Musicalíssimo
Abril - 79
Preço 50$00
Nº 4
Director e Editor: Jacques C. Rodrigues
Chefe de Redacção: J. Afonso Costa
Corpo Redactorial: João Filipe Barbosa, João Pedro Araújo, Gonçalo Tello, Fernando Quinas, Carlos J. Gomes, J. Afonso Costa, José Pedro Reis
Fotógrafos: Jorge Jacinto
Publicidade: Mário Crisóstomo
Propriedade: Editorial Globo - Apartado 10 - Queluz
54 páginas A4 - papel de peso médio - páginas a cores e a p/b numa proporção de cerca de fifty-fifty.
Poster A3 (centrais), papel brilhante - Bob Dylan
LED-ZEPPELIN
THE SONG REMAINS THE SAME
Jimmy Page: 32 anos de idade, fundador dos Led Zeppelin juntamente com Peter Grant. Começou a tocar guitarra por volta do dez anos, recebendo as suas principais influências de Chuck Berry e de Elvis Presley. Originário de Feltham, uma vila perto do aeroporto de Heathrow, começou por tocar em pequenos grupos fazendo curtas digressões com os mesmos.
Mais tarde resolveu ingressar no Art College, continuando no entanto a tocar em pequenos clubes perto de Londres, nunca esmorecendo o seu interesse pela música. Por volta dos seus 20 anos, tornou-se músico de estúdio, gravando com alguns dos grupos mais importantes de então, como por exemplo: Kinks, Who, Them, Van Morrison e Joe Cocker. Em 1966 juntou-se aos legendários Yardbirds, primeiramente como baixo, passando posteriormente, após uma reestruturação da banda, a guitarrista principal de parceria com Jeff Beck. Após a saída deste, Page permaneceu no grupo, tentando levá-lo a novos êxitos, o que conseguiu.
Após a dissolução dos Yardbirds, resolveu formar o seu próprio grupo que viria a ser os "Led Zeppelin".
Robert Plant: As suas primeiras intenções eram de se tornar num contabilista, para o qual estudava na altura, embora a sua grande paixão tivesse sido desde sempre a música..
A par dos estudos, tocava habitualmente com pequenas bandas de Blues da sua terra natal, Birmingham, acabando por alcançar um sucesso bastante apreciável. Na altura começou a ser conhecido como "the wild man of blues from the black country".
Começando a ser reconhecido como uma voz de talento, decidiu tentar a sua chance em Londres, para onde se mudou e onde permaneceu até Jimmy Page o convidar para os Led Zeppelin.
John Paul Jones: Foi o pai de John Paul Jones, um ilustre pianista da famosa Ambrose Orchestra, que insistiu para John se dedicar ao estudo da música, começando este a estudar piano aos seis anos de idade.
Quando estava no Christ College, formou a sua primeira banda. Trabalhou também com os seus pais, em pequenas digressões, em trio, tocando baixo e o seu pai piano.
Em Londres, John Paul Jones começou a trabalhar como músico de estúdio, especialmente na parte dos arranjos musicais, contribuindo para a realização final do "THEIR SATANIC MAGESTIES REQUEST" dos Rolling Stones e para vários temas de Donovan e Dusty Springfield.
Jones teve a seu cargo os arranjos de temas de Donovan como "MELLOW YELLOW", "SUNSHINE SUPERMAN" ou "HURDY GUNDY MAN". Foi precisamente quando trabalhava este último que conheceu Jimmy Page. Sabendo mais tarde que este procurava elementos para formar uma nova banda, foi ter com ele oferecendo-lhe os seus préstimos.
Estes foram aceites, razão pela qual eles vêm mais tarde a tocar conjuntamente.
John Bonham: Nascido na zona de Birmingham, Inglaterra, John Bonahm nunca teve nenhum treino musical específico, tendo apenas tocado em pequenos clubes nos arredores da sua cidade natal. No entanto era uma pessoa extremamente impopular, porque, segundo diziam - tocava demasiadamente alto e fazia muito barulho. Os "Band of Joe" foi um dos agrupamentos onde tocou conjuntamente com Robert Plant que também fazia parte do conjunto. Na altura em que foi convidado a ingressar nos Led Zeppelin, Bonham estava a tocar com Tim Rose.
