30.9.20

Revista Bravo - Nº 13 - Fevereiro de 1988


Revista Bravo
Nº 13
Fevereiro de 1988
90$00
(Revista Musical)

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atenção: isto está muito mal escrito (literariamente), com muitas gralhas e erros ortográficos, etc., mas... foi mesmo assim!



1, NUM PAÍS SEM ATITUDE OS POP DELL’ARTE REMAM CONTRA A MARÉ

Sentimo-nos Um Pouco Desfasados, No Lugar E No Tempo

Passados que são dois meses após o lançamento do primeiro álbum dos Pop Dell’Arte, “Free Pop”, poucos têm sido os programas de rádio que lhe dão espaço nas suas emissões, apesar de se tratar de um trabalho mais do que interessante. Ele revela-se como um bom manifesto da chamada ‘pop alternativa’ e que, naturalmente, vai um pouco contra a maré dominante, de uma Mafalda Veiga ou da “casinha” dos Xutos & Pontapés.

E se em Portugal podemos estar sozinhos, a nível internacional isso não acontece, porque existe um movimento independente, crescente na Europa. E a “pop alternativa” também é algo que está a crescer em todo o lado, por isso, se nos colocarmos a um nível europeu não estamos nada isolados.

Apesar dos boicotes por parte de algumas estações de rádio como a RFM, João Peste, porta-voz dos Pop Dell’Arte, mostra-se optimista face ao futuro da “pop alternativa”, porque se trata de uma música vanguardista, que tem os seus códigos e linguagem que assumem formas inovadoras e, sobretudo, tem a capacidade de cativar as pessoas chegando ao maior número possível de ouvidos. Portanto, conjuga uma atitude de inovação com uma boa aceitação por parte das massas. É isso a que eu chamo a “pop alternativa”. Não é um estilo musical, é antes uma posição social da obra.

Silêncio Da Rádio Face Ao “Free Pop”

O controle que existe por parte das grandes editoras, em relação à rádio portuguesa, na opinião de João Peste, é uma das causas que justificam o silêncio de alguns programas face ao último trabalho dos POP DELL’ARTE.

Por outro lado, é um trabalho que vai de encontro à maré daquilo que está ser feito, na música portuguesa. E por isso, é natural que choque um pouco com um gosto estabelecido, com uma estética, com a própria ideologia dominante e mesmo com todo o jogo de interesses que existe. Por isso, não me surpreende muito que o disco não passe.

As pessoas que fazem rádio em Portugal, são muito conservadoras. Têm um gosto estabelecido, instituído e não querem sair dali. E por isso rejeitam tudo o que tem uma sonoridade diferente e, nem tentam compreender porque é que é diferente. Pensam que é diferente porque está mal feito. Têm certos chavões, certas ideias pré-concebidas e não avançam.

João Peste, em relação à rádio vai mais longe ao afirmar, não fizemos o disco para que ele não passasse na rádio. Antes pelo contrário, à partida até fizemos um single, mais comercial, para tentar cativar um pouco as atenções das pessoas que fazem rádio. De qualquer modo não iríamos deixar de fazer o disco que queríamos para que ele passasse mais vezes na rádio. Até pode ser que ele daqui a 10 anos vá passando pouco, mas vá passando. Se calhar se o disco passasse muito agora daqui a 10 anos ninguém se lembrava dele, porque eu acredito que, este disco, daqui a 10 anos ainda vai ser ouvido.

No fundo a questão é simples: queremos que aquilo chegue às pessoas. Agora não vamos deixar de fazer aquilo que queremos para chegar às pessoas. Vamos tentar ser fiéis ao que somos e tentar que aquilo que somos chegue às pessoas.



