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Memorabilia - Revistas - Mondo Bizarre - Nº 24 - Novembro de 2005


Mondo Bizarre
Revista / Magazine
A4 - papel de jornal - a corres capa e contracapa
48 páginas
Publicação Trimestral
Distribuição Gratuita
Ano VII
Nº 24
Novembro de 2005



BOARDS OF CANADA
Constantes Em Mutação

Após dois álbuns e vários EPs que mudaram a face da electrónica, o duo escocês Boards Of Canada volta com “The Campfire Headphase”, um dos discos mais aguardados da recta final de 2005.



Na década de 70, duas crianças escocesas chamadas Michael Sandison e Marcus Eoin conheceram-se no Canadá. Ainda muito jovens, e já de regresso à Escócia, criaram as suas primeiras cassetes na viragem para a década de 90, o exacto momento em que o acid e o techno começaram a desenvolver-se. O tempo foi passando, e depois de muitas experiências artísticas os dois jovens decidiram enviar uma demo para várias editoras, incluindo a Skam. Sean Booth (dos Autechre) ouviu essa demo e a Skam decidiu imediatamente contratar o duo, chamado Boards Of Canada, nome derivado da National Film Board Of Canada, produtora especializada em filmes documentais que influenciaram os dois músicos durante a sua vivência no Canadá. A demo chamava-ºse “Twoism” e acabou por ser reeditada anos mais tarde, pela Warp. Através da Skam, os Boards Of Canada lançaram, em 1996, “High Scores” o seu primeiro EP com uma distribuição em larga escala, chamando a atenção da comunidade apreciadora da electrónica. “Music Has The Right To Children” foi o seu primeiro álbum, editado conjuntamente pela Skam e pela Warp, que se tornou instantaneamente uma obra-prima da música electrónica. Embebido de psicadelismo e de uma toada campestre, esse álbum teve um alcance muito além do seu estilo: a comunidade indie recebeu-o de braços abertos e os Boards Of Canada tronaram-se uma coqueluche da cena musical britânica.
Em 2000 lançam “In A Beautiful Place Out In The Country”, um novo EP. Vagamente baseado nos acontecimentos que levaram ao massacre de uma seita religiosa americana na década de 90, este trabalho mostrava a fecilidade da vida religiosa em comunidade, no campo, e a face escura da tragédia que caiu sobre ela. “Geoggadi”, o segundo álbum do duo lançado em 2002, seguiu um caminho ligeiramente diferente, aprofundando ainda mais a nostalgia dos documentários dos anos 70 e do psicadelismo. Estes dois discos contribuíram ainda mais para a criação de uma áurea mítica em torno do duo, que se viu envolvido em imensos boatos acerca das motivações que os levaram a criar estes dois trabalhos.
“The Campfire Headphase” é o novo álbum dos Boards Of Canada. E, tal como anteriormente, marca uma nova inflexão na sua sonoridade embora de uma forma subtil: as guitarras marcam mais presença e os samples de vozes estão quase ausentes. Por um lado há uma maior abstracção, mas por outro evita cair no tipo de obscuridade que levou à mistificação do duo. A luz espalha-se em cada canção, de uma forma natural, e tudo é envolvido por um brilho acústico que não existia nos trabalhos anteriores. “The Campfire Headphase” não é propriamente a chegada do Verão, é mais uma revisitação de temas correntes do duo, onde a noção de entretenimento descomprometido está mais presente. O que está longe de tornar o trabalho superficial, apenas mostra mais uma faceta deste duo em permanente mutação.
CAL
César A. Laia









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