Monitor
Número Um - Junho 93 - 350$00
68 páginas
1000 exemplares
O Monitor foi uma revista que surgiu na sequência do Ibérico, aqui já retratado. Penso que teve dois números no formato deste, isto é, tipo revista, formato A5, com papel grosso e "muitas" páginas. Depois passou a outro formato, tipo livreto, papel fino. Segundo julgo saber saíram 50 e tal números, muitos dos quais tenho e que aqui postarei a seu tempo.
Para já fica o número um em que se dá especial ênfase à curiosidade do poeta Manuel de Freitas ter sido um dia crítico musical.
Editorial
Finalmente, depois de um processo de incubação de diversos e longos meses, eis que este primeiro exemplar surge pelos escaparates nacionais.
Optando por defender exclusivamente uma única causa - a promoção de algumas correntes sonoras colocadas mais à margem - os textos terão fundamentalmente um cariz mais informativo que opinativo.
Incursões por áreas experimentais, étnicas, electrónicas, e por quaisquer outras áreas não-rotuladas, servirão de linhas mestras na concepção deste periódico.
Não seremos independentes no sentido de nos colocarmos numa ilha deserta a olhar o mundo por um binóculo, mas sim no sentido precisamente inverso, ou seja, colocados no continente a observar, através das lentes, todas as ilhas em redor onde, quer por um motivo ou outro, haverá razões para divulgar as suas convicções.
As trancas das portas foram mais uma vez forçadas, esperemos que as correntes de ar proporcionem algumas melhorias no futuro.
Paulo Somsen
Colaboram neste número: Fred Somsen, João Correia, Jorge Saraiva, José António Moura, Luís Freixo, Manuel Freitas, Maurício, Miguel Santos, Miguel Somsen, Pedro Ivo Arriegas, Pedro Navalho, Pedro Santos, Rui Eduardo Paes e Tomás de Oliveira Marques.
Entrevista
Asmus Tietchens
«Velho... Como O Vinho Do Porto»
Três décadas a ditar os caminhos da modernidade, onde fazer música significa descobrir e procurar. Com 45 anos de idade, e mais de 25 a fazer música, Asmus Tietchens é, cada vez mais, um dos mais esclarecidos e radicais compositores do presente. Correntemente mal integrado, por jornalistas e interessados, em correntes de vanguarda diversas que não lhe dizem nada, Tietchens falou-nos em sua casa - um local onde embriões e caveiras humanas decoram as paredes e onde CDs de New Age são utilizados como base de copos. «Mais vale humilhá-los do que deitá-los fora», diz ele!
. Para início de conversa, dá-nos conta das tuas actividades do momento!
- Estou agora a trabalhar com Vidna Obmana, num projecto de intercâmbio. O Dirk enviou-me 60 minutos do seu material e eu estou agora a decompô-los e a deformá-los em estúdio, sem tocar nada de novo só por mim, apenas reiterando-o. Esse material irá ficar completamente modificado e restruturado. Será um novo tipo de música que não é minha nem dele.
. Mas como surgem todas essas pessoas com que tu normalmente colaboras e que muitas vezes nem conheces pessoalmente?
- Não é importante conhecê-las, só é importante conhecer a sua música! Quando eu colaboro com outras pessoas, preciso acima de tudo de gostar da sua música. Quando isso acontece, estou pronto a tentar trabalhar com elas!
. Quem toma então a iniciativa de trabalhar em conjunto?
- Depende. No caso de Vidna Obmana, por exemplo, fui eu que tomei a iniciativa, depois de ouvir os seus discos; no caso do CD «Five Manifestos», com PBK, a iniciativa foi do Philip. Não existe uma fórmula, apenas o interesse das pessoas!
. E consegues viver da tua música?
- Não, não é possível! Desde há três anos que trabalho na Escola Superior de Artes de Hamburgo. Sou professor de Instalações Sonoras e isso ajuda-me de forma muito importante.
. O que são concretamente essas instalações sonoras?
- São diferentes formas de usar o som juntamente com outras formas de expressão. É um trabalho extremamente interessante porque estou junto de estudantes muito empenhados e cheios de novas ideias, com os quais também acabo por aprender!
