16.1.16

Memorabilia: Revistas / Magazines / Fanzines (153) - Option #25


Option
Music Alternatives

MAR/APR  1989  No. 25
$3.00

USA
140 páginas
interior - papel brilhante fino profusamente ilustrado com imagens e fotografias e com muitos textos de artigos de fundo, críticas, etc.
papel interior a p/b
capa e contracapa a cores.
Publisher And Executive Editor: Scott Becker





Tropeção no Êxtase Luminoso
Psychic TV & The Acid House Experience
by Neil Strauss



Os revolucionários frequentemente emergem da nobreza, clero, trabalhadores comuns, e artistas. Artistas têm sido considerados os pintores, os escritores, os criadores. Tradicionalmente, nenhum destes termos abarca o DJ, que trabalha com aquilo que já existe de forma a fornecê-lo às massas. Mas hoje em dia um DJ é quer um artista quer um revolucionário, enviando mensagens na forma de samples, misturas, e ácido, recriando o que que já foi criado, reenergizando a juventude sob uma bandeira psicadélica. "Uma vez, num clube de Brighton cheio com cerca de mil pessoas," relembra Genesis P-Orridge, "toda a gente dançou durante cinco horas de música ininterrupta. Então, de repente, o DJ, Danny Rampling, parou a música e passou 20 minutos de um discurso de Martin Luther King, sem qualquer música e toda a gente, cerca de 1000 pessoas, ficaram em silêncio durante esses 20 minutos a ouvi-lo atentamente. Depois do fim do discurso todos deram as mãos e aplaudiram."

A música House teve já uma longa viagem, começando em Chicago, no Warehouse Club, no seu lado Sul. O seu DJ, Frankie Knuckles misturou sons de comboios expresso de alta velocidade e animais da selva em implacáveis ritmos, forçando o público louco em montes de ecstasy à medida que ele ia remisturando ao vivo com caixas de ritmo e baterias electrónicas. Esta batida imparável, firmemente embebida em música africana e latina e também no disco dos anos setenta, acompanhado por sons simples encontrados em qualquer parte e vocalizações esparsas, foi rapidamente imitada e trazida para a Europa. O primeiro a fazê-lo foi o DJ londrino Mike Pickering que, com Simon Topping (ex-A Certain Ratio) e Richie Close, criaram os T-Coy, cujo "Carino" e "I Ain't Nightclubbing" são responsáveis pelo começo da house na Inglaterra.Pickering está agora no Hacienda Club, rodando vinis ácidos e gritando "Are you on one, matey?" para a juventude em êxtase completo, que ou estão a soprar bolas de sabão, refrescando-se na piscina ao ladfo da pista de dança, ou agitando os braços no ar, gritando "Aciiieed" acompanhados "It's a Trip" dos Children of The Night.
O fenómeno Acid House inglês é parcialmente devido a um erro por parte de Genesis P-Orridge, que com as suas Coum Transmissons, Throbbing Gristle, e agora Psychic TV, deu combustível à cultura underground e reacção política através da arte perfomativa, filosofia, e música. "Trouxemos uma carrada de discos de House para Inglaterra quando regressámos de Chicago," explica P-Orridge. "Eram realmente obscuros, de etiqueta branca, material de Chicago Acid Trax. Todos ficaram frenéticos com eles. Toda a gente disse 'Acid' sobre eles, e por isso nós pensámos que isso significava LSD, mas na realidade significava sampling. Nós não sabíamos disso; apenas pensámos 'ooh, LSD.'"
O termo impróprio resulta do calão de Chicago que significa roubar os sons de alguém, "acid burn". A Acid House inglesa resulta do casamento dos beats de Chicago (como aqueles de Phuture, Chip E., Tyree, e Adonis) com "o que fizemos por cima, todos os nossos bits idiossincráticos de programas de TV e tudo isso". Tecnicamente, a diferença entre acid house e house é a técnica de produção dos diferentes tons e frequências por modulação do grau de oscilação aplicado à sequência. Em termos plebeus, é uma batida hipnótica espaçada, a qual é, nas palavras de um dos loops de fita por Timothy Leary, dos Psychic TV, "concebido para produzir uma experiência psicadélica."
Genesis P-Orridge descreve a acid house como "a solução" para todas as experiências anteriores dos Psychic TV com a música de dança. "Nós estávamos habituados a falar acerca de como deveríamos fazer para encontrar discos de pista de dança que fossem realmente psicadélicos e também pudessem incorporar propaganda interessante. "Hits ácidos de verão como "Theme From S-Express" dos S-Express e "Beat Dis" dos Bomb The Bass parecem ter sido criados independentemente da política dos Psychic TV, masP-Orridge havia sido baby-sitter de Tim Simenon dos Bom The Bass quando ele tinha 15 anos, e Mark Moore dos S-Express tinha acompanhado as digressões dos Psychic TV quando era teenager. Enquanto isso na casa de house britância chamada Joy, dois DJs de um clube recentemente fechado pela polícia, The Trip, chegaram ao pé de P-Orridge e, levantando as suas T-shirts mostraram-lhe tatuagens com o símbolo da cruz dos Psychic. "Mesmo em Londres, "confidencia P-Orridge, "a a maioria dos media não perceberam quão perto do que nós tínhamos andado a fazer estava aquilo que estava a acontecer debaixo dos seus narizes na época."