 “Não estamos interessados no passado”

 Os POP DELL’ARTE, afirmam que nada têm contra o facto de haver grupos que apostem num certo revivalismo… nós é que não estamos nisso. Não estamos nada interessados no passado, ainda que hajam coisas do passado que nós possamos absorver ou filtrar, mas fazemos a nossa música a pensar no futuro. Preocupamo-nos mais em saber que ela poderá ser ouvida amanhã do que em saber que ela poderá ser ouvida amanhã do que em saber que ela não é ouvida hoje. Por isso é natural que ela não seja ouvida hoje, porque a nossa preocupação à priori, é a de que ela possa ser ouvida amanhã. E se calhar, o facto de ela vir a ser ouvida amanhã, implica que ela hoje seja um tanto ou pouco incompreendida. Não vou dizer com isto que nós somos uma banda do futuro, e não uma banda do presente. Mas, às vezes sentimo-nos um pouco desfasados, no lugar e no tempo. Se calhar não deveríamos estar aqui e agora, mas noutro lugar e noutros tempos.

 Ideal De Unificação Europeia

 Mas na realidade, os POP DELL’ARTE, vivem agora e aqui… e o facto de estarmos aqui influencia-nos, para o bem e para o mal. De qualquer maneira, neste momento, temos uma concepção muito europeia e, acreditamos numa unificação europeia, que deverá começar por uma unificação cultural. Porque o mercado cultural paralelo, no qual nos enquadramos, pode ser um dos pontos de partida para essa unificação cultural.

Mas isso nada tem a ver com a atitude expansionista que Portugal teve noutros tempos?

Em primeiro lugar, importa referi que, neste momento, Portugal não tem atitude nenhuma! Depois, nós nada temos a ver com os “valores nacionais”. Não pensamos em termos de Portugal, pensamos em termos de Europa, como um todo e, é isso que nos interessa. Essa é a única forma da Europa se levantar um pouco do jugo do Imperialismo Cultural que se estabeleceu a partir da II Guerra Mundial, unificando-se e criando um bloco forte, em termos culturais, para poder reagir contra as potências que a dominam. Mais a mais, sabendo que muitas dessas potências tiveram um avanço cultural à custa dos nomes europeus que surgiram no campo cultural, como é o caso dos EUA.

 Não Fazem A Apologia Da Social-Democracia

 Isso não tem nada a ver com uma apologia da social-democracia, tem mais a ver com o facto de poder reagir ao mundo dominado por potências e, saber que, neste momento, os nacionalismos podem ser sinónimos de fraqueza. No fundo, a melhor maneira de manter as identidades nacionais, segundo esta ideia, seria através de uma transnacionalização. Como diria Catherine Evert, “é preciso pensar globalmente actuar localmente”. Seria, e está a ser, essa a forma dos movimentos independentes, que se têm vindo a formar na Europa – teatro, música e cinema – intervirem para a tal unificação.

Trabalhar com uma editora independente é mais fácil, sobretudo, para se atingir tais objectivos. Ao contrário, da ilusão que possa ser criada, as editoras multinacionais em vez de unirem os países, onde operam, desunem-nos porque acabam por dominar a sua cultura. Um bom exemplo disto é o que se passa nalgumas estações de rádio em Portugal.

 O Público dos Pop Dell’Arte

 Daí que se possa concluir que o nosso público, nada tem a ver com as pessoas que ouvem essas estações de rádio.

O nosso público não tem nada a ver com o público da Mafalda Veiga e dos Xutos & Pontapés, e por aí fora… esses públicos precisam de que o disco passe de 5 em 5 minutos, na rádio, para o poderem fixar. O nosso público é diferente. E neste contexto, poderemos afirmar, que a atitude de alguns radialistas prova que o nosso disco é bom… pelo não o misturam com as outras porcarias que costumam passar. Pode se rum pouco pretensioso dizer isto, mas é a conclusão que eu tiro.

Mas será que o trabalho dos POP DELL’ARTE, pontas de contacto com discos de outros grupos portugueses?

Se tivesse que se aproximar com algum disco que foi feito, em Portugal, o ano passado, aproximar-se-ia, quando muito, do disco dos Mler Ife Dada. Apear de eu achar que é muito diferente do nosso. Também se poderia aproximar, num certo sentido, ao “Independanza” dos GNR. Contudo, “Free Pop”, é um disco diferente desses dois. O tema “Juramento Sem Bandeira”, incluído no nosso álbum, que também se poderia chamar “Sem Fronteiras”, encerra por si só, as diferenças de que falo: o ideal de pensar globalmente e actuar localmente.

