Nº 0
Junho de 2002
Publicação Bimestral
Ficha Técnica
Principal Suspeita: Mary-John
Cúmplices: Kara Podre e Lia Gamma
Tiragem: 2500 exemplares
Distribuição: Gratuita
Origem: Algés
Número de Páginas: 28
Papel de luxo brilhante em toda a revista - capa a cores, restantes páginas a p/b
Yeah Yeah Yeahs
Bang!
Um trio de rock. Em três palavras será esta a definição para os Yeah Yeah Yeahs. Oriundos de Nova Iorque, e juntos desde o passado ano 2000, Karen O, Nick Zinner e Brian Chase decidiram unir esforços na salvação do rock 'n' roll, ou se quisermos de uma linhagem mais dura das reminiscências dos blues, o abrasivo garage rock. Terminada a digressão europeia feita ao lado de Jon Spencer e dos seus Blues Explosion, o triunvirato voltou à big apple para retocar os pormenores do seu álbum de estreia, ainda sem saída marcada para as lojas. E foi ao som de "Bang!", o tema mais rodado do seu auto-intitulado EP de estreia editado em 2001, que falámos com Nick Zinner, o homem da guitarra dos Yeahs. Os companheiros de missão não puderam comparecer à demanda, mas os esclarecimentos possíveis foram mesmo assim transmitidos.
A história dos Yeahs começa no verão de 2000, quando Nick e Karen se encontram pela primeira vez, tornando-se eventualmente inseparáveis. Começaram por escrever algumas composições tolas, antes de um amigo em comum abrir-lhes o caminho para actuarem como banda de suporte dos White Stripes; tudo o resto faz agora parte da história. Os guias na reencarnação de inspirações aparecem ligados aos Rolling Stones ou aos Stooges apenas por um reconhecimento de mérito ancestral, e quanto a descobertas actuais, estas passam pelos Lovelife de Baltimore, os Liars, os Flux Information Services, os Sssion, os Black Dice, os Soulwax, e por último pela memória hard rock dos Motley Crue. A escolha de Nova Iorque como o centro de operações necessário é revelado nas escassas palavras de Nick, que ainda assim abriu o peito e revelou que embora a capital do planeta seja bastante cara para se viver, a Europa está mais aberta ao "bom-bom-bom", daí a aposta clara em começar também por aí a investida. Partimos então à descoberta das sensações encontradas ao lado de Jon Spencer, durante a recente tournée europeia. As viagens com o criador de "Talk About The Blues" permitiram sentior o quanto a banda do ex-Pussy Galore é feita de "verdadeiros cavalheiros".
A euforia recente em volta do afamado rock revival e de bandas como os Strokes, foi depois um assunto incontornável. A legitimidade da questão aparece acoplada a opiniões recentes da crítica, que colocam os Yeahs perto da banda de Julian Casablancas, mas até junto dos Elastica, aqui talvez tão só devido à identificação da liderança comum nas vozes de Justin Frischmann e Karen O. A única verdade, segundo Nick, é tão só o entusiasmo escusado de uma imprensa ávida em vender mais números.
E se o rock e seus derivados não estivessem esgotados, certamente a resposta para algumas questões essenciais não seria encontrada nas mentes de uma geração consumida. "Apanhada entre uma e mil vozes", textualmente, segundo as palavras de Nick, que aproveita a deixa e nega a existência de uma ressalvada pós-modernidade, e expõe a total negação, confusão e crise de todo um mundo que não trabalha e está endividado, é tempo de tomar o que é nosso e fazer o que é nosso. Antes do fecho, ficou a promessa dos Yeahs em voltarem à Europa para a festa dos festivais de verão, assim como a certeza de um futuro universal entregue às pipocas e às soap operas.
Kara Podre
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