19.9.16

Programas e Nomes da Rádio Portuguesa – Uma história pessoal de ouvinte, ao sabor da memória (1976-2002)


Programas e Nomes da Rádio Portuguesa – Uma história pessoal de ouvinte, ao sabor da memória (1976-2002)
NOMESPROGRAMASESTAÇÕES
Humberto BotoDois PontosRádio Comercial
Jorge LopesFórumRDP Antena 1
Maria José MauperrinCafé-ConcertoRDP Antena 1
José Manuel NunesRDP Antena 1
Aníbal Cabrita
António SérgioSom da FrenteRádio Comercial
Paulo SomsenCrepúsculo dos DeusesR.U.T.
Fred SomsenDDD60MRádio Nova (?)
Eugénio TeófiloCrepúsculo dos DeusesR.U.T.
Manuela ParaísoRádio Azul + Rádio Marginal
José Carlos TinocoAuto-Retrato Sobre Transístor MolhadoXFM
Ricardo SalóGalinhas no HorizonteVOXX
Carlos CardosoRadar + Gerente ComercialVOXX
Rui VargasCasa, Bateria & BaixoVOXX
Desidério MurchoOpus NigrumRádio Baía
José António MouraRefúgioRádio Baía
Jorge Lima BarretoMusonautasRádio Comercial
Rui Neves
FEEDBACKFEEDBACKFEEDBACK

70’s – O DESPERTAR DO ENCANTO

Sobre as Marcas da Revolução, a Música Continua a Progressão

Humberto Boto - “Dois Pontos” – Rádio Comercial


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Os ecos mais distantes que ainda permanecem na minha memória relativamente à paixão da rádio remontam a finais da década de 70 e ao programa “Dois Pontos”. Relembro perfeitamente a parte (variável) falada do indicativo que, sobre um fundo musical, emergia, provocando uma expectativa enorme, a maioria das vezes recompensada.
Era qualquer coisa como isto: “Dois Pontos hoje vamos ficar, nesta primeira parte, com a audição integral do álbum dos Hawkwind – ...” , ou dos Wire, ou deJacques Higelin, ou de tantos outros, de que já não recordo, mas sempre na linha da qualidade, pertinência e actualidade sugerida pelos nomes mencionados.
A voz (excelente, por sinal) que me lembro era de Humberto Boto, de quem perdi completamente o rasto desde essa altura. Lembro-me que outros realizaram o programa, mas a névoa do tempo passado não me deixa focalizar os seus nomes. Apenas a impressão que um deles era Jorge Lopes, hoje na RTP, departamento de desporto, secção de Atletismo.
Para além do prazer imenso que era sempre ouvir o programa, completamente alheado do resto do mundo durante 2 horas (11h00-13h00), cultivando um gosto e uma exigência musical que me marcaram indelevelmente para resto da vida; era-nos propiciada a possibilidade de gravação integral dos trabalhos (LPs), naquela altura em K7. Confesso que poucas coisas gravei e que nenhuma delas sobreviveu aos tempos, mas a marca permanece cá dentro. O motivo de tão parcas gravações prendiam-se apenas com a prosaica razão de falta de verba na altura, o que me levava a comprar (poucas) K7s, de ferro (porque mais baratas) e, depois, na falta de disponibilidade de fitas virgens, proceder à gravação sobre gravação, o que conduzia, passado algum tempo, à destruição da fita que ficava completamente enleada dentro do aparelho rasca da altura, um Silvano, de mala, 3 em 1 (gira-discos, rádio e leitor/gravador de cassetes). Outros tempos.
Com a fúria e voragem dos tempos, os sound bytes e a publicidade tudo tomaram e deixou rapidamente de ser possível ouvir programas destes na rádio portuguesa; programas de 2 horas com interrupção apenas a meio, para sinal horário e serviço noticioso, e em que o locutor/realizador do programa apenas intervinha, sintética e objectivamente, no início e no fim de cada hora, ora para informar sobre o que iríamos ouvir ora para dizer o que tínhamos escutado, para os retardatários.
Se bem me lembro, o programa passava na Rádio Comercial (antigo Rádio Clube Português), na altura estatal, entre as 11 e as 13 horas dos dias úteis.
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Quando a RDP Antena 1 era Serviço Público do Melhor