 Projecto De Vida

 Tendo em conta o trabalho dos Pop Dell’Arte e o seu ideal de unificação europeia, até que ponto se pode pensar que o grupo é um projecto de vida para os seus membros?

Os POP DELL’ARTE deveriam ser um projecto de vida para as pessoas que os formam, só que até ao momento não tem podido ser, porque não tem sido suficientemente rentável, para podermos viver da música. Contudo, isso não é uma preocupação porque nós somos todos relativamente novos (temos idades compreendidas entre os 20 e os 25 anos). Até ao momento, isso não tem sido um pesadelo.

O balanço feito pelo grupo, no final de um ano em que lançaram o single “Querelle” e o álbum “Free Pop”, é muito bom. A demonstrá-lo fica a afluência aos concertos, por parte de um público, cuja idade era inferior aos vinte anos. Não sei, se isso significa alguma coisa, mas acredito que sim, pelo menos, o pessoal mais novo, ainda não tem o gosto formado ou deformado por uma série de coisas. É muito mais acessível a formas novas e, portanto, aceita-as muito mais facilmente.

 

MAIS MÚSICA PARA ESTE MÊS

Dia 6 – Em Mirandela, os HERÓIS DO MAR e os DELFINS

Dia 16 – Em Santarém, SÉTIMA LEGIÃO

Na Marinha Grande, os POP DELL’ARTE

Dia 19 – Em Santarém, SÉTIMA LEGIÃO

No Porto, POP DELL’ARTE

 

EDIÇÕES AMAROMANTA

Durante o mês de Fevereiro, a editora AMAROMANTA, lançará no mercado português os seguintes trabalhos discográficos:

- Mini LP dos LINHA GERAL, intitulado “Linha Geral”

- LP do PROJECTO SOM POP (P.S.P.), de Vítor Rua, intitulado “Pipocas”

- LP de PASCAL COMELADE, intitulado “Bel-Canto”. Trata-se de um disco de música minimal-rítmica, da autoria de um francês, oriundo de Montpellier.

 

O FIM DOS MALUCOS DA PÁTRIA

Os MALUCOS DA PÁTRIA, responsáveis pela organização de concertos com AS JORNADAS DO IMPÉRIO e que representavam os HERÓIS DO MAR, DELFINS, RADAR KADAFI, AGORACOLORA, chegaram ao fim, como empresa. No entanto o Vítor Silva, associado a outras pessoas, promete continuar a fazer concertos.

 

GRUPOS MUDAM DE MÃOS

Finda a actividade dos MALUCOS DA PÁTRIA, os HERÓIS DO MAR e os DELFINS, passam a ser contratados através do telefone 66 47 99, que já servia para os POP DELL’ARTE e para os DIAS DA MADREDEUS. A nova casa destes grupos fica na Rua do Século, 156. No caso dos DELFINS, também podem ser contactados através do 268 35 02 do Tó Cunha.





2. Requiem Pelos Vivos

INFIDELIDADES MARÍTIMAS


Os vencedores do 4º Concurso de Música Moderna, do Rock Rendez-Vous, REQUIEM PELOS VIVOS, ao contrário do que chegaram a afirmar, vão continuar vivos enquanto grupo, não para fazer um percurso de estrada, mas, sobretudo, para continuar esta “brincadeira” que começou em 1986, a quando da sua formação, para participarem no 3º Concurso do Rock Rendez-Vous. Neste momento estamos preocupados com a gravação do Maxisingle – prémio atribuído ao grupo vencedor do Concurso, segundo declarou à Bravo Carlos Carvalho (baixo e voz), um estudante de Arquitectura no Porto. Quanto aos restantes elementos: Pedro Lameirinhas (bateria) estuda em Vila Nova de Foz Côa, e o terceiro elemento, João Daniel (guitarra), também estuda, engenharia electrónica, em Coimbra. Esta dispersão só permite que os REQUIEM PELOS VIVOS se juntem para ensaios nas férias. Mas se por um lado pode constituir um problema, por outro, tendo em conta os objectivos do grupo, são suficiente para o seu trabalho as reuniões temporárias. Nunca seremos um grupo que apenas vive para música, mas sim que vivemos com ela. Até porque, tal como acontece com quase todas as formações, cada um de nós tem os seus próprios gostos musicais. Não andaremos a esfolar quilómetros de estrada, tocaremos apenas quando nos apetecer e em “sítios-chave”, locais onde nos dê prazer mostrar a nossa música.


