou-se em alguns países como disco sem selo.

Em 1983 deu uma grande digressão pela EUROPA incluindo POLONIA, graças a um contacto que o seu manager KLAUS D: MULLER possuía aí. Das suas actuações na Polónia, SCHULZE editou um duplo LP, junto ao seu inseparável parceiro RAINER BLOSS. O resultado é bom mas não tanto como seria de esperar. Indubitavelmente, e isso é algo que não me sai da cabeça, a influência de BLOSS tirou-lhe imaginação. Os título de "LIVE IN POLAND" são bem explícitos "KATOWICE", "WARSAW", "LODZ", "GDANSK", e "DZIEKUJE" cidades onde se gravaram os temas. Foi gravado na consola digital SONY PCM 100.

Em 1984 vende a IC e funda a sua nova etiqueta INTEAM. O primeiro a editar foi o LP "APHRICA" junto a ERNST FUCHS (vozes), BLOSS e o próprio SCHULZE. Hoje em dia esse LP está totalmente esgotado e a sua aquisição é bastante difícil. Depois "DRIVE INN" junto a BLOSS, é o pior que fez.

"ANGST" é a banda sonora de uma película, gravada a solo por ele, sem acompanhantes de nenhum tipo e isso se nota, a qqualidade sobe muitos degraus.

Também há um terceiro LP da aventura R.WAHNFRIED "MEGATONE". Junto a SCHULZE destavez: MICHAEL GARVENS, OLDAUER MAIDEN CHOIR, MIKE SHRIEVE, ULLI SCHOBER, AXEL e HARALD KATZSCH.

Em 1985 publica os seus medíocres "MACKSY" (maxi), com um tema de "ANGST" e outro inédito, e "INTER-FACE", do pior que fez, e não sou só eu que tenho esta opinião.

Em 1986 é editado "MIDITATION" como R.WAHNFRIED e averdade é que gosto bastante ainda que não seja do melhor. E por fim o seu ultimo Lp gravado em Agosto de 1986 e recém editado "DREAMS". Surpreendeu-me muito este trabalho porque já não esoerava nada de bom de SCHULZE. Este "DEAMS" trata de enlaçar com o seu passado, com as suas melhores obras como "MIRAGE", como o seu extenso tema de fecho "KLAUS TROPHONY" que ocupa todo o 2º lado testemunha.

Creio e espero que se deu conta de que o seu caminho estava errado e voltou à senda dos músicos que fazem as coisa com qualidade e esmero, tentando sempre impressionar a audiência.

A seguir se transcreve uma entrevista realizada com SCHULZE em duas partes, graças à colaboração do seu manager KLAUS D. MULLER, a quem obviamente tenho de agradecer a sua ajuda. A entrevista foi realizada por correio e foi fechada em Dezembro de 1986.

Para contactar o clube oficial de fans (OFFICIAL FAN CLUB), os interessados podem escrever à seguinte morada: MIX MUSIC 33 PEEL ROAD NORTH WEMBLEY MIDDLESEX HA9 7 LY ENGLAND

Recentemente publicou-se um livro acerca de KLAUS SCHULZE, escrito em Alemão por MICHAEL SCHWINN (180 páginas e 15-20 fotos). Os interessados em consegui-lo podem enviar 13,80 DM para: POSTGIROAMT HANNOVER POSTGIRO 378499-302 (BLZ 25010030)




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