Na Inglaterra, o acid house é um movimento unificador aceite por todos os adeptos da nova música. Mesmo o ícone da pop alternativa, Douglas Hart dos Jesus And Mary Chain compôs um êxito acid chamado "Speed Speed Ecstasy" sob o nome de Acid Angles, e os A Man Called Gerald (com Graham dos Biting Tongues) transformou o som do médio-oriente de Ofra Haza numa faixa de acid chamada "Voodoo Ray". O ex-Frankie Goes To Hollywood Paul Rutherford também editou singles acid house, perdoando a filosofia de livre-pensamento da cultura - a reacção contra a tendência da sociedade Britânica em forçar as pessoas a manter os seus sentimentos naturais dentro de si, enclausurada numa concha paranóica.
Agora, gigantes da música industrial começaram a contribuir para o género: Blixa Bargeld dos Einsturzende Neubauten forneceu entusiasticamente a sua voz em "Rock That" dos 2-Cult; o single dos Laibach, que foi capa recente da Rolling Stone, "Sympathy For The Devil" inclui duas versões ácidas imparáveis; e os Test Department editaram um single sob um psudónimo (e não é Acid Test). O single dos Residents "Kawliga" é um favorito nos clubes de house, assim como o looney toonesco "I Tawt I Taw a Puddy Cat" de Mel Blanc, e a faixa dos Diskonexion, "Make It Happen", que parece Kraftwerk on acid.
Acid está aberto a todos os músicos e devido a isso temos agora muitas pessoas a querer entrar para o comboio em andamento, mas o maior ímpeto deste movimento musical veio dos DJs de clubes. "Os DJs que fazem e editam discos estão aí para durar," prevê Tim Simenon. "Eles estão mais perto da pista de dança e vêem as reacções primeiro... Eu consigo dizer-te o que um disco vai ter sucesso ou não ouvindo os primeiros quatro segundos." Novos singles de música de dança editados por grandes nomes como Marc Almond, Mel & Kim, Camouflage, e outros caçadores de sucessos têm agora misturas acid feitas por DJs com vocalizações mínimas e o máximo de bips acid (reminiscências de um relógio despertador digital), modulação em frequência dos ritmos, e uma batida sólida entre 120 e 128 bpm - tudo providenciado pelo sintetizador de baixos standard, o Roland TB 303).
Com a tecnologia apropriada, fazer a música é relativamente simples; assim, pessoas sem qualquer background musical conseguiram produzir e editar faixas de dança. O cartoonista Brett Ewins (Just Dredd) editou um single, sob a capa de Mercy Giants, que incluía um livro de banda desenhada acid de 10 páginas. Os donos da loja The Big Jesus Trashcan, que vendiam roupas acid house e respectivos acessórios (incluindo crucifixos com smileys) até que a polícia os obrigou a verem-se livres do inventário acid, editaram o single "Prayer Tower, "o qual teve a participação da música de African Bhangra Punjabi, e cantos Gregorianos.
Os mais gozões dizem que "qualquer um pode pegar num sample e fazer uma faixa acid." Substitua a palavra sampler por guitarra, e perceberá o que eles queriam dizer acerca do punk rock há uma década atrás.
Todos os cavaleiros haviam saltado para o comboio da acid house. Até a indústria das drogas lucrou com isso. Baseado na popularidade do Ecstasy (banido de utilização psiquiátrica nos Estados Unidos apenas há quatro anos atrás), desenvolveram um híbrido de mescalina e anfetaminas, inteligentemente baptizado de "Fantasy". Os músicos que subiram na vida foram numerosos; felizmente, inúmeras compilações foram editadas de forma a pôr alguma ordem/organização nos excessos acid. A maioria do house inglês foi influenciado por Todd Terry, cujo "Black Riot" popularizou quer a progressão dos teclados inerente à maioria das canções house, quer a frase "Can you feel it," ecoou frequentemente entre os abençoados e suados dançadores.
Algumas das melhores, e mais originais, compilações de acid house são: North: The Sound of the Dance Underground (desconstruction/RCA), em que participam as bandas de Manchester T-Coy e Masters of Acid, assim como o projecto colateral dos A Certain Ratio, os ED209 (que foram convidados por John Peel para gravar no seu estúdio) e o seu trip-hit abrasivo-lento "Acid To Ecstasy." Também recomendáveis são os samplers Acid Trax, na Serious Records e a compilação In The Key of E (Urban), em que participam os Chicago Acid with Fingers, Inc. e os Bam Bam (que tiveram um hit arrasador com o projecto psych-pop The Shamen). Um dos melhores arquétipos, preenchido por canções pop e samples de filmes misturados com tecnologia Roland, é Out To Lunch With Ahead of Our Time, na editora Ahead of Our Time. Esta editora foi iniciada pelos Coldcut, cujo "Doctorin' the House", com a ex-modelo Yazz, trepou até aos topos das tabelas britânicas.