Os LED ZEPPELIN formaram-se em 1968, actuando inicialmente numa digressão por terras da Escandinávia sob a designação inicial de "New Yardbirds". Porém esta designação durou pouco tempo pois após a realização do primeiro álbum do grupo, que continha o célebre "Whole Lotta Love", mudaram o nome para aquele que mantêm há tantos anos - Led Zeppelin.
O primeiro grande impacto dos Zeppelin sucedeu nos Estados Unidos, onde alcançaram em pouco tempo um êxito estrondoso, tanto mais acontecimento se se disser e souber que isso era (e ainda é) raro em grupos oriundos do Continente europeu. A sua fama e popularidade foi de tal modo grande, que os Led ainda hoje dispõem de grande legião de admiradores nos territórios do Tio Sam, além de deterem o recorde de assistência em concertos ao vivo.
A seguir ao sucesso do seu primeiro longa-duração regressaram a Inglaterra para aí tratarem dum novo disco e encetarem uma enorme digressão composta de uma imensidade de shows, nos quais alcançaram estrondoso êxito muito semelhante ao anteriormente obtido nos Estados Unidos.
O segundo LP, gravado após o fim da digressão veio definitivamente confirmar as potencialidades evidenciadas no primeiro disco.
Ainda hoje estes discos são considerados muito justamente dois "clássicos" do rock e são considerados também pelos elementos do grupo, crítica especializada e fans, como as duas obras máximas dos Led Zeppelin. Dois trabalhos que são uma autêntica explosão de força e vitalidade num som único que era o prenúncio do que mais tarde iria ser o "hard rock" dos anos 70. Com estes dois trabalhos, os Zep criaram um som e um estilo ímpar, que desde logo foi seguido por outros agrupamentos de menor expressão. Porém, para além do som total em si o conjunto impressionava ainda pelo valor de cada um dos seus membros individualmente e em particular: - Robert Plant era um vocalista que só encontrava opositor à altura em Roger Daltrey dos The Who, em Van Morrison dos Them então desaparecidos e em Mick Jagger dos Rolling Stones; Jimmy Page era um guitarrista conceituado da élite britânica, possuidor duma imaginação criativa, fértil e dono duma técnica impecável; John Bonham era um baterista espectacular que rivalisava desde há muito tempo com o falecido Keith Moon dos Who e finalmente John Paul Jones era um baixista subtil e clarividente, imaginativo, dono duma dedilhação imparável e ao mesmo tempo um teclista de razoáveis recursos técnicos e sonoros!
Logicamente, que quando se reuniam quatro músicos deste calibre algo tinha necessariamente que se passar. Foi o que aconteceu: - hoje (e já mesmo nessa altura) os Led são um grupo de renome e um dos máximos do rock.
É todavia impossível não se referir, sob pena de se cometer uma grande injustiça, o quinto músico do agrupamento, o talentoso Peter Grant, manager do grupo desde o momento da sua formação, que ao longo dos anos tem conduzido os destinos do quarteto com enorme argúcia e inteligência e a quem se deve em parte a rápida ascenção dos Led até ao estrelato.
O terceiro álbum do grupo apresentava algumas radicais diferenças em relação aos trabalhos anteriores: - era mais elaborado, mais trabalhado em vários sentidos sonoros e vocais, mas por outro lado, perdendo ligeiramente a força e espontaneidade, factores principais e primordiais dos LP's até aí editados.
Com a publicação do quarto disco de longa duração os Led Zeppelin fecharam, passe a expressão, o primeiro ciclo da sua existência como grupo. Este último trabalho poderia sem receio ser considerado como o resumo dos anteriores e portanto o resumo dos primeiros anos de vida. Nele se encontram temas com a força e violência (no bom sentido entenda-se!) dos primeiros tempos e temas mais calmos e mais elaborados que reflectiam as mais recentes tendências do grupo.