. Fala-me do Okko Bekker. Penso que ele tem um papel muito importante na tua música, não?
- O Okko é um amigo de longa data. Conheço-o há 30 anos! Ele é um músico profissional que trabalha para televisão e publicidade. É no seu estúdio que eu posso trabalhar e gravar a minha música.
. Foi ele que te impulsionou para a música ou isso aconteceu de forma simultânea entre ambos?
- Aconteceu em conjunto, sim. Mas o que é mais engraçado é que ele detesta lteralmente o tipo de música que eu faço. Pediu-me, como bons amigos, para fazer o meu trabalho à vontade, mas para nunca lho mostrar. Só colaborámos uma vez devido a um pedido.
. Como conseguiram então?
- Foi muito complicado, pois não nos conseguíamos ajudar mutuamente. Acabámos por fazê-lo numa base que não era a minha nem a dele, naquilo a que os alemães chamam de «serious new music», a música de âmbito mais académico. Foi, aliás, a primeira vez que retirei uma grande ajuda dos computadores, onde tudo foi gerado. Normalmente recuso-me a trabalhar com computadores!
. A tua música é afinal tecnológica, porque é concebida em estúdio, ou acústica, devido às tuas bases de partida?
- Eu classifico a minha música de acústica, mesmo que não o pareça. Para mim, já não se trata de utilizar instrumentos mas sim os sons. Não utilizo computadores e, desde há cerca de seis anos nem já sequer os sintetizadores. Os sons são hoje o único ponto de partida: sons captados ou sons produzidos acusticamente. É claro que o tratamento final acaba por ser digital, mas isso não invalida a base onde se geram os sons, que é sempre acústica. Utilizei sintetizadores consecutivamente durante vinte anos, agora já não os posso ver à frente!!
. O que é que mudou em 25 anos de música: as ideias, a tecnologia ou ambas?
- As minhas ideias básicas acerca da composição sonora pouco mudaram em todo este tempo e as mudanças na tecnologia nunca me forçaram a mudar as minhas ideias musicais. Nunca fui dominado pela tecnologia! Reconheço apenas uma evolução suave em todo o meu processo musical, no que diz respeito à concepção musical apenas.
. Consideras-te um experimentalista?
- Sim, de certa forma. Deixa-me dar-te esta imagem: Existe uma paisagem, de sons, onde se encontram uma série de pontos brancos que repreentam áreas ainda não descobertas de som... estruturas... E eu tento atingir, em cada peça que gravo, algum desses pontos. É sempre um pequeno paso à frente na direcção da descoberta. No entanto, espero nunca vir a descobrir toda a paisagem!
. Seria o fim!?
- Sim! Mas não temo que isso aconteça, pois já trabalho nisto há 25 anos e cada vez existem mais pontos brancos para mim. Neste sentido, sou um experimentalista, sim. Não de uma forma intelectual, porque componho mais com os meus sentidos do que com a cabeça.
. Mas como consegues atingir tão diferentes tipos de sonoridade? Por exemplo, «Marches Funébres» e «Geboren, Um Zu Dienen» (Born To Serve), dois dos teus melhores discos, estão em pólos sonoros completamente diferentes, não concordas?
- Antes de mais, devo dizer-te que: «Marche Funébres» devia ter sido uma piada, mas ninguém a entendeu! Ninguém se riu! Eu passo a explicar: Um dia, um tipo disse-me que eu não utilizava os computadores porque era demasiado estúpido para o fazer, ou então que tinha medo deles! Foi asim que surgiu a peça principal desse disco, toda feita a partir de elementos musicais artificiais, sem qualquer valor. Esse disco representa, para mim, uma simples banalidade!
. No entanto, pô-lo no mercado mostra, para mim, que existe uma faceta séria qualquer importante nesse disco, não?
