1.3.17

Livros sobre música que vale a pena ler (e que eu tenho, lol) - Cromo #64: Luís Jerónimo e Tiago Carvalho (compilação) - "Escritos de Fernando Magalhães - Volume VII: 1999"


autor: Luís Jerónimo e Tiago Carvalho (compilação) - Prefácio: Paulo Somsen
título: Escritos de Fernando Magalhães - Volume VII: 1999
editora: Lulu Publishing
nº de páginas: 556
isbn: none
data: 2017




PREFÁCIO

(por PAULO SOMSEN)

Fernando Magalhães

Foi no dia 16 de março de 1981 que conheci o Magalhães.
Ambos de Lisboa, estávamos destacados em Santarém para dar início a uma pena de 18 meses, imposta pelo serviço militar obrigatório.
O Magalhães dormia no beliche em cima e eu por baixo. Durante as primeiras semanas de tropa tinha o hábito de nos embalar recitando partes muito extensas dos «Lusíadas».
Como o dia a dia era de duro, a solidariedade entre nós era enorme e todas as amizades, para a vida.
Já não me recordo a propósito de que assunto, mas um dia calhou falarmos sobre música e eu, claro está, expus todas as minhas credenciais.
Não sei se exagerei mas o que é facto é que o Magalhães ripostou com:
«Tu gostarias é de conhecer o meu irmão !!!»

Passado duas semanas trouxe-me, num caderno A5 uma listagem, escrita à mão, com todo o seu acervo, que eu devorei, invejei, fotocopiei, e só devolvi depois de muita pressão. Nunca tinha visto semelhante coleção e organização. Nem perdi tempo a contar quantos Lps ele teria nessa altura, mas eram muitos, bastantes, e com uma qualidade incomensurável. Naquela altura a música era para mim, a minha vida, e ele padecia do mesmo mal. Seria interessante e urgente um encontro.

Infelizmente não foi isso que sucedeu. Passaram-se alguns anos (talvez quatro ou cinco) e só soube dele quando estava na secção sonora do Instituto Superior Técnico e me apareceu o pela frente. Era o irmão de um ex-camarada meu da tropa que gostaria de falar comigo.
Tinha um projeto de programa para a RUT (rádio universidade tejo) e gostaria de me dar a conhecer. Nesse dia fiquei imensamente feliz.
Conhecia finalmente o Magalhães e sabia que nunca mais lhe iria perder o rasto.

Acho que o percurso do Fernando a partir desta altura se tornou muito mais visivel. Percebi que para além de escrever, trabalhar na rádio, interagir com músicos, com logistas (Roma, Bimotor, VGM, Contraverso), distribuidores (Megamúsica,...) e organizadores de eventos, continuava a coleccionar e a ouvir muito boa música. No jornal «Público», foi esta atitude (a partilha de conhecimento) que o tornou uma figura incontornável da cena musical da época. 

Hoje as palavras que se reúnem nesta coleção de textos, só demonstram isso. Ainda bem que, para além do Fernando, ainda há quem se preocupe em organizar este espólio de forma a garantir que muitos dos seus magnifícos textos continuem a viver e a ensinar algo sobre as palavras e a música.

Obrigado Fernando
Lx 30-01-2017




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