autor: Pascal Bussy
título: Kraftwerk - Man, Machine And Music
editora: SAF Publishing
nº de páginas: 224
isbn: 0-946719-70-5
data: 2005
ed. original: 1993 - reprinted 1997
second ed. - 2001
third ed. - 2005
sinopse:
Da mesma maneira que os Kraftwerk refinaram de forma contínua o seu som e o seu visual, Pascal Bussy adicionou à sua célebre biografia factos e situações ainda mais esclarecedoras e que tornam quase definitivo
o estudo aprofundado dos inventores da moderna música pop electrónica.
"Sem eles não teria havido hip-hop, nem House, nem Ambient music, nem Electro, e até Michael Jackson - com que liminarmente os Kraftwerk se recusaram a colaborar - soariam de forma diferente. Bussy explica
porque eles foram um dos poucos grupos que realmente mudaram a maneira como a música soa."
Q Magazine
"A biografia de Bussy, fresca e tendo em conta os aspectos de negócio inerentes, da mais improvável banda anti-rock da História, ronrona suavemente ao longo do livro como um dos mercenários de topo que Ralf
Hutter e Florian Schneider costumavam, coleccionar... Esta é uma leitura profunda e divertida feita com um grande nível de detalhe e muito útil para quem queira saber tudo sobre os Kraftwerk.
NME
O Autor:
Pascal Bussy vive em Paris com a sua mulher e dois filhos. É um jornalista musical, para além de autor do livro "The Can Book (SAF), assim como vários livros em francês acerca de John Coltrane, Charles Trenet, e dois ensaios acerca do vinho Sauternes.
A dada altura da sua vida foi líder de uma editora musical que editou discos dos Can, This Heat, Eyeless In Gaza, Albert Marcoeur e Lol Coxhill, entre outros.
Desde 1993 até 2004 criou e desenvolveu a divisão Warner Jazz da Warner Music France em Paris.
Introdução
Escrever um livro acerca dos Kraftwerk seria, obviamente, uma tarefa espinhosa. O grupo raramente dá entrevistas, e muito menos a falar do seu passado. O trabalho tinha de começar com uma folha de papel quase em branco - apoiado apenas pelo amor à sua música, uns poucos recortes de imprensa e um desejo de descobrir mais. Inspeccionando melhor, a maioria dos artigos cobria os mesmos aspectos, mas,
frequentemente, com grandes discrepâncias nos detalhes.
Para onde me voltar então? A caça tipo detective que se seguiu foi mais como tentar penetrar nos corredores de uma sociedade secreta ou numa intensivamente corporação de negócios privada do que investigar a história de um grupo de música pop. AO empreendimento tomou a natureza de uma investigação policial, cada nova pista dando um outro nome ou número de telefone. Um problema comum é que as pessoas estavam relutantes em falar sem antes obterem a aprovação do grupo.
Como quase sempre acontece quando algo está muito nublado em segredos e silêncio abundam os rumores, histórias e mitos, que tendem a multiplicar-se como um vírus.
Isso foi um problema inevitável quando lidamos com um grupo que escolheu fechar-se a si próprio em tal segredo, não falando nas complexas imagens.
Ao compilar este livro tentei arduamente evitar rumores e manter-me tão perto dos factos históricos quanto possível. Contudo, tive de basear certas assumpções em artigos sobre o grupo, que eles próprios podem
conter algumas imprecisões. Escusado será dizer que não me poupei a esforços para checar as fontes e verificar as histórias, mas inevitavelmente algumas mantiveram-se sem corroboração. Talvez agora, ao fim e ao cabo, pelo menos os vários factos e rumores acerca dos Kraftwerk fiquem colectados num único local.
Durante a escrita do livro, também rapidamente se tornou evidente que aqueles músicos que foram influenciados pelos Kraftwerk eram muito numerosos para sequer pensar em listá-los, quanto mais entrevistá-los.
Em face disso, concentrei-me apenas em entrevistar aqueles que realmente se encontraram com eles ou trabalharam com o grupo. Fora isso, a influência dos Krafwerk fala por si própria, em termos de contribuição incomensurável que deram para o desenvolvimento da música electrónica.
Antes da primeira edição deste livro ter sido publicada em 1993, ofereci-me para mostrar um esboço final do manuscrito a Ralf Hutter e a Florian Schneider com a ideia de que alguns erros factuais pudessem ser por
eles emendados.