- Bom, ele é composto por duas peças. Um dos lados, o mais electrónico minimal, é o elemento sério desta questão, feito com computadores e sintetizadores. O outro lado, o que soa a neo-clássico, é que é a anedota. Todos os sons dessa peça foram directamente retirados dos arquivos da Yamaha, sem que eu tivesse gerado o que quer que fosse.. «Marche Funébres» é o kitsch total; mas porque não fazer algo assim, um dia! É este o perigo do Kitsch, ser tão atractivo! É que toda a gente gostou imenso desse disco, apesar de ele não ter qualquer substância.
. Essas mudanças sonoras estão também relacionadas com as tuas mudanças constantes de editora, não?
- De certa forma. Eu faço tantos tipos de música e todas as editoras independentes têm sempre gostos tão específicos que não é possível manter a base.
. Porque pediste especificamente, no teu últimolançamento, que a editora Musica Maxima Magnetica utilizasse uma subdivisão editorial com outro nome?
- Para o meu gosto, acho que a MMM é uma má companhia discográfica, pois está repleta de discos muito maus, em minha opinião. Foi essa a razão de se ter criado a Syrenia para o lançamento de «Seuchengebiete 2».
. Porque não tens feito tu próprio o lançamento dos teus discos, uma vez que até já lançaste o LP de estreia do Miguel A. Ruiz, sob a designação editorial de Hamburguer Musikgesellschaft?
- Sim, mas conjuntamente com três amigos, além de que isso foi algo de especial. Esse selo planeia lançar apenas discos de pessoas que nunca o tenham conseguido e a música tem de agradar a nós os três. Foi assim que surgiu o LP «Encuentros en La Tercera Edad».
. Qual é a música que ouves em tua casa, já que é tão difícil de te agradar?
- Eu ouço música do mesmo género da que toco e faço-o por duas razões: Primeiro, pelo prazer claro, e depois porque quando ouço música, electrónica ou concreta, faço-o também para saber que já não devo fazer aquilo, pois já foi feito por outras pessoas! No entanto, não ouço muita música, para não perder o gosto de a fazer, mas, quando o faço, fico extremamente concentrado e penetro para dentro dela. Nuna a ouço só!!
. Para terminar, diz-nos como surgiu este teu recente contrato (o primeiro) com a editora Dark Vinyl?
- Tudo aconteceu porque eles se ofereceram para lançar qualquer que fosse a coisa que eu quisesse. Foi a primeira vez que tal aconteceu, para além de que disponho de liberdade total a todos os níveis - capas, etc., e, mais importante ainda, dinheiro em «advance»!! Mas exigi também a criação de uma sub-editora, pelas mesmas razões da Musica Maxima Magnetica.
. É, em suma, o contrato perfeito!?
- Completamente!
João Correia
Ain Soph - "Aurora" CD (Cthulhu - 1992)
"Bienvenuti Nell'a Italia Demockristiana" (in "Tutti a casa!").
Este disco poderá ser, naturalmente, uma séria desilusão para os mais incondicionais adeptos do som que lhes era próprio. Isto porque a atmosfera mística e pretensamente mágica que os Ain Soph sempre perfilharam está desta vez ausente. Difícil será dizer o que a substitui, neste registo híbrido e surprendente que "Aurora" é.
Em vez do hermetismo dos trabalhos iniciais, repletos de sugestões medievais, ou do conseguido exercício de melancolia que foi "Ain Soph" (recentemente (re)editado pela Staalplaat em formato CD), temos agora canções perfeitamente explícitas, avizinhando-se com frequência das sonoridades ditas "pop". A reacção primeira a este trabalho é de impasse, sem que a rejeição ou submissão ao que nos é proposto sejam juízo fácil. Mas sejamos precisos.
O piano e a guitarra acústica são os instrumentos dominantes em "Aurora", servindo de base às vocalizações (de crucifige?), ora amenas, ora enfurecidamente "pop", quase sempre encantatórias, apesar do péssimo francês em que se ouve cantar.
Tendo em conta não só o cansaço e aparente esgotamento do 'género' musical que se entende por alternativo (refiro-me mais precisamente à profusão exagerada de misticismos e ritualismos por-dá-cá-aquela-palha), como também a qualidade das canções apresentadas. "Aurora" é um disco que não deveria passar despercebido. Chegámos pois ao ponto em que estamos seduzidos pela tristeza de baladas como "Vent" e "Gliamanti Tristi", pelo ritmo tango (?!) de "Liberté ou Mort" e, muito em geral, pela versatilidade aqui demonstrada pelos Ain Soph.
