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Os melhores álbuns de sempre
09 de Setembro de 2005
09 de Setembro de 2005
[53] THE
JESUS AND MARY CHAIN
PSYCHOCANDY
O primeiro álbum dos Jesus And Mary Chain é uma ode pop
ruidosa e atitude marginal. Um modelo antigo que a banda soube reinventar até
parecer só seu.
TÍTULO
Psychocandy
ALINHAMENTO
Just Like Honey / The Living End / Taste The Floor / The Hardest Walk / Cut
Dead / In a Hole / Taste of Cindy / Some Candy Talking / Never Understand /
Inside Me / Sowing Seeds / My Little Underground / You Trip Me Up / Something’s
Wrong / It’s So Hard
ANO 1985
EDITORA
Wea Records
O grande feito dos Jesus and Mary Chain talvez tenha sido
o de conseguirem juntar três referências históricas de um modo que ultrapassa a
mera citação: Phil Spector, Beach Boys e Velvet Underground. Por isso mesmo,
Psychocandy, o álbum de estreia do grupo, não pode ser considerado outra coisa
que não uma experiência sónica nos limites do pop, que combina ensinamentos e
descobertas de algum modo já consideradas clássicas nos anos 80, mas ainda
assim com uma genuína atitude de descoberta e arrojo estético. Para lá das
roupas pretas, do cabelo espetado e da atitude displicente, os Jesus, (na
altura os irmãos Reid, Douglas Hart no baixo e Bobby Gillespie, hoje nos Primal
Scream, na bateria), foram um projecto de vanguarda que ousou fazer pop com
ruído, distorção e eco.
Com este disco, estabeleceram-se também como um novo
modelo da cena independente, voraz na sua assimilação de comportamentos, sons e
cortes de cabelo. A marca dos Jesus And Mary Chain foi tão forte, que a herança
de Psychocandy foi reclamada por grupos como My Bloody Valentine ou mesmo Sonic
Youth e manteve-se durante muito tempo como um estereótipo inabalável. Os Jesus
nunca esconderam a sua admiração por Phil Spector e a sua wall of sound
(técnica de gravação que resultava numa muralha de som, densa e quase táctil),
por isso, canções como Just Like Honey ou Some Candy Talking lembram a candura
ruidosa das Ronettes e das Shangri Las, enquanto The Living End soa como um
cruzamento entre a energia crua dos Stooges e o feedback implacável dos Velvet
Underground e The Hardest Walk só precisava de umas harmonias vocais mais doces
para ter a marca de Brian Wilson. Entre o niilismo ruidoso, a pop delicodoce, o
imaginário de jovens rebeldes feito de motas e cabedal e as canções de amor
desamparadas, Psychocandy é como um retrato dos eternos mitos da adolescência
urgente. Em 1985, quando foi editado, já os Jesus tinham conseguido alguma
atenção com os primeiros singles (Upside Down, Never Understand), mas este
disco foi como um clássico instantâneo que os colocou definitivamente no mapa
das bandas importantes. Nem mesmo o facto da sua originalidade ser um decalque
da de outros, foi obstáculo para o seu endeuzamento. Psychocandy acabou por ser
também responsável pelo reavivar da história e por uma reavaliação do passado
que permitiu aos grupos que inspiram os Jesus um novo e merecido folego de
notoriedade. Muita gente comprou White Light White Heat dos Velvet Underground
ou Pet Sounds dos Beach Boys, depois de ter lido algures que era daí que Psychocandy
vinha.
Parte da sua magia e importância reside aí. O resto é
pura inspiração pop.
Isilda Sanches
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