O género não está aberto apenas a músicos, DJs e hipsters, a todos é permitido participarem na experiência. A única razão para alguém não poder entrar na onda dos clubes de dança acid house é se estiver cheio; o úncio código de vestimenta é usar tão pouca roupa quanto possível, porque ficará a dançar e isso faz suar a sério. P-Orridge elabora, "Tu ias a todos esses clubes e havia toda aquela espécie de hooligans do futebol que seis meses antes nos teriam sovado apenas devido ao nosso aspecto, e todos eles vestiam agora calças às flores e fitas na cabeça e amavam badges e dançar uns com os outros, não beber cerveja de todo, nem tentar engatar as miúdas ou coisas do género. Havia montes de maneiras de desorientar as pessoas de modo a elas reavaliarem as coisas." Em muitas canções acid, há pelo menos meia dezena de fitas magnéticas a serem misturadas, enchendo o dançador com informação extra, criando uma espécie de "aceleração de experiências".
O Acid pode também ser um grande catalisador. "Podemos revirar tudo!" diz Mark Moore dos S-Express alegremente. Genesis P-Orridge concorda, terminando a sua segunda compilação Jack the Tab (Techno Acid Beat) com a conclusão de Margaret Tatcher numa mistura química experimental  ácida e alcalina mostrada a um grupo de crianças da escola: "Isso é que eu considero um teste real de acidez." Gozando hilariantemente com Tatcher através de cortes dos seus discursos abundam também em "Marvellous Person", single de Nick Sample and the Christmas Bunch.
"O que é maravilhoso acerca da samplagem," relata P-Orridge, "é que te faz olhar para tudo na forma de bits, mesmo uma palavra de cada vez. Pensas, 'Como posso eu rearranjar isto? O que acontece se eu juntar isto com aquilo?'" Toda a gente, de Cage a Stockhausen, até Burroughs, foram alvo de cortes das suas obras/vozes e foram colocadas juntas coisas que normalmente não resultariam bem misturadas. "Penso que a música Acid é exactamente o desenvolvimento lógico de todo o avantgarde. É a única maneira em que o vejo avançar," entusiasma-se P-Orridge.
A pseudo-compilação Jack The Tab juntou P-Orridge e os seus amigos a mostrar doze outras maneiras em que a a acid dance poderia avançar. Para além do acid house e das suas diversas possibilidades de sampling, os Zoskia (da editora Temple) faziam acid hip-hop há anos, e todas as formas de dance music têm ou podem ter remisturas acid. O Acid estende-se até para além da dance, incorporando verdadeiramente todos os outros géneros musicais. Os London's SLF dedicaram-se a ajudar o progresso do acid. "O Acid é uma forma de arte; deve ser explorada até ao