Curiosa é ainda a miscelânia de referências, que vão desde uma audaciosa colagem de versos de Borges e Apollinaire (cantados nas respectivas línguas de origem) em "Le Départ", as influências políticas ambíguas, quando não contraditórias, passando por letras de uma futilidade quase provocante ("io e ce", sobretudo) e pela evocação do céptico e bêbado Omar Khayyan, em "Rubayyat".
Sou quase capaz de apostar que o comentário mais partilhado entre os que compraram este disco será "estes gajos passaram-se!". Não lhes levem a mal, e se puderem, entendam "Aurora" como um crepuscular festival da canção, indiferente a quaisquer preconceitos que eventualmente vos aflijam.
Manuel (de) Freitas
Death In June - "But What Ends When Symbols Shatter?" CD (NER - 1992)
Depois do longo silêncio que se seguiu a "The Wall of Sacrifice", confessada obra-prima e proposta de epílogo, os Death In June regressam afinal com o mesmo travo de mestria e despedida. De permeio, ficou a promessa de Douglas P. de extinguir o projecto, sem qualquer alusão ao que das cinzas poderia nascer. Mas verifica-se, agora, não se tratar ainda de cinzas mas sim de mais algumas canções de puro desencanto.
À semelhança de recentes trabalhos do seu antigo companheiro Tony Wakeford, mentor dos Sol Invictus, Douglas P. mostra-se neste disco renitente a experimentalismos e interessado tão-só em dar forma e expressão às suas letras, usando para isso canções, no mais convencional sentido da palavra. E, ao mesmo tempo, canções cuja intensidade, o acento tónico num desespero pessoal que reclama a sua dignidade, tornam inconfundíveis.
Dos assíduos "Comrades In Tragedy" que Douglas P. costumava recrutar, só vamos reencontrar David Tibet, encarregue das vocalizações de "Daedalus Rising" e "This Is Not Paradise". Ausentes estão pois os angélicos acompanhamentos vocais de Rose McDowall e a investidas sarcásticas de Boyd Rice, entre outros. Pode com isso denotar-se um empenho em Douglas P. (há já vários anos membro e titular único dos DIJ) em intensificar o que, com riscos de hipérbole e pirosice, chamaria a sua solidão criativa. Nisso seguirá taçvez o conselho de Genet, esse outro acólito da solidão procurada, que sempre influenciou a obra desta banda. E não é de todo improvável que a esse abandono voluntário se deva o intimismo maior deste trabalho, onde a preocupação lírica se sobrepõe à procura de novas sonoridades. De resto, "But What Ends..." poderá entender-se como a recusa do novo, um manifesto melancólico onde, do princípio ao fim, se ouve a mesma guitarra acústica que há muito conhecemos, acompanhada apenas pela percussão de James Mannox, sintetizadores e, uma ou outra vez, trompete. Canções como "Death Is The Martyr Of Beauty", "Hollow Of Devotion" e, sobretudo, "Little Black Angel" redimem inapelavelmente a ausência de novidade, consagrando-se por inteiro à causa nobre e desactualizada da beleza. De salientar ainda que estamos em presença de letras comparáveis ao que de melhor se tem feito em poesia inglesa.
Manuel (de) Freitas
Nurse With Wound - "Sugar Fish Drink" Cd e "Thunder Perfect Mind" CD (ambos United Dairies - 1992)
A mais inigualável demonstração de genialidade pode facilmente desembocar em tédios irresolúveis.Não endereço a Steven Stapleton esta constatação eventualmente discutível; temo antes que seja este o destino do homem que inventou os Nurse With Wound. Porquê? Sobretudo pelas decadências menores a que o género humano não sabe esquivar-se: envelhecimento, com todas as consequências e, não menos que isso, o abandono a qualquer alicerce minimamente válido, o repouso em qualquer certeza ou ponto de acção (no caso de Stapleton, a proximidade cada vez maior para as doutrinas orientais). Se refiro estes lugares comuns tão pouco musicais, é apenas pelo modo inequívoco como sempre se reflectem na obra musical de quem lhes sofre os danos.
