DN:música
Os melhores álbuns de sempre
09 de Dezembro de 2005
09 de Dezembro de 2005
[67] GENESIS
THE LAMB LIES DOWN ON BROADWAY
Em 1974, o quinteto essencial dos Genesis edita o seu último
disco. Uma ópera rock em 23 actos que entra para a história como obra-prima do
progtressivo e canto do cisne de uma das suas mais brilhantes bandas.
TÍTULO
The Lamb Lies Down On Broadway
ALINHAMENTO
Disco 1: The Lamb Lies Down On Broadway / Fly On A Windshield / Broadway Melody
Of 1974 / Cucko Cocoon / In The Cage / The Grand Parade Of Lifeless Packaging /
Back In N.Y.C. / Hairless Heart / Counting Out Time / Carpet Crawlers / The
Chamber Of 32 Doors / Disco 2: Lilywhite Lilith / The Waiting Room / Anyway /
Here Comes The Supernatural Anaesthetist / The Lamia / Silent Sorrow In Empty
Boats / The Colony Of Slippermen (The Arrival, A Visit To The Doctor, Raven) /
Ravine / The Light Dies Down On Broadway / Riding The Scree / In The Rapids /
It
PRODUÇÃO
Genesis
EDITORA
Atco
A história começa a 20 de Dezembro de 1970. Num anúncio
publicado na revista Melody Maker, lia-se: “Guitarrista / compositor imaginativo
procura projecto com músicos receptivos, determinado a ir além das formas
estagnadas da música actual. Steve 730 2445.” Peter Gabriel gostou do que leu e
convidou o anunciante para um ensaio. E assim ficava completo um dos quintetos
mais influentes da história do rock. Uma formação que apenas se manteve durante
56 meses, editou quatro álbuns de originais e um ao vivo, mas que ainda hoje
permanece objecto de um culto cerrado. Trinta anos depois, há 61 bandas de
tributo e imitação, com reconhecimento oficial dos Genesis originais, que
procuram reproduzir o som desses dias.
Há uma história colectiva que precede a entrada de Steve
Hackett em 1970 e uma outra, bem mais longa, sucede a saída de Peter Gabriel,
em Agosto de 1975. Mas foi à volta desses 1701 dias de glória que se construiu
o mito. Foram desse tempo quatro registos incontornáveis para a história do
rock: Nursery Crime (1971), Foxtrot (1972), Selling England By The Pound e
Genesis Live (1973, e o magnífico The Lamb Lies Down On Broadway (1974).
Primeiro álbum duplo no currículo da banda, The Lamb... é
a mais mítica das aventuras dos Genesis. Desde logo, por constituir o seu
trabalho de maior fôlego e complexidade: estamos perante uma ópera rock que em
23 actos – que somam noventa minutos – canta a história de Rael, um jovem
porto-riquenho que vagueia pelas ruas de Nova Iorque. Depois, também, porque a
digressão que o levou a palco criou um espectáculo com um grau de elaboração
cénica e teatral sem precedentes. Por fim, porque é o último acto criativo participado
por Peter Gabriel.
E a partida do escritor, cantor, actor e dramaturgo que
era Gabriel significou, para as mais cerradas fileiras da sua legião de
militantes, o fim da própria banda. Para esses, este álbum é simultaneamente
uma obra-prima do rock progressivo e um requiem pela banda que foi uma das suas
mais competentes e bem sucedidas representantes. Outros, pelo contrário,
acreditam que o génio ainda sobrevive, ainda que empalidecido, nos subsequentes
Trick Of The Tail (1976), Wind And Wuthering (1977), Duke (1980) e mesmo em
Abacab (1981), trabalhos que precederam o decisivo colapso pop. Certo é que
estamos perante um dos mais fabulosos exemplares do esforço que o rock fez para
atingir um patamar superior de elaboração conceptual, um notável exercício de
criatividade compositora e talento instrumental que, trinta anos volvidos,
permanece actual e surpreendente.
Nuno Galopim
Sem comentários:
Enviar um comentário