16.7.15

Memorabilia: Revistas / Magazines / Fanzines (103) - Monitor #39


Monitor
Nº 39

Ano IV
Novembro de 97
III série

24 páginas - p/b - A5 landscape, papel fino tipo jornal

Assinaturas - 12 números - 2000$00
Tiragem 500 exemplares


Editores
Rui Eduardo Paes
Paulo Somsen
Colaboradores neste número

Pedro Ivo Arriegas
Jorge Lima Barreto
Martin Davidson
Vasco Durão
Gonçalo Falcão
Pedro Santos
Jorge Saraiva

Roberto Musci, Giovanni Venosta & Massimo Mariani
«Loosing The Orthodox Path»
[CD Victo, 1997]




Para além dos inúmeros talentos da dupla Musci/Venosta, a gestão da sua carreira é verdadeiramente exemplar: este é apenas o seu quarto disco em quase 10 anos de carreira, desde que em 1988 «Water Messages On A Desert Sand» reconverteu certos conceitos contemporâneos de fazer música, numa revolução que a intensa divulgação dos samplers veio desenvolver. Cada novo disco faz-se esperar de tal forma, que o frenesim para a sua audição redobra, transformando cada minuto em algo de precioso. Sobretudo porque nunca se sabe quando é que eles vão voltar. «Loosing The Orthodox Path» apresenta duas surpresas: o duo abandona a Recommended e passa-se para a Victo e transforma-se num trio com a inclusão de Massimo Mariani, outro multi-instrumentista e que partilha as concepções metodológicas e estéticas dos restantes elementos. A matriz de composição não se alterou face às premsissas anteriores, com a justaposição frequentemente aleatória de samples de proveniência tão diversificada quanto inesperada, interligados com música composta pelo grupo. Como as possibilidades são infinitas, os resultados deste processo são também ilimitados, caprichando os compositores em soluções cada vez mais surpreendentes: samples «revertidos» de música instrumental da Idade Média cruzados com um «sample loop» de violoncelo de uma sonata de Britten, fragmentos de cantos de Tawian e guitarra eléctrica tratada e preparada, tudo isto só no primeiro tema; ou electric guitar treated through hard-disk recording misturada com samples de golfinhos, coros turcos sufi e percussão do Alto Egipto, para além de outros instrumentos aparentemente mais tradicionais.
Já uma vez escrevi que, neste projecto, mais do que os resultados obtidos, me fascina todo o processo de construção musical. Atrai-me particularmente a diversidade dos seus discos (este é seguramente o mais estranho e radical dos quatro) e a forma totalmente não ostensiva como os resultados são apresentados: é que este projecto tinha tudo para ser uma colecção de lugares-comuns, se fosse executado por músicos banais. Mas estamos em presença de compositores excepcionais, não acomodados e que arriscam tudo a todo o momento.
Como de costume, o resultado é assombroso.
[JS]





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