Há não muitos anos Stapleton era, por excelência, um dos mestres da desconstrução sonora, plágio, blasfémia e aberração. Não é pouco, parece-me a mim, ter-se por justo direito a tutela do que de mais grotesco, inaudível, burlesco-asfixiante se fazia então. Como prova disso, tão perenes quanto insondáveis, tivemos "Homotopy To Marie", "Chance Meeting on a Dissecting Table of a Sewing Machine and an Umbrella", ou o inesquecível "Sylvie and Babs Hi-Fi Companion". Estes títulos poderiam sem prejuízo, e com a mínima variedade exigível, ser substituídos por outros. Era quando Stapleton se deixava roer pela impossibilidade de se restringir a qualquer teoria, filosofia ou critério musical definido ou definível. Merecendo um lugar de destaque na história da disformidade musical, quase todos os discos de NWW poderiam figurar como abjecções maiores de um processo único, fruto de muita (e boa) inspiração Dada (via Russolo / Schwitters, sobretudo). Para além da demência original, devidamente cultivada, do gestor de pesadelos em questão, bastou-lhe munir-se das boas ajudas de John Fothergill, David Tibet, Jim Thirwell (mais conhecido por Foetus), William Bennett (dos sórdidos Whitehouse) e outros que tais, então mais do que nunca dispostos ao desiqulíbrio estrutural (excepção feita a Foetus) e à incomodidade sonora. E o que é inegável, por essa altura, é que os registos dos NWW se apresentam como exemplares perfeitos dentro do seu género - ou, se preferirem, num subgénero até aí apenas aflorado. É isso que testemunha a "antologia" "Sugar Fish Drink", recentemente trazida à luz pela United Dairies. Espécie de "Best Of" impossível, este disco consegue, mesmo assim, obedecer a um excelente critério de selecção, não convidando para nele se incluir peças que só funcionam no todo da obra de que faziam parte ("Soliloquy For Lilith", "Sylvie And Babs" e "Spiral Insana", pelo menos). O início é-nos assegurado por "Cooloorta Moon", momento particularmente lúdico, com passagem imediata ao desvario de "Creakiness", e sem que "Swamp Rat" ou outras peças mais recentes, de parceria com Tony Wakeford, fiquem esquecidas. Um belo resumo, portanto, da insanidade enquanto emergência musical. Aos mais duvidosos, fica a advertência de Cage: "You don't need to call it music, if the term shocks you".
O mesmo se não pode amavelmente dizer da última gravação dos NWW, "Thunder Perfect Mind", "álbum-irmão" do disco do mesmo nome dos Current 93. Irmandade um pouco irritante, ainda que resultante das coincidências oníricas que vão entretendo Stapleton e Tibet, pois foi em sonhos que a ambos foi "revelado" o título que deviam ter os seus mais recentes álbuns.
Apesar de poucos serem os defeitos concretos a apontar a "Thunder", este surge como produto embotado de uma imaginação maior, que se limitou desta vez a assegurar o mínimo de qualidade e "exotismo" para salvaguardar de nódoa. Composto apenas por dois longos temas, mostra-se incapaz de dar resposta às expectativas de constante surpresa que nem "Soresucker" nem "A Sucked Orange" souberam defraudar. É um disco monótono, embora o não queira aparentar, um disco fraco sem conseguir ser um mau disco. Nem "Soliloquy For Lilith", um conjunto de três discos sendo cada lado um tema sem título, conseguiu ser enfadonho, de tal modo eram orgânicas a sua força e unidade. E, de resto, levar a "monotonia" a um limite tão extremo, vizinho do silêncio, talvez seja anulá-la, despoletando uma nova percepção. Infelizmente, "Thunder Perfect Mind" fica-se por uma sonoridade NWW, para todos os efeitos, só que domesticada, enfraquecida como se uma lavagem a sêco budista lhe tivesse cabido por sorte.
Manuel (de) Freitas
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