Som Para Os Vivos

Ao contrário do que foi escrito na BRAVO de Dezembro, os REQUIEM PELOS VIVOS não são de modo algum um grupo de baile ou com um som de feira. Tratou-se de um lamentável equívoco, rubricado por uma ex-colaboradora nossa e, sobre o qual emendamos a mão.

Numa primeira fase o nosso som era um pouco fúnebre, mas, neste momento, é mais adequado aos vivos. O que está morto já era, o que está vivo é celebrado por um “requiem”.

Carlos Carvalho na conversa com a BRAVO teve o cuidado de não enquadrar o grupo na imagem e semelhança do que é feito por outras formações. Também não arriscou nomes quanto à actual música moderna portuguesa, estão-se a fazer coisas mais inteligentes, que deixam transparecer uma maior e melhor “organização” da música moderna que se faz em Portugal.

A caminho da gravação do Maxisingle a que têm direito, como justo prémio pela sua vitória no 4º Concurso do Rock Rendez-Vous, os REQUIEM PELOS VIVOS mostram a mesma preocupação, gostavamos, e esperamos que assim aconteça, porque caso contrário não valeria a pena gravar, que possamos dispor de condições de gravação capazes de estabelecer uma coerência entre o que fazemos e o produto que irá ser posto à disposição do público. Não temos pressas, queremos fazer uma coisa bem cuidada e que tenha alguma viabilidade enquanto edição discográfica. Para infidelidades bastam as marítimas! (Título de um dos temas apresentados pelo grupo neste Concurso do Rock Rendez-Vous e que sinceramente esperemos que faça parte do Maxisingle, tal como a “Canção do Marinheiro”).



 

3. DURUTTI COLUMN

IN “VINY” VERITAS


De todos os músicos “de culto” que a música moderna impôs como referências predominantes e de “confiança ilimitada”, Vini Reilly terá sido aquele que mais vezes passou pelos portugueses – três - , estando em Vilar de Mouros em Agosto de 82, tocando na Aula Magna em Março de 83, fechando o seu ciclo de concertos em Julho de 84 na F.I.L…. Reilly veio invariavelmente para mostrar o seu projecto musical, em que tem conhecido companheiros ocasionais e variáveis, sem que os discos registados deixem de ser assinados por essa estranha entidade que é Durutti Column.

Foi também para “alimentar” Durutti Column, mas sem contar com a ajuda do baterista e percussionista Bruce Mitchell, que Vini Reilly se dispôs a inaugurar um novo capítulo na história discográfica nacional , até agora – e para mal de todos nós -, sem seguimento: veio a Paço d’Arcos e gravou um álbum para uma editora independente portuguesa de boa memória chamada Fundação Atlântica, “Amigos em Portugal” seria assim, “argumento” suficiente para que Durutti Column ocupasse um lugar especial entre nós. Mas nem esse nem os discos antecedentes (“The Return Of The Durutti Column”, “LC” e “Another Setting”) nem os que se lhe seguiram (como “Without Mercy” ou “Circuses and Bread”, por exemplo) mereceram a devida atenção dos portugueses.

Talvez por isso “The Guita rand Other Machines”, com que Vini / Durutti fechou o ano de 1987, seja – pelo menos para já – um exclusivo do mercado de importação. E, no entanto, quantos predicados e qualificativos podiam ser alinhados para este disco… Por exemplo, o facto que não dá direito a enganos de a produção ter sido entregue a Stephen Street, antigo “comandante sonoro” dos Smiths e, desde a dissolução do quarteto de Manchester, o mais chegado colaborador de Steven Morrissey, o antigo cantor e poeta da banda que deixou “Hand in Glove” e “There is a Light That Never Goes Out” como herança. Ou a presenças de músicos do circuito alternativo como Atanton Miranda e John Metcalfe, bem como do trompetista Tim Kellet, dos Simply Red, a ajudar Mitchell. Mais claro está que aquilo que separa “The Guita rand Other Machines” de todos os outros discos é a inesgotável capacidade de Reilly de escrever canções imediatamente reconhecíveis e invariavelmente surpreendentes.