Jorge Lopes –Aníbal Cabrita – Maria José Mauperrin - José Manuel Nunes - “Fórum” – “Café Concerto” – RDP Antena 1


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Da mesma altura, ou talvez um pouco mais tarde, recordo, na Antena 1 da RDP, o programa “Fórum”, este sim, com toda a certeza, com realização de Jorge Lopes, com apoio de uma equipa. Ainda relembro o indicativo: sobre um pano de fundo musical, “Fórum, um trabalho de equipa com a realização de Jorge Lopes”.
Tratava-se de um tipo de programa diferente do “Dois Pontos”. Decorria, se não estou em erro, diariamente entre as 21 e as 24 horas, de 2ª a 6ª, e embora o seu ponto forte fossem os debates que levava a cabo, sobre os mais diversos temas candentes da actualidade, a música que passava primava também pela qualidade iniludível. Será daqui que lembro pela 1ª vez a presença do excelente animador de rádio Aníbal Cabrita? Tenho uma ténue ideia que sim, mas não posso assegurar.Aníbal Cabrita que me voltou insistentemente a acompanhar ao longo dos tempos. Trata-se de um animador radiofónico da “velha guarda”, com um bom gosto extremo a nível musical e sempre a par das novidades mais importantes desse mesmo circuito musical. Não recordo um programa da sua autoria (mea culpa?), antes o preenchimento por si de inúmeros espaços radiofónicos, na RDP, na Rádio Comercial, na XFM, na TSF, sempre aprazíveis para os apreciadores da música de qualidade e actual.
Depois do “Fórum”, lembro-me do substituto “Café Concerto” realizado por Maria José Mauperrin, mais ligado às artes e com  formato semelhante ao“Fórum”. Se calhar o Aníbal Cabrita “vem daqui”...
Também deste período de ouro da RDP, salta à minha memória o nome de José Manuel Nunes, um dos homens que mais sabe do média rádio, Presidente daRDP até há pouco tempo (2002), cargo que ocupou durante cerca de 6 anos. O nome dele paira sobre os programas que referi antes, embora não possa assegurar se foi responsável por algum deles ou apenas participante, ou ainda se realizou outro programa da altura. Sei apenas que ouvi, com agrado, programas que o mesmo realizou ou participou activamente.
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80’s – O AUGE DA MAGIA