infinito," insiste o seu líder, Keith Franklin que, com o resto dos SLF, se está a mover para o acid reggae. Giles Peterson criou uma editora chamada Acid Jazz, que incorporou o rapper beatnik Galliano e um único sample de velhos discos de jazz. Clubes como The Wag e o Dingwalls começaram com as suas noites acid jazz porque, como declara Gilles Peterson de forma simples, "As pessoas vão ficar rapidamente fartas e aborrecidas com o acid house." Genesis P-Orridge também compreendeu que o acid não está inextrincavelmente ligado ao house. "Se alguém me perguntar, 'Farias uma faixa acid com o Stranger in the Night do Frank Sinatra?,' eu diria, 'Sim, porque não?'... Se usas a palavra 'acid' como abordagem, podes fazer misturas acid de tudo. Acreditem ou não, fomos contactados pela Warner Brotheres que queriam saber se estávamos interessados em fazer uma remistura acid da banda sonora do filme Apocalypse Now."
o Acid e o Sampling deram acesso ao artista a todos os sons gravados. Pelo preço do aluguer de uma cassete vídeo, o artista acid pode utilizar sons em que os produtores do filme gastaram milhões de dólares a criar ou a gravar. Mesmo os próprios samples podem eles mesmos serem transformados em algo rítmico. "Assim ficas com a mão cheia desta explosão de possibilidades sem limites," refere P-Orridge, "Podes fazer fazer incríveis loops de baixo nível em fundo e realmente programar os ritmos de froma a obter efeitos físicos e mentais particulares". Todas aquelas coisas que nós falávamos desde que iniciámos os Throbbing Gristle. Nós estamos a comunicar com as pessoas para as alterar, para modificar o seu comportamento, as suas percepções, e basicamente para os tornarmos incapazes de se adaptar à sociedade normal. É esse o meu objectivo - sair e tentar apanhar o momento oportuno para desencorajar as pessoas a enquadrar-se nesta sociedade, para realmente tentar engendrar pregos quadrados."
A música acid paraece estar a fazer isso. As pessoas estão a entrar, sintonizar, e a sair da casdca como o fizeram nos anos sessenta. Hordas de pessoas jovens viajam por toda a Inglaterra, incluindo as zonas rurais, vestindo badges winkie e T-Shirts com smileys. A cara amarela sorridente que foi um cliché na América, tal como o "Have a nice day"," nunca ficou kitsch deste lado do Atlântico. O smiley invadiu a Inglaterra há um ano com o livro de banda desenhada Watchmen, depois os Bomb The Bass adaptaram o sangrento smiley como capa para o seu single "Beat Dis"; Afinal foi agrrado. "Quando toda a gente começa a vestir smileys, o que isso significa é que estão dentro da onda Acid House e a tomar ecstasy."