Muito mais apoiado na sua guitarra cristalina e fluente do que em todas as “outras máquinas”, Vini/Durutti garante uma continuidade à altura a uma das obras que fica como sinal “contrário” nestes tempos em que se abusa da padronização sonora e da rítmica “a metro”. Nesse aspecto, podem estar descansados aqueles que seguem de perto a carreira de Durutti Column – o lema parece continuar a ser uma quase obsessiva procura da “verdade” das canções. E seria preciso conhecer a fraca figura, maníaca e permanentemente tensa, de Vini Reilly, para se perceber até que ponto se adequa aqui a palavra obsessão… Seja como for, a beleza e a perenidade das canções supera as expectativas – pode continuar a dizer-se “in Viny Veritas”…



4. ANO NOVO: 5º CONCURSO…

O REQUIEM PELOS VIVOS

No dia 19 de Dezembro do passado ano foi o fecho do 4º Concurso de Música Moderna do Rock Rendez-Vous / 1987.

Das 24 bandas, inicialmente concorrentes, ficaram apenas 3, que actuaram no dia 19, para vencer. Uma delas seria a escolhida, e o prémio era aliciante: a gravação de um disco para a etiqueta Dansa do Som, e cem mil escudos em dinheiro.

Os finalistas foram os MORITURI, os TRANZ IT e os REQUIEM PELOS VIVOS.


Não há dúvida de que, naquela noite, todos deram o seu melhor, ou não fosse a final. Dos mais relevantes, a voz de Isa, dos Morituri, parecia arrancada lá de dentro; o baterista dos Tranz It fez ali um trabalho de mãos que deu gosto ver; até os Requiem pelos Vivos deram o seu melhor.

Os MORITURI, de Lisboa, subiram ao palco com muita frescura, muita inspiração, grande presença de Isa, muito sentimento na sua voz; o público teve oportunidade de reouvir 4 dos temas do reportório do grupo: “Um Crime no Paraíso”, “Sonho Lento”, “Apátrida” e “Tédio”, esta com poema de Florbela Espanca.

Segunda banda a entrar em palco, os TRANZ IT. Vieram também com muita garra, com muita força e, não há dúvida de que deram o melhor de si, naquela sessão. Trouxeram os temas “Carne no Desejo da Carne”, “Chaminés da Siderurgia”, “Suor de Peito” e “Lucialima”.

A última banda do concurso foi a dos REQUIEM PELOS VIVOS. Mostraram com certeza o que eram capazes de fazer, e fizeram-no com muita vida, pouco incomodados com o favoritismo atribuído a outra formação. A banda tinha já estado no 3º Concurso, e, não contentes com a sua sorte, voltaram este ano. Tocaram os temas “Canção do Marinheiro”, “Desfolhada”, “Romaria” e “Caravelas Mutiladas”. A primeira canção, a “Canção do Marinheiro”, a banda dedicou-a “às raparigas que perdem os namorados no mar e aos rapazes que, ao morrer no mar, perdem as suas namoradas”.

Após a actuação das 3 bandas concorrentes foi a pausa… E, entretanto, actuaram os MELLERIL DE NEMBUTAL, vencedores do prémio de originalidade deste 4º Concurso. A banda é constituída por Hesskhé Yadalanah, no baixo, caixa chinesa, guitarra e voz, Itaperapetuxe, na bateria, percussões e ferros, Canto Silvestro, na voz e percussões, Canto Buendia, na guitarra, Camarada McGinty, nas percussões, xilofone, harmónico, ferros e voz, Justo Infantes, nos adufes, baixo e voz, Arcádio Maturina, na voz, percussões e maracas e, por fim, Céti Pápá, no violino e flauta. O grupo fez uma actuação que, entre outros, dedicou “ao Zé da Farmácia, que também queria um prémio, e ao Manuel Falcão e ao primo, que também trabalha na televisão”.


Depois da actuação dos Melleril de Nembutal, deram-se as pontuações, e ficou-se a saber quem ocupou que lugar.