Um pacote registado com o esboço final do livro foi enviado para o estúdio Kling Klang com uma nota a explicar que iríamos enviar o manuscrito para as impressoras do livro dentro de algumas poucas semanas.
Não obtive qualquer resposta, até que um dia recebi o pacote devolvido sem ter sequer sido aberto. Isto não era nada que não esperasse já. A banda raramente respondia a qualquer correspondência, por isso seria uma surpresa que a minha tivesse tratamento diferente.
Com o livro já nas livrarias, encontrava-me no meu apartamento em Paris, cerca das 11pm e a pensar em ir-me deitar. O telefone tocou. A voz do outro lado da linha anunciou que era Florian Schneider. As duas horas seguintes de conversa começaram de uma forma hostil. Falando de uma maneira muito formal e com sotaque francês, a sua primeira frase foi "O livro é uma merda" (O livro é uma merda). Fartou-se de dizer que o livro era uma fabricação.
Com uma banda tão secreta, é possível que eles vissem também o livro como uma intrusão pessoal. Eu tinha antecipado em muito este tipo de resposta mesmo tendo em conta que me desculpei respeitosamente, e
depois não inclui algumas das mais opinativas citações que me foram fornecidas sobre a banda. Tal como a maioria das pessoas eu falei deles de forma quase reverencial, meti algumas coisas dissentivas entre o coro de paladinos. Outros recusaram liminarmente falar comigo. Alguns com medo de melindrarem Ralf Hutter e Florian Schneider, mas outros claramente para evitar abrir feridas antigas. Para mim, o seu silêncio falou muito alto.
Em geral, considero que fui respeitoso para com Hutter e Schneider e o seu desejo obsessivo de privacidade e evitei incluir moradas ou localizações precisas. Contudo, decidi que os Kraftwerk são figuras públicas, e os seus fans merecem saber alguma coisa sobre as personalidades dos músicos por detrás da música. Por essa razão, eu sabia que a banda poderia desaprovar o meu livro, especialmente à luz da sua zanga com Krl Bartos e Wolfgang Flur. Na altura Flur declinou falar comigo com o argumento de que estava a preparar o seu próprio livro (que foi já publicado), mas Bartos, em particular, foi mais do que acessível.
Mais tarde, nessa noite, em Paris, contei a Schneider que fiz tudo ao meu alcance para confirmar os factos, tendo-lhe até enviado cópia do manuscrito, apenas para o receber depois totalmente intacto. Também lhe
expliquei que a intensidade do secretismmo que envolve a banda e as suas operações me dificultaram muito a tarefa. Lembrei-lhe que informei a banda quando os entrevistei em digressão que estava a pensar escrever o livro. A isso ele quase não reagiu na altura. Contudo, foi-se tornando claro para mim ao longo do processo das minhas entrevistas que eles tinham segundos pensamentos. As suas respostas tornaram-se cada vez mais monossilábicas e sem comprometimentos de qualquer espécie, em contraste com as vezes em que os entrevistei para várias revistas, quando os achei geniais e articulados (frequentemente em várias
línguas). Expliquei então a Florian que, como o livro já tinha saído, não havia nada que eu pudesse alterar quanto ao conteúdo. A chamada terminou connosco a continuarmos a repetir, cada um, os seus pontos de vista diferentes.
O livro foi publicado originalmente em Inglaterra (e depois reimpresso uma série de vezes), e traduzido em várias línguas.
Actualizei-o duas vezes desde 1993 - um período em que à primeira vista os dois membros originais pouco fizeram para sair do castelo dos Kraftwerk. Então, de repente o gigante adormecido voltou à vida com um
novo álbum e uma longa digressão mundial. Esta nova edição conta a história até ao final da actual digressão. Também tive oportunidade de afinar algumas coisas das edições anteriores.
Os Kraftwerk continuam a ser o enigma que tudo fazem para manter. As minhas tentativas para documentar a sua história não devem ser vistas como uma biografia oficial e autorizada, ou uma tentativa de rebentar a
sua bolha, mas talvez para acrescentar alguma vivacidade da minha parte. Eu, como muitos outros, acho mais engraçado jogar o seu próprio jogo. Mas se consegui tornar a sua música um pouco mais
compreensível, mesmo fazendo parecer os seus membros um pouco mais humanos no processo, então acho que obtive o que desejava.
Em última análise, documentando analiticamente a sua variada e elusiva carreira, espero ter posto muita gente em contacto com o mais fascinante, sedutor e influente grupo musical de todos os tempos.
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