"Houses Of The Holly" é o primeiro trabalho dos Led com título genérico. O Lp distanciava-se dos anteriores discos por tratar uma acentuada insistência no som acústico, num clima geral que poderíamos definir como possuidor dum romantismo rústico.
No mesmo ano da publicação deste álbum (1973) filmam "The Songs Remain The same", gravado e filmado no decorrer das suas actuações no Madison Square Garden.
Apesar de filmado em 1973 só passados três anos, portanto em 1976, a película ficou concluída para exibição pública pois Jimmy Page fez questão que tudo fosse visto e revisto, até os pormenores mais ínfimos, se encontrarem na perfeição, segundo a sua própria concepção, claro!
Assim, parece que em "The Songs Remains The Same", as sequências visuais, efeitos especiais, filmagens paralelas e outros pormenores se encontram perfeitamente sincronizados formando um todo harmonioso e susceptível de ser visto com prazer e agrado geral.
Dois anos após as filmagens citadas, portanto em 1975, sai o primeiro duplo-álbum dos Zeppelin que recebeu o título genérico de "Physical Grafitti". Este trabalho confirma suficientemente serem os Led Zeppelin o único grupo no seu estilo, vindos da década de sessenta, a manter uma carreira ascensional ao longo dos anos setenta. "Physical Grafitti" é acima de tudo uma obra que evidenciava um grupo cada vez mais eclético, recebendo inclusivamente influências orientais, mas mantendo no entanto toda uma personalidade vincada e muito própria.
"Presence" editado já em pleno 1976, foi definitivamente a maior surpresa do grupo desde a sua já longa existência. Quando começavam a correr rumores dum fim cada vez mais próximo e certo; quando estava em pleno apogeu a decadência inevitável (?) do grupo; quando os Rolling Stones começavam a ser perigosamente vistos como passado e os The Who pareciam definitivamente parados após o "desaire" que teve por título genérico "The Who By Numbers" a "velha" banda de Jimmy Page, John Bonham, John Paul Jones e Robert Plant, dá-nos um trabalho de inevitável força e pujança, num espectacular regresso às primeiras premissas do grupo, numa demonstração perfeita e cabal de que deles muito haveria ainda a esperar.
Já no ano de 1977 é estreado no estrangeiro o filme "The Song Remains The Same", publicando-se simultaneamente o duplo álbum contendo a banda sonora da película cinematográfica.
Trata-se de um trabalho de excelente capturação de toda a energia dos Zeppelin ao vivo, transmitindo-a até nós fidelissimamente.
Já em 1979, aguarda-se ansiosamente o fim da gravação do novo trabalho de longa duração dos Zep, que, muito nos enganamos ou irá surpreender tudo e todos.
Entretanto no nosso País prepara-se activamente a exibição cinematográfica do filme já que a banda sonora do mesmo foi já há tempos editada entre nós.
Led Zeppelin, uma das mais velhas bandas que o rock já conheceu. "The Song Remains The Same", o filme onde está patente toda a sua fabulosa energia, toda a sua fantástica imaginação criadora, toda a sua fabulosa música revitalisante, todo o explendor que tornou os Led ímpares na cena musical e no rock da última década.
Led Zeppelin e "The Song Remains The Same" uma dupla a não perder na exibição cinematográfica que agora vamos ter oportunidade de ver!
Ficha do Filme
Realização: Peter Clifton e Joe Massot
Produção: Peter Grant
Director de Fotografia: Ernie Day
Duração: 136,5 minutos
Artistas: John Paul Jones / Peter Grant / Jimmy Page / Richard Cole / Robert Plant / Derek Skilton / John Bonham / Colin Rigdon
Outro conteúdo interessante, eventualmente a divulgar posteriormente:
. Punk... Punk... Punk... íssimo - artigo de fundo por Mané T. M.
. Crítica - Discos
.. Yes - "Tormato", por JPA
.. Who - "Who Are You", por G.T.
.. Amon Duul II - Almost Alive, por JPA
.. Bob Seger - "Stranger In Town", por G.T.
Sem comentários:
Enviar um comentário