Águas Paradas Não Movem Moinhos

António Sérgio – “Som Da Frente” – Rádio Comercial


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Se tudo o que foi referido antes se passou na adolescência, com a chegada da idade adulta, coincidente com a entrada na Universidade e consequente abertura de horizontes a todos os níveis, um nome e um programa tornaram-se todo um mundo de novas descobertas musicais: O “Som da Frente” e o seu mentor António Sérgio.
Coincidiu tudo com a transformação do punk (que nunca me disse nada e que aliás via como o principal responsável pelo ensombramento dos meus anteriores heróis progressivos) em new wave.
Dessa época relembro as tardes passadas fechadas no quarto, sem quaisquer obrigações, estudando e aguardando pelas 16 horas para escutar o programa religiosamente em silêncio absorvendo todos os sons emitidos pelo rádio. A voz rouca e mágica do apresentador, as músicas de nomes como Joy DivisionCure,FeeliesSisters of MercyREMU2Comsat AngelsAltered ImagesDead KenedysBow Wow WowPig BagYello Magic OrchestraGang Of Four,Echo & The BunnymenNew OrderThe TheTeardrop ExplodesSimple Minds (de então), SmithsJohn Cale, entre muitos outros.
Todos nós, nas fases da vida em que estamos mais susceptíveis à absorção de influências marcantes para o resto da nossos dias, apanhamos com alguma coisa. Eu apanhei com o “Som da Frente” pela frente. Ainda bem. É sobretudo devido a ele que ainda hoje adquiro carradas de música, sempre à procura, qual graal, da batida, da melodia, do efeito, do ruído, enfim... do som perfeito.
O sistema de armazenamento continuava artesanal, como anteriormente, em que as K7s de ferro desempenhavam o papel principal, não tendo sobrevivido nenhuma para contar como foi.
Para quem quiser apreciar os sons dessa época, a compilação, no formato de CD Duplo, “António Sérgio apresenta Som da Frente 1982-1986”, editada em 2002 é um bom ponto de partida, valendo também como recordação nostálgica para aqueles que, como eu, ouviram as músicas na altura da sua edição.
Era a altura dos “vanguardistas”, figuras vestidas preferencialmente de negro, com a imprescindível gabardina preta ou cinzenta sempre presente, deslizando subrepticiamente pelas ruas da cidade, num mimetismo importado da enevoada Londres.
Segundo me lembro, o programa manteve o formato 16h-18h na Rádio Comercial por vários anos. O António Sérgio esse não era um novato nestas andanças da rádio. Antes tinha realizado o famoso “Rotações” na Rádio Renascença, onde a inovação foi já nessa altura a palavra chave, passando música que mais nenhum programa da rádio portuguesa passava, designadamente o emergente punk. Seguiu-se o “Rolls Rock” já na Rádio Comercial, entre as 0H e as 2H da madrugada.
Depois do “Som da Frente”, o John Peel português seguiu o seu caminho e ainda hoje possui o seu programa “A Hora do Lobo” dedicado ao rock que se vai fazendo por estes dias.
Este seu humilde admirador alterou significativamente os seus gostos musicais, a sua vida pessoal também foi sempre mudando, como é natural, e o acompanhamento da carreira do mestre deixou de ser efectuada.
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Nem Praxe, Nem Fitas, a Universidade Pode Ser Uma Coisa Diferente

Paulo Somsen, Fred Somsen, Eugénio Teófilo – “ O Crepúsculo dos Deuses” – “DDD60M” – R.U.T.    +    Manuela Paraíso