Assim, no primeiro lugar ficaram os Requiem Pelos Vivos, com 171 pontos, o segundo lugar foi para os Morituri, com 137 pontos, e o terceiro lugar para os Tranz It, com 55 pontos. Todas as bandas receberam uma placa alusiva ao concurso; o grupo que ficou em 1º recebeu 100 contos em dinheiro e a gravação de um “single”, com três temas, para a etiqueta Dansa do Som, que será gravado dentro dos próximos três meses. O 2º lugar teve direito a 150 mil escudos em material para a banda e o 3º lugar, 100 mil escudos também em material. O grupo de originalidade recebeu um amplificador de som, no valor de 100 contos.

E pronto, assim terminou mais um concurso do Rock Rendez-Vous. Entretanto, é já este mês que se inicia o 5º Concurso, com as primeiras fases eliminatórias, das quais contamos ir dando, aqui, os pormenores. É assim, ano novo, novo concurso: o quinto.

Paula Ramos




CONSTITUIÇÃO DO JÚRI

O júri que acompanhou a última sessão do 4º Concurso de Música Moderna do Rock Rendez-Vous, foi constituído pelos seguintes elementos:

- João Botelho – Semanário “Êxito”

- João Gobern – Correio da Manhã Rádio

- Manuela Paraíso – Rádio Geste

- Pedro Duarte – RTP

- Pedro Luso – RFM

- Rui Monteiro – “A Capital”

- Sérgio Coimbra – “Blitz”

- António Pires – “Blitz”

- Rui Porteiro – RUT

 

7 ANOS DE ROCK E RENDEZ-VOUS

No passado dia 18 de Dezembro, o Rock Rendez-Vous comemorou o seu 7º aniversário… E a noite foi de festa. Eram 22 horas quando se abriram as portas, e, no palco desfilaram quatro das bandas mais actuais da música moderna Portuguesa;

Os CRITERIUM, uma das bandas preferidas pela crítica, no 4º Concurso de Música Moderna, e, segundo opinião do R.R.V., uma esperança para este ano.

LA VALISE, o pop simples e despretensioso de um dos grupos-revelação mais recente, que abandonaram o 4ºm C.M.M. para a gravação de um “single” na RM Discos.

POP DELL’ARTE, grupo vencedor do prémio de originalidade do 2º C.M.M.. O carácter vanguardista do som da banda e a recente publicação de um álbum foram razões fortes para o convite do R.R.V.;

Por fim, os SÉTIMA LEGIÃO, que, segundo o Rock Rendez-Vous, foram a banda revelação do 2º Concurso da casa. Eram então um quarteto algo hesitante. Cinco anos depois são um dos nomes mais importantes da nova música Portuguesa.

Foi assim que se comemorou o 7º aniversário desta Catedral do Rock Português. Reponsáveis por esta casa de espectáculos disseram que se “orgulham de 7 anos de apoio consecutivo e incondicional à música feita por Portugueses. Apresentaram mais de 1 000 espectáculos desde o dia da sua inauguração”.

Um folheto, distribuído pelso presentes, juntamente com o bilhete, no dia do aniversário, continha uma longa lista de nomes, dos grupos que já pisaram o palco do R.R.V.;

- As bandas Portuguesas eram 238 e estrangeiras 25; uma boa soma…

 

DANSA DO SOM NO ROCK RENDEZ-VOUS

Enquanto não chega o V Concurso de Música Moderna – primeira sessão com data marcada para a noite do próximo dia 20 – o ROCK RENDEZ-VOUS apresenta-nos, no dia 5, o grupo Graffiti, os Xeque Mate, dia 12, e os Morituri, dia 19. Depois do Coliseu, Anamar regressa à sala da Rua da Beneficência, no dia 26.

Entretanto a editora DANSA DO SOM, com sede na Av. Rossano Garcia, 39-A (próximo da Praça de Espanha), continua a oferecer a possibilidade de adquirir boas condições discográficas a preços mais acessíveis. Esta editora tem loja aberta no Rock Rendez-Vous. Na próxima edição começaremos a publicar a lista de importações das principais discotecas, que se dedicam a esta actividade.









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