A Ecstasy está para os naos oitenta o que o ácido foi para os sessentas. A experiência sintética do clube de acid house, com o seu nevoeiro agradavelmente odoroso, luzes psicadélicas, recria uma espécie de viagem ácida, sobrecarregando os sentidos com informação.
Entretanto a juventude beatífica, entranhada no ecstasy, dança trance com consciência de si pr+oprios como parte da mesma energia que tinha criado tudo o resto. Genesis P-Orridge vê isso como um sentimento de amor e unificação que está a ser criado de modo a que "quando eu luto nas trincheiras, eu não tenho de me preocupar com as pessoas atrás de mim." O papel que as drogas psicadélicas desempenham no acid house é que elas são um método artifical (e não essencial) de transporte para um intelecto mais elevado que caminha para o retorno à unificação com todas as coisas. Não admira que a imprensa inglesa continue a bramar, "É de novo o verão do amor."
Tal como a música psicadélica dos anos sessenta foi baseada na experimentação com a nova tecnologia da altura, assim acontece também com a música acid dos finais dos anos oitenta, mas em vez dos wah-wahs, mellotrons, e efeitos de eco, temos samplers digitais e o Roland TB 303. Foram ainda adicionadas à luz de strobe original das discotecas, máquinas de fumos e shows de iluminação cor-de-rosa de alta tecnologia. Tal como os Doors citavam Blake e os Jefferson Airplane canatavam linhas de Joyce, as citações dos samples acid são de garndes (e menores) pensadores da nossa geração.
O sinal de paz CND que foi popularizado nos anos sessenta foi revivalizado pela dança acid, apenas que desta vez de cabeça para oar. Muito do simbolismo da acid house envolve a reversão de coisas; por exemplo, as pessoas que acompanham a moda acid tem agora smileys virados ao contrário ou Union Jacks invertidas nas suas T-Shirts. Mas a coisa engraçada acerca do sinal de paz, nota P-Orridge, é que quando o viras ao contrário "obténs a runa da Protecção. Assim eles enganaram-se nos anos sessenta e durante as duas últimas décadas, toda a gente desfilava sob o símbolo errado." A Union Jack também é um símbolo apropriado para a dança house porque a música punk e mod também usou a Union Jack, e todos estes três géneros musicais estão paradoxalmente ligados na medida em que foram todos adaptados dos Estados Unidos por bandas inglesas que lhe deram a volta e venderam essa música de volta nos Estados Unidos, como importações, espoletando uma invasão britânica por tropas armadas com música Americana.
Os símbolos são uma coisa tribal, e a indústria de fardamento esfomeada de dinheiro tem uma maneira de fazer símbolos tribais a uma alta taxa de renovação. A música acid também tem a ver com o retorno a estados tribais e ritualísticos, de celebração extática, particularmente nos clubes de dança acid trance, o que é o exacto contraponto às danças induzidas pelas drogas nas experiências místicas das tribos índias, Dervish e Africanas. "É música voodoo de dança acid porque estanmos a usar todo aquele ritmo extático voodoo também, atravessando simplesmente aquele filtro da ideia de Chicago, da ideia de DJ," diz P-Orridge. Muita da dança acid envolve hipnotismo, ritual Árabe, Bhangra, e música aborígene sequenciada a 125 bpm, produzindo, nas palavras de Genesis P-Orridge, "uma música trance, onde as pessoas se abanam e giram até atingir um estado de hiperventilação e experiência psicadélica de ondas-alfa... Podes pôr toda essa invocação extática na música contemporânea e pessoas que nunca ouviram a versão tribal original fazem isso. Ficam completamente fora de si, em estados alterados que se sentem abençoados apenas através desse excesso primitivo e físico. Assim temos toda esta energização pagã que apareceu e caminha como resultado desta dança de formas livres até este shamanismo high-tech."
Apesar disso, a imprensa musical britânica da moda está já a prever a queda da Acid House. O que as revistas inglesas não compreendem é que, como Genesis P-Orridge diz, "mesmo que a dança acid moresse agora, já é muito tarde, porque as ondas ainda caminham à volta do planeta e vêm de novo. Assim, ainda haverá pessoas como tu, a fazer a tua versão que será muito diferente da nossa versão do que se passou em Chicago. "Quando uma música estagna e não consegue mudar, tradicionalmente, ela morreu, mas o acid pode desenvolver-se tão rapidamente como se dão as mudanças na música.