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A ligação forte seguinte aconteceu com o advento das rádios piratas, na década de 80, sobretudo da RUT – Rádio Universidade Tejo. Sediada no edifício da Associação de Estudantes do Instituto Superior Técnico e herdeira do pioneirismo da secção Sonora que emitia internamente aquando da minha passagem por aquele estabelecimento de ensino, foi, do ponto de vista de influência pessoal, a estação mais importante de todos os tempos, tendo contribuído duma forma incomensurável para o gosto e formação musical que nunca mais esmoreceram. Nessa altura, a maior parte do tempo que passava em casa, estava a ouvir música (sobretudo, mas não só) na RUT. E digo ouvir mesmo, não apenas como música de fundo mas com uma atenção e concentração totais e prazer imenso.
Os programas excelentes sucediam-se em catadupa. A todas as horas passava música excelente, nova, original, que não conseguíamos ouvir em mais lado nenhum, a não ser, um pouco, no “Som da Frente”. Mas este ocupava apenas 2 horas diárias, enquanto na RUT havia uma continuidade difícil de acreditar. E não se pense que os programas eram todos iguais. Realmente nunca mais (a única comparação será a futura XFM, de que falarei adiante) houve uma tal concentração de programas tão originais, pessoais, diversos. Ainda por cima, feitos exclusivamente por amadores, ou quase.
Bom, querem nomes. Tenho imensa pena de não ter escrito este artigo há mais tempo. Os nomes que me lembro, obviamente porque me marcaram mais, são o“Crepúsculo dos Deuses” dos irmãos Paulo e Fred Somsen e ainda do hoje, segundo julgo saber, médico Eugénio Teófilo. A par do “Dois Pontos”, do “Som da Frente” este foi um dos 3 programas estruturantes da forma como hoje aprecio a arte musical, a nível ideológico, formal e de conteúdo.
Foi com este programa que descobri a cena industrial e os seus nomes mais importantes como Nurse With WoundCoilDeath In JuneEsplendor Geométrico,Cabaret VoltaireIn The NurseryWhitehouse e tantos outros, que passaram a fazer parte do meu dia a dia.
Lembro-me que o programa passava todas as noites, no horário nobre, e que nessa altura, obviamente não via muita televisão. A  minha memória relembra vários programas a abrir com o 3xLP dos Nurse With Wound – “Soliloquy For Lilith”, um disco composto por Steve Stapleton para a sua filha e que é formado por 6 partes completamente minimalistas com um “drone” lento e leve, mas obscuro, sobre o qual sobrevinham ao longo do tempo alguns esparsos efeitos eléctrónicos e pequenas variações, num estilo completamente contemplativo e hipnótico . Aquilo que muitos pode considerar “uma grande seca”, mas que, na altura, fazia as minhas delícias e que ainda hoje revisito amiúde.
Recordo ainda os programas especiais dedicados a editoras como “Cramned Discs”, “Some Bizarre”, “Play It Again Sam”, etc.
Infelizmente o movimento das rádios piratas foi abafado e a RUT desapareceu ao fim de uns poucos anos. Alguns dos seus elementos, como por exemplo os citados responsáveis pelo “Crepúsculo dos Deuses”, ainda realizaram outros programas noutras pequenas estações, como o saudoso “DDD60M”, na Rádio Mais ou naRádio Nova (só me lembro que ficava ali antes do Príncipe Real, do lado esquerdo de quem sobe) mas, neste momento, não tenho conhecimento que algum deles esteja no activo.
Foram eles que criaram depois, a partir de casa, a Ananana, loja de discos e editora hoje no Bairro Alto, herdeira do Monitor, iniciado aquando da actividade da RUT. Também penso que já não estão ligados a esta loja especializada em importações e edições musicais menos comerciais.
Mas a RUT não era só o “Crepúsculo...”. Aliás a grelha era completamente louca mas duma qualidade, energia e criatividade como nunca se alcançou em Portugal (lá perto apenas chegaria a XFM). A aposta forte era na música, em que se ouvia tudo o que era inovador no campo da música popular e onde não passava nada do que as outras 1358 estações passavam. A inteligência, espontaneidade e diversidade grassavam naquela estação universitária.
Durante este período de relevo da RUT nos meus hábitos radiofónicos, num jornal musical de relativamente curta duração (comparado com o Blitz), o LP, deliciava-me com as palylists de um programa conduzido por uma senhora (raro neste meio, ainda hoje) de seu nome Manuela Paraíso. O seu programa, de que não recordo o nome, ia para o ar na setubalense Rádio Azul que, infelizmente não conseguia captar. As Playlists semanais eram compostas por nomes como 93 Current 93Coil,Nurse With WoundDanielle Dax, WisebloodFoetus, o que me deixava sempre a salivar e com imensa pena de não poder ouvir o programa.
Entretanto ela saiu da estação e foi trabalhar para a Rádio Marginal, que eu conseguia apanhar. Embora nessa altura, por força da vida de estudante já ter terminado e assim as responsabilidades serem outras, não pudesse acompanhar a programação radiofónica como pretendia, lembro-me de ouvir algumas vezes o seu programa, sempre com música excelente. Ainda cheguei a gravar alguns programas em K7, que preservo. A propósito, vou agora ouvir algumas delas para rememorar alguns dos nomes e músicas aí presentes.
Desde essa altura, já lá vão mais de 10 anos, nunca mais ouvi falar da Manuela Paraíso. Alguém sabe se ainda continua ligada aos meandros radiofónicos?
(novo) 12-04-2006
Através de um reparo feito por um visitante desta página fui chamado à atenção para o imperdoável esquecimento da referência a um dos programas mais importantes e inovadores da rádio portuguesa, no ar na Rádio Comercial FM, se não estou em erro, entre meados da década de 80 e inícios da década de 90. Trata-se do programa "Musonautas" da autoria do músico das vanguardas da música electrónica improvisada e experimental, musicólogo e professor universitário, crítico e escritor, professor universitário, entre outras actividades. Falo, obviamente, de Jorge Lima Barreto.
E o que lembro agora sobre a audição assídua e sempre ansiosamente esperada do seu programa. Bom, recordo os longos (no bom sentido do termo) e completos intróitos à música que nos iria apresentar na sequência, verdadeiros enquadramentos históricos e teóricos sobre a música e os autores da música que emergiria no éter logo de seguida. mas estas introduções ainda tinham mais sal e pimenta pois o autor conseguia ainda encaixar, em pleno discurso erudito, diversos comentários políticos e sociais irónicos, ácidos e certeiros, para além de frequentes outras diatribes sobre a música comercial em geral e sobre a música e os músicos que vogavam pelo Portugal desse tempo. Consigo lembrar-me, por exemplo, de uma crítica em que "desancava" completamente os GNR, particularmente o músico daquela banda pop, Jorge Romão, ou antes uma crítica em que o músico era classificado de músico hiperactivo e hiperenergético, ou algo do género, em que Jorge Lima Barretoquestionava "o que é isso de um músico hiparactivo" eh, eh; isto a propósito, se bem me lembro, do lançamento de um álbum de Vitor Rua, como PSP, na altura das polémicas guerrilhas sobre a legitimidade do uso do nome GNR entre aquele músico e a banda de Rui Reininho.
Polémicas, bastas, à parte, recordo, quando o programa passou a ser transmitido em horário para guardas-nocturnos (madrugada), de, com enorme sacrifício (pois trabalhava e levantava-me muito cedo), esperar ansiosamente pelo programa. Muitas vezes acabava por perdê-lo porque entretanto me deixava dormir; outras vezes conseguia estar acordado na hora do seu início, o suficiente para colocar o gravador de K7s no REC e ouvir o programa, ou parte dele, no dia seguinte.
Era um programa de divulgação das músicas mais experimentais, avantgarde, e em que a música pop comercial não tinha qualquer hipótese de ser adimitida. Foi lá que consegui tomar conhecimento da existência e da beleza de movimentos como o minimalismo (música minimal repetitiva), a música improvisada, as franjas mais avançadas do jazz e ouvi, pela primeira vez músicos como Philip GlassWim Mertens (o "Maximizing The Audience", a sua obra-prima, em minha opinião, foi lá que contactei em priomeira mão), Glenn Branca, etc.
Lembro-me ainda, penso que após a partida dos Musonautas para outro planeta, de ouvir mais ou menos regularmente um outro programa similar, da autoria doRui Neves. Aqui a memória trai-me completamente e não consigo sequer recordar o noma do programa. Segundo informação de um visitante desta página, poderá tratar-se do "mesmo" Musonautas herdado de Jorge Lima Barreto ou realizado em regime de "conluio". Ou terá sido isso e depois terá havido também um outro programa? Bem, não consigo precisar, apelando à vossa prestimosa ajuda para esclarecer estes pontos nebulosos.
Muito agradeço se alguém conseguir completar esta informação, fornecendo mais elementos sobre esse programa (nome, horário, estação, anos em que foi transmitido, etc.) ou outros dados sobre o que (não) digo no parágrafo anterior.
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90’s – O CONTACTO MAIS SUPERFICIAL

