Music From The Empty Quarter
Nº 7 - Abril/Maio de 1993
£1.75
92 páginas A5 a p/b, sendo capa e contracapa em papel brilhante grosso
ISSN 0964-542X
Editor, Design & Layout - DEADHEAD
Executive Production - JULES
Colaboradores: Chris B., Turner Clawbone, John Everall, Bob Gourley, Stefan Jaworzyn, Robert H. King, Pete Morris, Baz Nicholls, Matthew F. Riley, Sikorsky XXIII, Toil, Veil.
Esta revista, mais do que fanzine devido ao seu cuidado acabamento gráfico, capa e contracapa em papel brilhante e elevado número de páginas, foi das mais influentes da altura no que toca ao acompanhamento da
música independente. Com um leque muito abrangente, mas mais centrada, sobretudo, na EBM, Darkfolk e Industrial, foi uma revista marcante da altura, pois permitia saber em primeira mão tudo o que se editava
naqueles géneros musicais por toda a Europa e mesmo fora dela. Para além disso servia também de suporte à sua própria distribuidora, o que me levou a gastar muitos escudos. Até um dia. Já lá vou...
O único "senão" a apontar é que sendo uma revista tão cuidada e extensa, cerca de 80% ou mais era preenchido por pequenas recensões críticas (lá está o efeito distribuidor...). Falalva-lhe, pois, mais artigos de
fundo, entrevistas, análises e críticas mais profundas a bandas e discos.
Por outro lado, foi a única companhia a quem comprei discos e com quem me chateei (e fiquei a arder, já agora...). Hoje em dia, desde os gigantes como a Amazon, até às editoras artesanais, que existem aos
milhares na plataforma bandcamp, por exemplo, todos me resolveram os problemas (e, geralmente, ainda com bónus "devido aos incómodos causados"), sempre que uma encomenda se perde / é devolvida, etc. Pois os fdp da The Music From The Empty Quarter, começaram a mandar vir comigo quando reclamei que uma encomenda que lhes tinha feito não havia chegado. Fartei-me de os chatear, durante quase um ano (na altura por carta), pois não desisto facilmente, mas fiquei mesmo a ver navios. Só me deu vontade de ir a Londres e esfregar-lhes com um pano molhado na cara... É escusado dizer que nunca mais lhes comprei nada. Fica aqui o desabafo, passados mais de 20 anos :-)
Este número, em concreto, nos tais 20% que faltam (ver acima) tem uma entrevista interessante e extensa com o jon wozencroft, patrão da Touch (ainda em actividade, penso), que era uma das editoras mais
arrojadas da altura no que respeira à música experimental / industrial / ambiental, casa dos Zoviet-France, The Hafler Trio, entre outros. Só não a transcrevo/traduzo porque são dez páginas, com letra pequena, o que me levaria um tempo imenso.
Fá-lo-ei, no entanto, caso haja alguém que mo peça directamete, a partir deste post, para o email habitual.
Para ilustrar o conteúdo deste número escolho então, para já, as recensões dos discos dos Death In June e dos Somewhere In Europe que sairam nessa altura.
Death In June - Paradise Falling / NER BADVCCD63 CDSingle
Não é, infelizmente, um CD de temas novos, mas versões diferentes de This Is Not The Paradise e Daedalus Falling, do seu recente álbum But, What Ends When The Symbols Shatter. Tal como nesse álbum, as faixas têm letras e vocalizações de David Tibet, e é principalmente a voz que se modifica nestas seis variantes. This Is Not Paradise é-nos oferecida como uma versão em Inglês, um instrumental e uma outra com a letra em Francês. Daedalus Rising recebe praticamente o meso tratamento: uma versão em Francês, uma versão bilingue e outra instrumental. As faixas instrumentais são suficientemente belas em si mesmas mas
falta-lhes a qualidade trágica que a voz de Tibet lhes empresta. Como corolário disto, as versões em fancês são talvez ainda mais extasiantes que os originais. A um nível superficial, estas são apenas canções belas
de guitarra dedilhada, sons ondulantes, vocalizações melancólicas. Mas deixem-se envolver na música e é possível que se percam na imagética sublime das letras. Eu espero que esta edição e o novo álbum sejam
sinónimo de uma actividade renovada dos Death In June, porque Paradise Falling não é menos que um encantamento para dias tristes, frágil mas todavia eterno.
(available from T.E.Q.) - eu não disse? -
Veil
Somewhere In Europe - Gestures / NER BADVCCD45 CD
SIE editaram finalmente um CD e já não era sem tempo. Mesmo tendo em atenção que se trata de uma compilação de gravações já editadas (todas menos uma fazem parte das suas 4 K7s), a claridade do CD
adiciona algo extra às 19 pérolas aqui contidas (ouçam só o claustrofóbico tema Butterfly In A Vice para confirmarem a diferença!). Nunca convencionais, eles criam música que que é inclassificável e provocante do ponto de vista intelectual - provando sem dúvida que os SIE não fazem parte da volátil resma de bandas pop mas que se encontram bem dentro da tradição avantgarde europeia. Sem surpresas Douglas P. dá uma
mãozinha, juntamente com a artista Gabrielle Quinn. Desde o asustador Never Go Back a um soar solene de T. S. Elliot sobre um loop de tape roubado, na faixa Night; Desde Black's Lodge, com o seu sintetizador
baixo insistentemente distorcido ao bizarro Everything Ends in Mystery, pela não familiaridade., há muito a explorar por estes lados. Mesmo que tenha as 4 K7s por eles já editadas, vale a pena comprar o CD devido ao enriquecimento do som e ao belíssimo tema novo To Cross The Bridge At Dusk, anteriormente apenas disponível numa compilação portuguesa. De facto, o único desapontamento aqui (e aqui limito-me a referir o que penso!) é a omissão da sua versão celestial de Blood Of Martyrs. Apesar disso, uma estranha e bela colecção e a primeira de várias edições planeadas para documentar o trabalho do grupo.
Veil
(available from T.E.Q.) - lá está!
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