Infelizmente, uma chave foi atirada aos trabalhos. Devido à exposição dos tablóides à ligação com as drogas, tem havido um grande bruá contra o "acid devil" no Reino Unido. As festas de garagen acid foram banidas e as lojas de aluguer de equipamento stereo ficaram sujeitas a multas por emprestar equipamento a organizadores de festas de garagem acid. As festas foram fiscalizadas por centenas de polícias de cassetete em punho com cães farejadores de drogas, e os clubes ficaram cheios de polícias à paisana usando T-Shirts com smileys em vez dos seus crachás. Muitos clubes tiveram de começar a fiscalizar as entradas à procura de drogas e a recusar a entrada a miúdos com t-shirts com smileys. Retalhistas, que anteriormente não estavam a par do significado do smiley retiraram as t-shirts das suas prateleiras, e aqueles que não estavam devidamente licenciados tiveram de se ver livres dos acessórios acid. Sinais onde se podia ler "Acid-Free Zone" foram colocados um pouco por todas as ruas da cidade e dentro das salas de concertos. Bandas como os D-Mob, contudo, recusaram-se a ver a música purgada, e assim criaram uma faixa acid house anti-drogas, chamada "We call It Ac-ieed"." No entretanto, o hino anti-Conservadores "It's A Party", dos Children of Night, foi retirado das prateleiras das discotecas.
Ainda assim a cultura ainda prospera; a atenção negativa tornou-a mais forte, mas mais discreta. Metade dos DJs continuaram a tradição underground, enquanto os outros baptizaram a chegada do New Beat e do Deep House. Ambos os géneros são versões mais moderadas do Acid House. O Deep House tem as suas raízes na soul dos finais dos anos 60 / inícios dos 70; é um híbrido R&B/gospel com uma batida pesada cuja força motora é o homem de Chicago, Marshall Jefferson (para saborear um pouco ouçam a compilação Sound of Deepest New York, da Republic Records). A New Beat é uma espécie de groove belga, lenta, tecnológica, desumanizada, sem alma e impessoal, mas ainda assim preenchida com samples e batidas acid (para uma amostra, ouçam a compilação New Beat Take One, da Subway). A música House é agora cautelosamente chamada de Garage, designação proveniente das explorações de Frankie Knuckle no New York's Paradise Garage.
Assim o acid está na New Beat e na Garage Music. Mas o rótulo não é o mais importante. Os símbolos da música house, como os smileys, alusões lisérgicas, e badges winkie, são dispensáveis; a imprensa, os donos dos clubes e os fabricantes de roupas encontraram novos nomes e símbolos para elevar os seus derivativos acid.
Como disse um músico que prefere manter o anonimato, "Ninguém quer dizer que é acid... mas são." Tem de ser compreendido que uma forma musical foi criada e que se baseia somente nos arranjos/tratamento do som. A música house de Chicago foi apenas o catalisador. Ela durará, misturando as suas energias com outras formas musicais. De modo a preparar-se para isso, o DJ Doctor Megatrip avisa "a nova degeneração dos Estados Alterados da América" para "acabar com o teu voodoo e com a tua dança e música acid, mas não não dances porque é apenas divertido. Dança nas trincheiras e esquece as autoridades."





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