XFM – Para Uma Imensa Minoria

XFM – José Carlos Tinoco – “Auto-Retrato Sobre Transístor Molhado” – Aníbal Cabrita – Ricardo Saló


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Seguidamente há um hiato da minha relação com a rádio portuguesa derivado e ter estado a trabalhar 2 anos e meio fora do país. Quando regressei, embora a vida já não permitisse um acompanhamento intensivo, entusiasmei-me ainda com o projecto da XFM, onde pontuavam nomes enormes da nossa rádio, como Aníbal CabritaAntónio Sérgio e Ricardo Saló, entre outros. Se a escuta foi esporádica e errante no que toca à maioria dos programas, pela sua regularidade semanal, a horas em que podia ouvir, e porque a música era muito do meu agrado, acompanhei sistematicamente o  programa “Auto Retrato Sobre Transístor Molhado” da autoria de José Carlos Tinoco. A programação consistia na evolução natural de programas como o “Crepúsculo dos Deuses”, acompanhando as novas edições dos músicos que cultivavam a música electrónica de cariz mais ambiental industrial e sombrio. O programa tinha o patrocínio da discoteca portuense “A Orelha de van Gogh”, especializada nessa área.
Passado pouco tempo, a XFM fechava as suas portas.
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 VOXX – ESPECIALISTAS EM KARATE COLOMBIANO

VOXX – Carlos Cardoso – Rui Vargas – Ricardo Saló – “Radar” – “Gerente Comercial” – “Casa, Bateria & Baixo” - “Galinhas no Horizonte” 


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Bom, nesta fase da minha vida ( e a curva, por enquanto, tem tido sempre o mesmo sentido) ouvia cada vez menos rádio.  O único projecto que, apesar de todos os altos e baixos que vem revelando já há alguns anos, depois do fecho da XFM, vale a pena manter debaixo de olho, é a Voxx. Nos seus tempos áureos, há cerca de 2 anos, chegou a contar no seu seio com a participação de Ricardo SalóRui VargasCarlos CardosoMiguel QuintãoSilvia Alves e outros, que asseguravam uma programação moderna e de grande qualidade.
Hoje a coisa está um bocado em piloto automático e, apesar de ainda por lá se ouvir música que não se ouve nas outras estações, é tudo um bocado anódino, sem, praticamente, programas de autor, limitando-se a passar música a metro (ainda que acima da média) durante a esmagadora parte do dia. Parece-me que o único programa que ainda vale a pena é o “Galinhas no Horizonte” do Ricardo Saló, uma sumidade em tudo o que diz respeito a música soul/dance/electrónica.
Da fase áurea da Voxx e porque o horário coincidia com o final da tarde, início da noite, altura para um pequeno período de relaxe após a chegada de um dia de trabalho, acompanhei com assiduidade e prazer enorme o programa “Radar” (18h-21h) , sobretudo quando a responsabilidade do mesmo esteve a cargo de Carlos Cardoso, um DJ que caracterizo como tendo um extremo bom gosto. Se para alguns a música de dança soa toda ao mesmo, a prova de como as coisas não são bem assim podia ser tirada ouvindo diariamente o programa Radar. É que embora eu próprio reconheça que, hoje em dia, com a avalancha de produtos musicais (“dançáveis”) que sai cá para fora, a  maioria deles de duvidosa qualidade, se corre o risco de nos perdermos nesse labirinto de edições e de as músicas poderem começar a parecer todas idênticas, anódinas, sintéticas e inócuas, o “Radar” era um programa que nos orientava nesta selva editorial, com uma selecção extremamente criteriosa e deliciosa.
Carlos Cardoso, fez também, por essa altura, durante um período considerável, o programa “Gerente Comercial” e a sua influência era por demais notória, perdendo o programa todo o seu fulgor sempre que era substituído, fruto da indecisão editorial, motivada pela falta de meios que sempre caracterizou a estação.
É ainda de salientar o programa “Casa, Bateria & Baixo” que veio ocupar o espaço do “Radar” e que, embora menos do meu gosto, especialmente devido à maior variedade de estilos apresentados, isto é, dentro do panorama das edições de música de dança, a selecção nunca foi tão criteriosa como a do programa seu precedente; manteve sempre uma bitola acima da média, contando com a responsabilidade, principalmente, de Rui Vargas.
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Planando Sobre o Rio Judeu

Rádio Baía – Desidério Murcho – “Opus Nigrum” – “Refúgio”

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Para terminar não queria deixar de falar numa rádio local aqui da zona do Seixal, ou antes de um ou dois programas (sobretudo um) que o seu proprietário sempre permitiu, apesar do notório deslocamento que manifestavam face à restante programação. Falo da Rádio Baía, onde recordo, há algum tempo já, a audição do programa “Refúgio” da autoria de Zé Moura (José António Moura), nome ligado à cena da RUT que descrevi acima (é bem possível que também tenha realizado algum ou alguns programas naquela estação – a memória atraiçoa-me). O programa, musical, passava essencialmente música dita electrónica, tipo mais industrial, entre outras vanguardas da música popular. Nomes como Front 242Front Line AssemblyCabaret VoltaireKlinikMemorandumMental Destruction, e outros menos conhecidos, eram presença assídua nas antenas daquela estação, por via do "Refúgio". O programa, ao que julgo saber teve uma passagem relativamente curta pela programação da estação.
Pelo contrário o “Opus Nigrum”, da autoria de Desidério Murcho manteve-se no ar durante cerca de 7 anos, numa regularidade  metronómica, todos as noites de sábado para domingo, das 0 às 2 horas da madrugada. Embora num registo mais especializado, o programa repetiu em certa medida o espírito do saudoso “Dois Pontos” no que toca à passagem frequente de discos completos, sem interrupções para publicidade ou de qualquer outra espécie. Conheço quem tenha aproveitado para fazer umas boas gravações.
A temática do programa era a música electrónica de pendor mais relaxante e ambientalista, mas sem nunca cair na xaroposa new age. Nomes como Kraftwerk,Klaus SchulzePete NamlookSTOARadio Massacre InternationalRed ShiftDweller of the Treshold, entre outros, marcavam regularmente presença.
O programa terminou a sua actividade há cerca de 2 anos, por força da ida do seu mentor para fora do país, para aí seguir uma carreira académica.
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 (a continuar e a completar, num processo iterativo e incremental)
NOTA FINAL
Estes apontamentos devem ser entendidas como um “work in progress”. Regurgitações de memória serão acrescentadas ao sabor da disponibilidade. Apela-se ainda à colaboração externa no sentido de corrigir imprecisões, clarificar ideias, acrescentar dados/informações, contraditar opiniões, e tudo o mais que vos ocorrer. Obrigado.

FEEDBACK__________________________________________________________________
1. Pedro Miguel Pereira - Almada - 02.04.2006
Caro Luís,
    Estive a ler atentamente as considerações sobre a rádio feita em Portugal desde finais de setenta e resolvi acrescentar duas ou três coisas que respeitam, principalmente, à segunda metade de oitenta e princípios da década seguinte.
    Antes, gostaria de dizer que me "formei", numa primeira fase, a ouvir o "Som da Frente" e depois, numa posterior, a acompanhar o tal boom das "estações piratas".
   Quanto ao histórico programa do António Sérgio, julgo que é justo afirmar que foi o mais influente entre todos aqueles que foram realizados no âmbito da música Pop, facto que se fundamenta em dois aspectos:
               - tinha dimensão nacional;
               - arriscava de forma invulgar: recordo de ouvir pela primeira o tema "To Drown a Rose" dos então obscuros Death in June numa das emissões do programa...à tarde, o que seria impensável nos dias tristonhos que vão correndo.
     No entanto, parece-me que as compilações que recordam o programa dão uma pálida imagem do que por lá se passou, ou seja, não revelam o tal factor risco, verdadeira alma do "Som da Frente".
     Quanto às ditas locais, destaco obviamente a aventura RUT, acrescentando ao "Crepúsculo dos Deuses" o sensacional "Estranhas Frequências" do malogrado jornalista Fernando Magalhães, que trabalhou no Blitz, no LP e, nos últimos anos, no Público. Foi publicado no Blitz um célebre balanço do melhor de oitenta pelo autor do programa que traduz bem a sua invulgaridade melómana, muitas vezes demonstrada com o seu entusiamo enquanto colaborador da loja Contraverso.
    Quanto à Manuela Paraíso, o seu programa na Rádio Azul chamava-se "O Fogo e o Gelo" e era um dos meus preferidos- a minha condição de almadense permitia-me ouvi-lo-, principalmente pela energia transbordante que a autora conseguia transmitir. Queria também dizer que as tais listas- interna e externa- eram publicadas no Blitz e não no jornal LP. Nos últimos tempos, a Manuela Paraíso trabalhava na Rádio Paris-Lisboa.
    No que respeita ao José António Moura, actualmente um dos responsáveis pela loja Flur e membro dos Major Eléctrico, queria recordar que ele começou na almadense Rádio Urbana (onde hoje se encontra um fast-food...) com o seu Refúgio, do qual recordo a estranha sensação de ouvir o "Planet Earth" dos Duran Duran quase emparelhado com os Coil. Depois, o Moura prosseguiu as suas ideias na RUT e no Seixal.
    Finalmente, uma palavra para outro histórico, Ricardo Saló. A emergência de novas tendências com origem na música negra permitiram-lhe uma visibilidade que não tinha tido durante o período de tom mais acinzentado que ocupou uma boa parte da década de oitenta. No príncipio de noventa, dois programas por si realizados na Antena 1 foram uma lufada de felicidade no éter nacional: "Em busca do acorde perdido" e "Janela Indiscreta". De certa maneira, a década de noventa pertenceu-lhe e ele moldou-a na rádio e no jornal Expresso.
   Um Abraço!!
   Pedro Miguel Pereira  
2. Domingos - Guimarães 05-03-2004
Viva Luis!
Olha tive a ler alguma coisa na tua página e, chamuo-me a atençao isto:
 "Os ecos mais distantes que ainda permanecem na minha memória relativamente à
paixão da rádio remontam a finais da década de 70 e ao programa "Dois Pontos".
Relembro perfeitamente a parte (variável) falada do indicativo que, sobre um
fundo musical, emergia, provocando uma expectativa enorme, a maioria das vezes
recompensada.
Era qualquer coisa como isto: "Dois Pontos hoje vamos ficar, nesta primeira
parte, com a audição integral do álbum dos Hawkwind - ..." , ou dos Wire, ou
de Jacques Higelin, ou de tantos outros, de que já não recordo, mas sempre na
linha da qualidade, pertinência e actualidade sugerida pelos nomes
mencionados."
Eu também ouvia este programa do Humberto Boto aliás cheguei a trocar
correspondencia com ele. Ele gostava era do Michael Rother. Mas passou também
o Romance 76 do Peter Baumann. O dos Wawkwind que to fazes referência
foi "Sonic Attack" este lembro-me eu muito bem.
É curioso não fazeres referência ao programa "Os Musonauatas" do J.L.Barreto e
Rui Neves, na Rádio Comercial. Penso que foi o programa que mais diversificou
nos estilos de música.
Saudações
Domingos
3. Anónimo - 30-01-2004 
Caro Luís
 Muitas das suas referências de Rádio e também gostos coincidem com os
meus.
Aqui ficam algumas notas Que podem ajudar a "enquadrar" alguns dos nomes
 referidos.
Humberto Boto depois do Dois Pontos realizou  " O Rock Pode Esperar".
Continua na RDP mas deixou os programas para se dedicar à Informática.
Aníbal Cabrita foi "animador" do CONTRAPONTO (RDP1 até 1978)realizado por
José Manuel Nunes.
 Depois esteve  ainda em 1978 e 1979 no FÓRUM de Jorge Lopes com o Humberto
 Boto.
 No mesmo período eram também os responsáveis de HORA DE PONTA ,isto
no Programa 4 da Rdp que deu origem á Rádio Comercial em 1980.
 De 1980 a 1983 Aníbal Cabrita foi co-realizador do CAFÉ CONCERTO (Rádio
Comercial) com Maria José Mauperrin.
 Em 83-84 ainda realizou na Comercial RIMAS e RUMOS da Música Portuguesa
com Eduardo Pais Mamede.
EM 84-85 Aníbal Cabrita realizou na Antena 1 NOITES DE LUAR . Na equipa
estava entre outros Ricardo Saló.
Em 86 voltou à Comercial para realizar GENÉRICO (onda média) e também MIL
UMA NOITES (fm).
Nos anos 90 passou pela VIGÉSIMA (onda média).
De 93 a 97 na XFM realizou CAFÉ VIRTUAL e HETEROFONIAS.
De 97 a 2000(?) na TSF realizou  ZONA RESERVADA  e também durante algum
tempo deste período ESTA INQUIETANTE ESTRANHEZA com Carlos Amaral Dias.
Actualmente continua na TSF como "animador de antena". Não é responsável
por qualquer programa.
Quanto à Manuela Paraíso suponho que continua na Paris Lisboa.
Um Abraço e boas audições




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